“O planeamento da época 2023/2024 já arrancou, começou em fevereiro/março de forma antecipada para prepararmos tudo como deve ser. Está a correr da forma como gostaríamos, estamos a tentar fazer as vendas de que precisamos rapidamente e as compras também, para estarem ao dispor do nosso treinador. Mas não só de contratações e vendas se faz o planeamento da época. Vai ser importante jogadores como o Daniel Bragança, o Francisco Trincão, o Marcus Edwards ou o Diomande apresentarem-se a um nível diferente, com mais confiança. Vão crescer do ponto de vista competitivo. Independentemente do mercado, acreditamos que há muitos jovens que já estavam no plantel e que vão crescer do ponto de vista competitivo”.

Não houve Gyökeres, não houve vitória, só houve Trincão: Sporting empata com o Genk no Algarve

A 16 de junho, no balanço de uma temporada que, “apesar da boa carreira europeia e da boa qualidade exibicional, não se traduziu em pontos e troféus terminando aquém das expetativas”, Frederico Varandas, presidente do Sporting, falava em “análise interna feita e lições aprendidas”. “O mais importante de tudo é o rumo traçado e que o clube não vai parar de percorrer. É o rumo que deu estabilidade, recuperação financeira e redução do passivo, aumento das receitas e mais sucesso desportivo que no passado”, explicava. Contudo, nem sempre as etapas de mercado terminam de forma positiva (José Angél Carmona é um bom exemplo disso mesmo) e, a duas semanas e meia do início do Campeonato, havia apenas uma cara nova entre as opções de Rúben Amorim. Melhor: um reforço, por sinal o mais caro do clube, existindo figuras como o regressado Daniel Bragança ou o jovem Afonso Moreira. “Novo”, apenas o avançado Viktor Gyökeres.

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O avançado ganhou (finalmente) cara: Viktor Gyökeres fica por 20+4 milhões e é a contratação mais cara de sempre do Sporting

O sueco foi uma aposta forte do Sporting para 2023/24, a ponto de obrigar a um investimento superior a 23 milhões de euros que poderia depois condicionar as verbas restantes para as posições por colmatar (lateral direito, médio e ala mais para a esquerda) apesar das receitas extra via Rafael Leão (20 milhões) e Gonzalo Plata (três milhões). Também por isso, foi quase “protegido” no primeiro encontro à porta aberta nesta fase da temporada com o Genk. Desta vez, mesmo tendo outro jogo de manhã sem transmissão (empate a um com o Portimonense com golo de Geny Catamo), o avançado iria sair da redoma depois de um início ainda em adaptação à equipa, aos métodos, à ideia de jogo e ao próprio calor para se mostrar aos adeptos.

O contexto foi bem preparado, com o Sporting a defrontar a Real Sociedad (que na última temporada ficou em quatro na Liga espanhola e garantiu o acesso direto à Champions) com um onze muito semelhante ao que deve começar a época entre as possibilidades de Diamonde ou Francisco Trincão a espreitarem ainda uma oportunidade: Adán; Gonçalo Inácio, Coates, Matheus Reis; Ricardo Esgaio, Morita, Pedro Gonçalves, Nuno Santos; Marcus Edwards, Gyökers e Paulinho. Ou seja, à semelhança do que tinha acontecido ainda à porta fechada, o sueco surgia mais descaído sobre a esquerda, com o português (segunda transferência mais cara dos leões) ao meio. Correu bem. Mesmo sendo apenas um teste em dia de homenagem a Oceano e Carlos Xavier, dois símbolos leoninos que jogaram três épocas nos bascos no início dos anos 90, foi um bom teste. E Gyökeres deixou um cartão de apresentação interessante entre mais um grande jogo de Pote.

Frente a uma Real Sociedad com algumas alterações na equipa depois de um primeiro teste com o Osasuna (1-3) e que mostrou mais uma vez a diferença de ter ou não Zubimendi e Mikel Merino no meio-campo (David Silva sofreu uma lesão grave e vai falhar praticamente toda a época), o Sporting começou por mostrar desde cedo uma face mais sólida do seu jogo como acontecera diante do Genk mas com uma nuance: soube dar continuidade. Ainda houve pelo meio um livre de Kubo a obrigar Adán a uma defesa a soco para a frente (13′) mas a primeira parte teve domínio quase completo dos leões dentro do regresso ao habitual 3x4x3 com uma dinâmica que promete ficar para a época que junta Gyökeres descaído pela esquerda e Paulinho.

Ainda sem o tão aguardado médio, e com Morita a assumir agora a posição de ‘6’ depois de ter chegado a uma zona de conforto individual e coletiva como ‘8’, Pedro Gonçalves voltou a recuar para o meio-campo e deu oportunidade ao sueco de repetir a parelha na frente com o português tendo Marcus Edwards aberto na direita. As subidas de Nuno Santos a dar a profundidade foram permitindo que Gyökeres fizesse muitas vezes o movimento diagonal para dentro e a maior diferença com isso foi a presença na área dos leões a jogar com os posicionamentos de Paulinho, como se viu no golo inaugural do antigo avançado do Coventry logo aos 19′ após cruzamento de Ricardo Esgaio com desvio de um defesa dos espanhóis. O lateral, que aguarda ainda por concorrência na posição, marcaria o 2-0 na sequência de uma desmarcação de rutura pelo meio depois de uma grande assistência de Pedro Gonçalves (28′), mas a principal nota que ficava era mesmo o peso que a formação verde e branca ganhava na frente, fosse a finalizar na área, fosse nas segundas bolas.

Mais uma vez apenas com quatro suplentes no banco pelo jogo de manhã com o Portimonense (o guarda-redes Diego Calai e os também juniores Dário Essugo, Leonardo Barroso e Tiago Ferreira), Rúben Amorim manteve os onze elementos titulares até aos 70′, altura em que rendeu Morita, e viu a equipa manter o sinal mais no encontro, explorando mais vezes a profundidade com Paulinho que chegou a ter uma oportunidade soberana antes de ver um defesa contrário antecipar-se no momento do remate e chegando mesmo ao 3-0 em mais uma grande jogada coletiva, com Gonçalo Inácio a sair com bola a partir de trás, a lançar Nuno Santos na esquerda e o esquerdino a fazer a assistência para o remate na passada de Pedro Gonçalves (55′).

Entre algumas (poucas) tentativas de meia distância bem resolvidas por Adán, o encontro começava então a perder alguma intensidade e, com isso, qualidade.  Ainda assim, e enquanto houve a capacidade para manter a alta rotação do meio-campo para a frente e na recuperação de bola, o Sporting voltou à sua melhor versão tendo novas dinâmicas do meio-campo para trás, na forma como procura construir a partir de trás com mais metros percorridas com bola pelos centrais de fora, e do meio-campo para a frente, na maneira como Gyökeres, partindo quase sempre a partir da esquerda, vai jogando com os movimentos de Paulinho. E o ponto negativo acabou por ser a expulsão com vermelho direto de Leonardo Barroso poucos minutos após entrar por uma entrada duríssima, sendo consolado por todos os jogadores na altura da saída (85′).