Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, foi questionada sobre o tema dos peregrinos de Angola e Cabo Verde que não fizeram “check-in” na diocese de Leiria Fátima. Em declarações à Rádio Renascença, a ministra esclareceu que o Sistema de Segurança Interna (SSI) está a monitorizar a situação para “saber como estão as coisas” e que “a seu tempo dará mais informações”.

Ainda assim, ressalva que os peregrinos que não fizeram o “check-in” após a chegada a Portugal para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) estão no país de forma legal e que, por isso, podem circular livremente.

Na segunda-feira, a diocese de Leiria-Fátima deu conta da “ausência de 106 peregrinos dos grupos estrangeiros de nacionalidade angolana e cabo-verdiana acolhidos em três paróquias da diocese”, um número que o SEF atualizou, esta terça, para 195 jovens (168 cabo-verdianos e 27 angolanos).

Mais de 100 angolanos e cabo-verdianos ausentes da pré-Jornada. Situação é “normal”, mas diocese quis avisar PSP e GNR por “precaução”

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Este grupo estava “devidamente inscrito” na Jornada Mundial da Juventude e entrou “regularmente e por via aérea em território nacional”, segundo o SSI.

Diácono que acompanhava jovens cabo-verdianos diz “que ninguém está desaparecido”

Um dos diáconos que acompanham peregrinos de Cabo Verde durante a JMJ disse que “ninguém está desaparecido” e que alguns jovens optaram por ficar em Lisboa em vez de participar nas atividades em Leiria, no evento chamado “Faith n’ Fun”.

O diácono José Manuel Vaz, que acompanhou uma das quatro delegações oriundas da ilha de Santiago que, entre 25 de julho e a quarta-feira passada, chegaram a Lisboa, mostrou o seu espanto com as notícias que dão conta de um desaparecimento de peregrinos cabo-verdianos e angolanos.

“É ‘fake news’. Ninguém está desaparecido e nenhum peregrino é obrigado a participar em atividades das dioceses”, indicou o diácono. “Alguns peregrinos que chegaram a Lisboa optaram por ficar na cidade, onde arranjaram alojamento junto de familiares e amigos, em vez de ir a Leiria para participar nas atividades. Ninguém informou que as atividades eram obrigatórias”. “Querem saber onde estão estes peregrinos? Venham à jornada e vão encontrá-los”, disse.

Lembrando que os peregrinos têm um visto de 18 dias, após os quais não podem permanecer em Portugal, o religioso ressalvou: “Ninguém garante que, após esse período, alguns peregrinos não fiquem em Portugal, mas isso é um problema que não tem nada a ver com a participação na jornada”.

Contactado pela Lusa, o embaixador cabo-verdiano em Portugal, Eurico Correia Monteiro, considerou que “pode ser ainda cedo para se formular juízos seguros sobre este incidente e suas causas”. “Pode ser precipitado extrair conclusões nesta altura, devendo-se reservar juízos conclusivos para momento posterior”, adiantou.

E recordou que “só as autoridades administrativas portuguesas e as autoridades eclesiásticas cabo-verdianas e portuguesas podem eventualmente dispor de informações relevantes sobre este caso”.

Por seu lado, o assessor de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal, Vitor Carvalho, referiu à Lusa que esta representação diplomática não tem qualquer conhecimento do alegado desaparecimento de peregrinos angolanos.

Bispo de Cabinda diz que há cinco peregrinos que não querem voltar a Luanda

O bispo de Cabinda, Belmiro Chissengueti, avançou à TSF que há pelo menos cinco peregrinos que vieram até Lisboa para a JMJ que abandonaram a delegação e que não tencionam voltar a Luanda.

Chissengueti, que chefia a delegação angolana, disse ainda que estes cinco casos já foram comunicados às autoridades. “Daquilo que tenho conhecimento, pelo menos esses cinco. A informação já está com a polícia, vamos ver o que fazer com o grupo de Leiria para que isso seja tratado pelas autoridades competentes e ajudem ao necessário seguimento”, declarou à TSF.

O bispo admite que, até ao fim da JMJ, o número de pessoas que escolhem ficar na Europa poderá aumentar.