Elementos de vários sindicatos e de associações do setor da segurança interna deram esta segunda-feira de manhã “as boas vindas” a quem chegava a Portugal ao distribuíram no aeroporto de Lisboa panfletos sobre “as débeis” condições de trabalho, como salários.
Além do aeroporto de Lisboa, a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP), que congrega elementos da PSP, GNR, guardas prisionais, Polícia Marítima e ASAE, organizou iniciativas semelhantes nos aeroportos de Faro e Porto, ação que marcou o início de uma série de protestos que esta organização vai realizar por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Em várias línguas, o panfleto, que vai também ser distribuído na Gare do Oriente em Lisboa (estas segunda e terça-feira) e no porto marítimo de Lisboa (quarta-feira) tinha como título “o amor à camisola tem um preço” e dá conta das reivindicações dos elementos das forças e serviços de segurança, designadamente revisão das tabelas salariais e melhores subsistemas de saúde para os quais descontam 14 meses por ano. “Queremos passar a mensagem a quem nos visita. Queremos que percebam que a realidade das forças e serviços de segurança e dos profissionais está muito difícil”, disse à Lusa o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).
Paulo Santos avançou que a CPP quer “dar a conhecer a quem visita o país a realidade débil destes profissionais, não só do ponto de vista dos salários, mas também dos apoios sociais e das condições de trabalho no apoio da doença”.
O sindicalista sustentou que o Governo não tem resolvido as reivindicações e “não tem havido respostas por parte das tutelas“, sendo esta “mais uma oportunidade para dar a conhecer” as exigências do setor da segurança interna. “Com este modelo político, com estas respostas que têm sido dadas e são muito escassas, não se vai conseguir responder às necessidades da PSP, GNR, ASAE, da Guarda Prisional e Polícia Marítima. Por isso era importante que o poder político percebesse as reivindicações, auscultasse as organizações sindicais e existisse uma resposta concreta e efetiva a essas deficiências”, frisou.
Paulo Santos sublinhou que, no caso do Ministério da Administração Interna, tem havido um diálogo social, mas que “não passa de meros formalismos e reuniões que apenas refletem alguma preocupação por parte do Governo em situações que são complementares e que não são as estruturais da PSP”, como a revisão da tabela remuneratória, que não tem sido debatida com o Governo.
O presidente da ASPP disse ainda que sempre que se dá a conhecer a realidade salarial das forças de segurança, muitos dos estrangeiros que chegam a Portugal “acham estranho os polícias terem salários tão baixos“.
Por sua vez, o presidente da Associação Sindical dos Funcionários da ASAE (ASF-ASAE), Cristiano Santos, destacou à Lusa a importância deste protesto para demonstrar o atual estado em que estão as instituições que contribuem para a segurança de Portugal.
“Efetivamente Portugal é um país seguro aos mais diversos níveis, no que toca à parte da ASAE é seguro na parte alimentar e económica, mas queremos chamar a atenção a todas as pessoas que chegam ao país de que efetivamente que o caminho que os sucessivos governos têm dado e com as medidas que têm dado, a segurança pode estar em causa, o bom funcionamento das instituições que contribuem para a segurança continua a ser o mais difícil”, precisou. Como exemplo, e no caso da ASAE, referiu que o problema deste organismo tem a ver com o subfinanciamento, sublinhando que “o Governo não tem dotado a ASAE de um orçamento condigno, capaz e que faça com que o organismo funcione”.
Cristiano Santos avançou que ainda nesta segunda-feira de manhã, numa reunião a propósito da JMJ, foi comunicado aos trabalhadores que não iria ser pago o trabalho extraordinário através de remuneração, sendo “a única forma de pagamento em tempo”. “A ASAE chegou a meio ano e a verba que o Governo destinou para ajudas de custo e horas extraordinárias foi esgotada”, disse.
Integram também as ações de protestos da CCP no âmbito da JMJ uma greve de três dias dos guardas prisionais e uma concentração no dia 2 de agosto, junto à residência oficial do Presidente da República, quando Marcelo Rebelo de Sousa estiver a receber o Papa Francisco. O CCP inclui a Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR), a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), a Associação Socioprofissional da Polícia Marítima (ASPPM), o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) e a Associação Sindical dos Funcionários da ASAE (ASF-ASAE).