Trilhos de pegadas de aves fossilizados de há cerca de 187 e 43 mil anos foram encontrados na costa sudoeste de Portugal, entre Odemira e Vila do Bispo, anunciou esta terça-feira o Geopark Naturtejo em comunicado.

A descoberta foi publicada na revista científica Quaternary Science Reviews. “Entre os vários registos paleontológicos encontrados de aves costeiras e de outras que são mais raras de ver atualmente por estas paragens, salientam-se os trilhos de gralha e de um enorme bufo-real que terá vivido na costa vicentina durante a última glaciação”, lê-se no comunicado.

Os dois novos fósseis foram relatados por uma equipa internacional de paleontólogos e geólogos portugueses do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO, Instituto D. Luiz da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e Instituto Politécnico de Tomar, com o apoio do Laboratório de Datação por Luminiscência de Risø, na Dinamarca.

Segundo o Geopark Naturtejo, o trilho de bufo-real destaca-se por exibir uma grande concentração de pegadas sobrepostas “numa superfície de arenito dunar”, com outras do que poderá ter sido uma potencial presa.

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Considerada invulgar pelos especialistas, esta ocorrência poderá ser a “primeira evidência de predação por aves no mesmo registo fóssil”.

“Os nomes atribuídos a estes fósseis evidenciam o mais provável produtor e a sua localização geográfica, ‘Corvidichnus odemirensis’ por ter sido encontrado na costa do maior concelho português, e ‘Buboichnus vicentinus’, cujo achado remete para a já famosa Costa Vicentina”, sublinha.

Estes nomes científicos serão a partir de agora utilizados pelos paleontólogos que encontrem fósseis semelhantes em Portugal ou noutras regiões do mundo.

O Geopark Naturtejo refere que os “achados de pegadas de aves” no sudoeste de Portugal se inserem num “estudo comportamental e paleoecológico das formações costeiras que se desenvolveram nas últimas centenas de milhares de anos”, como os das do extinto elefante-europeu-de-presas-direitas encontradas pela primeira vez na Praia do Malhão.

“Na última década temos assistido a vários achados de sítios paleontológicos com registos da passagem de mamíferos e aves no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, onde anteriormente não se conheciam quaisquer registos paleontológicos deste tipo, sendo mesmo de extrema raridade em toda a Península Ibérica”, acrescenta.