A CEDEAO realiza esta quinta-feira em Abuja, sede da organização, uma cimeira extraordinária para debater a situação criada pelo golpe de Estado de 26 de julho no Níger e avaliar uma intervenção militar para repor a legalidade constitucional.
Criada em 1975, para promover o desenvolvimento económico da região e gerir os conflitos entre os seus membros, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) conta atualmente com 15 Estados: os francófonos Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Mali, Níger, Senegal e Togo, os anglófonos Gâmbia, Gana, Nigéria, Libéria e Serra Leoa, e os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau.
A cimeira extraordinária de Abuja realiza-se tendo como cenário o que fazer para enfrentar o quinto golpe de Estado bem-sucedido na região desde 2020, depois dos do Mali (duas vezes), Burkina Faso e Guiné-Conacri.
No total, desde 2020, a África Ocidental registou nove tentativas de golpes de Estado.
Em 3 de agosto, a chefe da diplomacia senegalesa, Aïssata Tall Sall deu a justificação para a decisão que pode sair de Abuja: “A convicção do Senegal é que há que pôr fim a estes golpes de Estado“.
Esta pode ser a explicação para aquando dos golpes militares no Mali, Burkina Faso e Guiné-Conacri a CEDEAO ter apenas suspendido e imposto sanções àqueles países.
Com o golpe de Estado de 26 de julho no Níger, a CEDEAO impôs sanções, como habitualmente fazia, mas fixou a fasquia mais alta ao ameaçar com uma intervenção militar se no prazo de uma semana o deposto Presidente Mohamed Bazoum não fosse reconduzido no poder.
Se essa decisão for adotada, não será a primeira vez que o bloco regional intervém em crises que envolvem países-membros, depois das de 1990 (Libéria), 1997 (Serra Leoa), 1999 (Guiné-Bissau), 2003 (Costa do Marfim), 2003 (Libéria), 2013 (Mali) e 2017 (Gâmbia).