A Ucrânia demitiu esta sexta-feira o embaixador no Reino Unido, Vadym Prystaiko, no que será uma consequência da polémica recente que envolveu Zelensky e o ministro da Defesa do Reino Unido. Prystaiko deu uma entrevista onde criticou o tom usado pelo Presidente ucraniano, o que levou a uma troca “acesa” de telefonemas entre Kiev e a embaixada, culminando com a saída de Prystaiko.
Embora não haja uma explicação oficial para a demissão, Vadym Prystaiko apareceu recentemente a criticar Zelensky, acusando-o de “sarcasmo pouco saudável” na forma como respondeu ao ministro britânico da Defesa. O ministro, Ben Wallace, tinha dito que Kiev não pode olhar para o Reino Unido e para os parceiros do Ocidente “como o serviço de entregas da Amazon” (para receber armas).
A esse comentário, Zelensky respondeu com humor e um toque de sarcasmo: “De que forma, então, é que devemos mostrar a nossa gratidão? Podemos acordar logo de manhã e agradecer ao ministro, todos os dias… Ele que me escreva uma carta a dizer como é que lhe posso agradecer”.
Vadym Prystaiko não terá gostado de ouvir o Presidente ucraniano a falar desta forma de um membro do governo britânico e, numa entrevista à Sky News, disse que “este tipo de sarcasmo não é saudável”.
“Estamos a trabalhar em conjunto, não precisamos de mostrar aos russos que há algum tipo de problemas entre nós…”, acrescentou.
Vadym Prystaiko says he doesn't think President Zelenskyy's "sarcasm" at the NATO summit "is healthy".
"We're not expecting anybody to fight for us, we only ask for equipment," he says. https://t.co/PAiZ4D1jU3
???? Sky 501, Virgin 602, Freeview 233 and YouTube pic.twitter.com/p0gQI6Zcsm
— Sky News (@SkyNews) July 13, 2023
Na mesma entrevista à Sky News, Prystaiko também foi questionado sobre outra intervenção que tinha tido horas antes. Um internauta comparou os pedidos de armas por parte da Ucrânia, ao Reino Unido e aos parceiros do Ocidente, à forma como Winston Churchill também insistiu com Roosevelt para que os EUA também ajudassem os britânicos na Segunda Guerra Mundial.
A este comentário, o embaixador escreveu no Twitter que “no final, acabou por haver soldados norte-americanos a combater, no terreno, ao lado dos britânicos…”
Estaria com isto o embaixador a dar a entender que, na sua leitura, as tropas britânicas e da NATO irão acabar por entrar no conflito? Ou seria bom que isso acontecesse? Vadym Prystaiko refutou essa interpretação, sem explicar exatamente o que é que queria dizer. Garantiu, apenas: a Ucrânia “não tem a expectativa de que alguém venha a combater ao nosso lado, só pedimos equipamento militar”.
O mesmo responsável, além de sair da embaixada que liderava desde julho de 2020, também deixa de ser representante da Ucrânia na Organização Marítima Internacional. Anteriormente, foi ministro dos Negócios Estrangeiros.