Até os elogios esbarraram no poste em que Ana Capeta, nos minutos finais do Portugal-Estados Unidos, acertou, impedindo que a seleção nacional de futebol feminino chegasse aos oitavos de final do Mundial. A equipa treinada por Francisco Neto foi, no início desta tarde, recebida no Palácio de Belém por Marcelo Rebelo de Sousa que agradeceu às jogadoras portuguesas o desempenho que tiveram na Nova Zelândia.

“Nos momentos cruciais, o poste nunca está onde devia estar. Ficamos sempre a pensar por que é que não está uns centímetros mais para um lado ou mais para o outro. Por que é que a bola bate ali certinha e umas vezes bate e entra, outras vezes bate e volta”, disse o chefe de Estado. “Acontece muitas vezes na vida. Isto para vos dizer que foram verdadeiramente excecionais”.

Portugal regressa do Campeonato do Mundo após uma derrota com os Países Baixos (1-0), uma vitória, a primeira de sempre, contra o Vietname (2-0) e um empate (0-0) contra os Estados Unidos. “Não jogaram apenas de igual para igual. Tiveram longos momentos em que jogaram de superior para inferior”, analisou Marcelo que considerou que, frente às norte-americanas, quem parecia campeão do mundo era Portugal.

“Com a vossa presença na Nova Zelândia começou a vitória do próximo Campeonato da Europa e depois no Campeonato do Mundo. Já estamos no amanhã, mas vamos falar um bocadinho no ontem. No ontem, tinha-vos pedido que fizessem tudo, mas mesmo tudo para tornar o impossível possível”, referiu o Presidente da República que já tinha recebido as jogadoras portuguesas antes da partida para o Mundial. “Fizeram tudo. Mostraram qualidade. Jogaram melhor que os Países Baixos, que o Vietname e que os Estados Unidos. A vossa qualidade foi superior à daquelas três equipas”.

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1,4 milhões de pessoas assistiram ao jogo contra os Estados Unidos, encontro que Portugal precisava obrigatoriamente de vencer para seguir em frente. “O país estava mobilizado. Vocês conquistaram definitivamente o país para vocês e para a vossa causa. A causa da mulher no futebol, a causa da mulher no desporto, a causa da mulher na sociedade portuguesa. Os mais machistas estão esmagados, porque não faziam aquilo [que vocês fizeram]”, continuou Marcelo. “Obrigado em nome de milhões de portuguesas, mas, sobretudo, de milhões de portuguesas. O que fizeram por todas as portuguesas não tem preço”.

Marcelo esteve acompanhada da Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia. Perante as figuras do Estado, também o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, afirmou que “foi a primeira vez que a nossa seleção participou no Campeonato do Mundo”, mantendo a confiança de que “será a primeira de muitas” equipas portuguesas a disputarem a competição.

“Num jogo épico que realizámos com as bicampeãs do mundo de futebol feminino, acabámos por não conseguir tornar possível o impossível. Um pequeno lance, uma bola no poste…”, lamentou Fernando Gomes que considerou que uma passagem aos oitavos de final “era uma conquista merecida”.

O selecionador nacional, Francisco Neto, mostrou-se desiludido com a saída precoce do Mundial. “Não voltamos na data em que gostaríamos e na data para a qual trabalhámos e sentimos dentro de campo que merecíamos”. Já a capitã da equipa das quinas afirma que a seleção ganhou um novo estatuto. “Todos os portugueses são essenciais e todos eles olham para nós de uma forma mais respeitosa, com mais dignidade, com mais crença. O futebol feminino é capaz de alcançar grande feitos”. E continuou a jogadora: “Vamos abrir mais portas para que possamos navegar por muitos mais mares e tornar, um dia, o impossível possível”.