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Um mal nunca vem só. Depois de ter ganho à Rep. Irlanda num encontro muito complicado onde não podia contar com a principal estrela Sam Kerr, a Austrália tentaria dar prolongamento ao clima de euforia que se vive no país com mais uma contrariedade por motivos físicos, neste caso a sucessora de Sam Kerr, Mary Fowler. “Às vezes temos este tipo de azares e precisamos de lidar com as cartas que temos na mão. Estamos preparados para jogar com as cartas que temos”, comentava o técnico sobre o leque reduzido de opções para o ataque, sendo que Kyah Simon está ainda num processo de regresso após lesão grave no joelho e que, tal como Fowler, ficava de fora por sofrer uma concussão num dos mais recentes treinos das Matildas.
“Sei que pode fazer confusão perdermos duas jogadoras com uma concussão em lances diferentes para quem não vê mas foi um treino completamente normal. A dois dias do jogo temos sempre de fazer um trabalho de maior intensidade, de jogo a meio-campo. Jogámos oito para oito. Estava tudo bem, não havia contacto físico e de repente começaram os azares em dois incidentes separados. É quase surreal para ser sincero, nunca tinha vivido nada assim. Não quero entrar em detalhes sobre o que aconteceu para mantermos as coisas a nível interno a nível de treino mas foi muito azar”, acrescentou Tony Gustavsson a esse propósito.
Com alguma surpresa, também a grande estrela da Nigéria, Asisat Oshoala, campeã europeia pelo Barcelona, começou no banco, sendo levantada a possibilidade de um problema físico tendo em conta a importância da partida para as africanas. Ainda assim, e no caso das anfitriãs, eram logo três avançadas de fora para um jogo onde uma vitória garantia a qualificação para os oitavos mas uma derrota poderia deixar a equipa de fora dos primeiros dois lugares antes da jornada decisiva diante do Canadá. Sobravam Caitlin Foord e Emily Van Egmond, foram Caitlin Foord e Emily Van Egmond que seguiram para jogo num Suncorp Stadium de novo com lotação praticamente esgotada acima dos 50.000 bilhetes vendidos. E era nelas que estava o foco.
3 points have never meant so much. ????
???????? v ???????? is about to get underway!#BeyondGreatness | #FIFAWWC
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
A Nigéria até conseguiu equilibrar e em alguns momentos ter superioridade nos minutos iniciais, provando que é a melhor equipa africana nesta fase final, mas um remate de Steph Catley na sequência de um canto partindo da direita para o meio que foi travado pela guarda-redes Chiamaka Nnadozie deu o mote para um crescimento da Austrália na partida que foi justificando a vantagem, entre um remate de Foord ao lado (19′) e um desvio de Hayley Raso ao segundo poste após canto onde fez o mais difícil (31′). No entanto, a Nigéria ia mantendo o nulo, causando ainda sensação de golo num lance em que Christy Ucheibe, jogadora do Benfica, rematou à entrada da área e Ashleigh Plumptre desviou a rasar o poste (40′). O intervalo estava à vista mas, à semelhança do que aconteceu na véspera no Canadá-Rep. Irlanda, o período de descontos iria trazer o desequilíbrio que faltava, com Foord a assistir Emily Van Egmond para um remate cruzado que fez o 1-0 (45+1′) antes de Uchenna Kanu aproveitar uma segunda bola na área para conseguir o empate (45+6′).
Anyone else still recovering from that one? ????????
