A Ucrânia demitiu esta sexta-feira o embaixador no Reino Unido, Vadym Prystaiko, no que será uma consequência da polémica recente que envolveu Zelensky e o ministro da Defesa do Reino Unido. Prystaiko deu uma entrevista onde criticou o tom usado pelo Presidente ucraniano, o que levou a uma troca “acesa” de telefonemas entre Kiev e a embaixada, culminando com a saída de Prystaiko.

Embora não haja uma explicação oficial para a demissão, Vadym Prystaiko apareceu recentemente a criticar Zelensky, acusando-o de “sarcasmo pouco saudável” na forma como respondeu ao ministro britânico da Defesa. O ministro, Ben Wallace, tinha dito que Kiev não pode olhar para o Reino Unido e para os parceiros do Ocidente “como o serviço de entregas da Amazon” (para receber armas).

A esse comentário, Zelensky respondeu com humor e um toque de sarcasmo: “De que forma, então, é que devemos mostrar a nossa gratidão? Podemos acordar logo de manhã e agradecer ao ministro, todos os dias… Ele que me escreva uma carta a dizer como é que lhe posso agradecer”.

Vadym Prystaiko não terá gostado de ouvir o Presidente ucraniano a falar desta forma de um membro do governo britânico e, numa entrevista à Sky News, disse que “este tipo de sarcasmo não é saudável”.

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“Estamos a trabalhar em conjunto, não precisamos de mostrar aos russos que há algum tipo de problemas entre nós…”, acrescentou.

Na mesma entrevista à Sky News, Prystaiko também foi questionado sobre outra intervenção que tinha tido horas antes. Um internauta comparou os pedidos de armas por parte da Ucrânia, ao Reino Unido e aos parceiros do Ocidente, à forma como Winston Churchill também insistiu com Roosevelt para que os EUA também ajudassem os britânicos na Segunda Guerra Mundial.

A este comentário, o embaixador escreveu no Twitter que “no final, acabou por haver soldados norte-americanos a combater, no terreno, ao lado dos britânicos…

Estaria com isto o embaixador a dar a entender que, na sua leitura, as tropas britânicas e da NATO irão acabar por entrar no conflito? Ou seria bom que isso acontecesse? Vadym Prystaiko refutou essa interpretação, sem explicar exatamente o que é que queria dizer. Garantiu, apenas: a Ucrânia “não tem a expectativa de que alguém venha a combater ao nosso lado, só pedimos equipamento militar”.

O mesmo responsável, além de sair da embaixada que liderava desde julho de 2020, também deixa de ser representante da Ucrânia na Organização Marítima Internacional. Anteriormente, foi ministro dos Negócios Estrangeiros.