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As seleções de Haiti e China não se podiam dar a o luxo de perder pontos uma contra a outra. Com a vantagem de já saberem o resultado do Inglaterra-Dinamarca (1-0), para que ambas as equipas mantivessem hipóteses reais de seguirem em frente tinham que pensar em vencer.
“Depois da derrota contra a Dinamarca, a próxima partida, contra o Haiti, é absolutamente crucial. Temos trabalhado duro para nos defendermos contra os seus movimentos ofensivos super rápidos”, dissera a selecionadora chinesa Shui Qingxia. “A jogadoras do Haiti são incrivelmente hábeis. Vamos sentir pressão. Precisamos de manter a posse de bola e limitar a oportunidades da adversárias no ataque”, prosseguira a técnica lamentando o desfecho do jogo inaugural. “Foi uma pena termos perdido o primeiro jogo devido a um golo tardio. Demos tudo de nós e mostrámos do que somos feitos, por isso estou a torcer para que as minhas jogadoras mantenham o ânimo. Ainda temos mais jogos pela frente, então precisamos esquecer essa derrota”.
Até por uma questão histórica, a China era a equipa favorita. Mesmo assim, o Haiti tinha uma palavra a dizer na ótica do selecionador Nicolas Delépine. “Não queremos adormecer depois da exibição que fizemos diante da Inglaterra. Temos de estar conscientes de que o mais difícil está por vir. Não queremos fazer um jogo mediano. Queremos preparar-nos adequadamente e fazer o melhor que pudermos para enfrentar a China”. Em estreia em Mundiais, o Haiti tinha, frente às asiáticas, a hipótese de chegar à primeira vitória e ao primeiro golo. “Sabemos aquilo em que toda a gente está a pensar. Sabemos que somos uma equipa muito jovem, mas é isso que nos traz confiança. Toda a gente acha que as outras equipas nos vão esmagar, mas confiamos em nós mesmas porque temos muito talento e temos um objetivo. Isso é o que nos motiva e é isso que continuará a nos motivar contra a China”, destacara o técnico de nacionalidade francesa.
O Haiti não contava com a sua melhor jogadora no onze inicial. Melchie Dumornay, mais conhecida por Corventina, ficou no banco devido a uma lesão muscular. A partir da meia hora, se a China beneficiava dessa circunstância, deixou de fazê-lo para entregar às adversárias uma situação favorável: Zhang Rui entrou de sola na perna de Sherly Jeudy e foi expulsa. O tão esperado golo das haitianas chegou perto do intervalo, mas a ânsia de Nérilia Mondésir para que esse momento chegasse levou-a a atacar a bola em posição irregular.
Sentindo que podia estar aberta uma porta para uma vitória histórica, Nicolas Delépine lançou Corventina talvez até colocando em causa a integridade física da jogadora. Não se sentiu qualquer condicionamento por parte da jovem de 19 anos, que teve logo uma grande ocasião para marcar. A centrocampista falhou na cara da guarda-redes chinesa, Zhu Yu com mais demérito de quem finalizou do que de quem defendeu.
Apesar da inferioridade numérica, a China conseguiu jogar de igual para igual. O penálti de que as asiáticas beneficiaram por falta de Ruthny Mathurin foi resultado disso. Wang Shuang (74′) converteu mesmo que a guarda-redes haitiana, Kerly Théus, tivesse consultado a cábula que tinha na garrafa de água. Três minutos depois do golo que caiu como um choque no Haiti, o VAR esteve alguns momentos a considerar se atribuía novo penálti à China. Isso não aconteceu e o jogo terminou mesmo 1-0. Ainda assim, em período de descontos, a árbitra do encontro marcou falta de Chen Qiaozhu sobre Roseline dentro da área mas o VAR disse que o lance não era merecedor do castigo máximo. Também o Haiti ainda se queixou de forma veemente de um penálti que não lhe foi atribuído.
A pérola
- Na terceira participação num Mundial, Wang Shuang estreou-se a marcar. Em 2020, em Wuhan, o epicentro da pandemia da Covid-19, a jogadora das norte-americanas do Racing Louisville FC teve que treinar no topo do seu prédio por não poder sair de casa. O trabalho num lugar pouco comum valeu-lhe este momento.
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— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) July 28, 2023
O joker
- A entrada de Melchie Dumornay teve exatamente o efeito desejado no Haiti. Faltou-lhe o golo que tão boa posição teve para conseguir. Aquilo que acrescentou na segunda parte mostrou que é uma jogadora diferenciada.
A sentença
- Quatro jogos no grupo D, quatro jogos que terminaram 1-0. Para já, a Inglaterra está praticamente apurada para os oitavos de final. O Haiti precisa de uma improvável vitória contra a Dinamarca, esperar que a China não pontue frente à Inglaterra e que o saldo de golos, em comparação com as dinamarquesas e com as chinesas, seja positivo. Já a seleção das Rosas de Aço necessita de fazer melhor do que a Dinamarca para não ter que olhar para o saldo de golos.
A mentira
- Tendo já organizado o Mundial em duas ocasiões (1991 e 2007), chegado à final (1999) e alcançado um quarto lugar (1995), era de esperar que neste momento a China estivesse noutro nível competitivo. Rivalizar com uma seleção estreante pelo terceiro lugar do grupo parece não ser aquilo que as chinesas esperariam. Ainda assim, é graças à presença da China que este pode ser considerado o grupo da morte. Na prática, Inglaterra e Dinamarca, embora os resultados não o exprimam, parecem ser equipas de um nível técnico e tático superior às restantes duas.