What a ride! ????#BeyondGreatness | #FIFAWWC
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
Voltava tudo à estaca zero, sendo notória a deceção australiana pelo timing do golo sofrido em comparação com a euforia das nigerianas a caminho do balneário. E foi essa mudança de estado de espírito que mudou também a história do encontro, com a Austrália a entrar de novo melhor mas a Nigéria a conseguir ser bem mais pragmática na hora da verdade: Osinachi Ohale, num lance em que acreditou que era ainda possível chegar à bola ao segundo poste, fez o 2-1 (65′) e a inevitável Asisat Oshoala entrou para aproveitar um erro defensivo das australianas após um grande passe de Toni Payne para praticamente sentenciar a partida (72′). Qualquer lance de bola parada era quase uma oportunidade, com Alanna Kennedy a conseguir ainda reduzir no nono minuto de descontos, mas o conjunto africano iria conseguir mesmo segurar a vitória.
???????? Nigeria swooped in on the hosts after coming from behind to put 3 past Australia taking them top of Group B.
✨ Asisat Oshoala claims today's #SpotlightOfTheDay, as she neatly tucked away the winning goal, becoming the first African player to score at 3 #FIFAWWC.@Budweiser. pic.twitter.com/v4baq86Dew
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
HERE WE GO!! ????????@TheMatildas pull one back with just a few minutes left.
Can they level it? ????#BeyondGreatness | #FIFAWWC
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
A pérola
- Podia ter sido apenas coincidência, os números mostram que não. A partir do momento em que Asisat Oshoala, bicampeã europeia pelo Barcelona e grande figura da seleção nigeriana, entrou em campo vinda do banco, o conjunto africano ganhou outra profundidade em termos ofensivos e marcou os dois golos que decidiram a partida frente à anfitriã Austrália. Aos 28 anos, a avançada que antes passou pela Premier League (Liverpool e Arsenal) e pela China (Dalian Quanjian) provou que é uma jogadora à parte e foi dela o 3-1 que sentenciou a partida, aproveitando um erro de comunicação entre a central Alanna Kennedy e a guarda-redes Mackenzie Arnold para encostar para a baliza deserta e fazer a festa, tendo ainda um recorde com esse momento de ser a primeira africana a marcar em três Mundiais.
A soaring Falcon! ????????????
Asisat Oshoala writes her name into the history books becoming the first African to score in three different #FIFAWWC! ????#BeyondGreatness
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
O joker
- Mais uma vez, Chiamaka Nnadozie voltou a ter interferência direta no resultado após travar uma grande penalidade frente ao Canadá entre muitas outras defesas. Apesar dos dois golos sofridos, em lances que pouco ou nada podia fazer, a jovem guarda-redes voltou a ser o garante de sucesso da Nigéria nas alturas de maior sufoco e mantém-se como uma das grandes revelações na baliza neste Mundial.
Naija vibes to the world ????????????@NGSuper_Falcons | #FIFAWWC #BeyondGreatness
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
A sentença
- Com este resultado, a Nigéria assumiu a liderança do grupo B e depende apenas de si para seguir para os oitavos e segurar o primeiro lugar na última jornada com a Rep. Irlanda. À mesma hora, o Mundial terá o primeiro grande jogo entre duas seleções que estão no “fio da navalha” por saberem que um deslize vale a eliminação: Austrália e Canadá, sendo que as canadianas, com mais um ponto, sabem que um empate será suficiente para seguir para os oitavos e deixar de fora a formação anfitriã.
An action-packed day shuffles the group standings. ????
All eyes are on Group B and E's last fixture. ????
Who will we see in the knockout stages? #FIFAWWC | #BeyondGreatness
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 27, 2023
A mentira
- A Nigéria voltou a mostrar que é uma equipa coesa a defender de forma organizada, que tem talento no meio-campo com e sem bola com destaque para Toni Payne e Christy Ucheibe (jogadora do Benfica) e que começa a mostrar opções na frente além da estrela Asisat Oshoala. No entanto, e mais uma vez, há um calcanhar de Aquiles que continua a assolar a equipa mesmo que não se tenha refletido de forma direta nos resultados: as bolas paradas defensivas. Quando esse ponto conseguir ser resolvido, e com outra capacidade de gerir os momentos do jogo, a Nigéria pode ir ainda mais longe no feminino.