Três vulcões submarinos e os destroços de um navio foram encontrados no fundo do mar Mediterrâneo, ao largo da Sicília. A investigação foi conduzida no estreito da Sicília, entre a ilha e a Tunísia, ao largo da costa entre Mazara del Vallo e Sciacca, no noroeste da ilha italiana.

Os vulcões submarinos têm, pelo menos, seis quilómetros de largura e os cones ultrapassam os 150 metros de altura em relação ao fundo marinho. Estes três cones vulcânicos juntam-se aos seis anteriormente descobertos pelo Instituto Nacional de Oceanografia e Geofísica Aplicada (OGS) em 2019. Na mesma região, foi encontrado um navio com 100 metros de comprimento e 17 metros de largura.

É incrível descobrir novos elementos geológicos ainda hoje, num mar como o Mediterrâneo que é atravessado por todos os tipos de barcos há milénios. Isso mostra claramente o quão pouco conhecido o fundo do mar ainda é, mesmo perto da costa”, disse, em comunicado de imprensa, Jonathan Ford, investigador no OGS, que participou na expedição.

Alguns dos vulcões têm atividade geotérmica (como quando o calor do interior da Terra é libertado sob a forma de vapor), mas os investigadores consideram reduzida a possibilidade de estarem ativos e de haver o risco de entrarem em erupção.

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Para explorarem o fundo marinho, os investigadores usaram “um ecobatímetro para reconstruir a morfologia do fundo do mar em alta resolução, um magnetómetro para identificar anomalias associadas a estruturas vulcânicas subaquáticas e um sistema sismográfico de alta resolução para observar as características geológicas das primeiras dezenas de metros abaixo do fundo do mar”. Durante a expedição foram ainda recolhidas amostras dos depósitos de lava e piroclastos emitidos pelos vulcões submarinos para conhecer a sua idade.

Expedição M191 Suave ao largo da Sicília. Amostras de rochas

A expedição M191 SUAVE recolheu amostras de rochas no fundo marinho ao largo da Sicília — M191 SUAVE

A expedição permitiu corrigir algumas informações sobre os mapas, descartando informação errada e adicionando informação nova. Ter mapas batimétricos precisos é importante tanto em termos científicos como em termos mais práticos, como para garantir a segurança da navegação, estudar onde devem ser colocados novos cabos submarinos ou avaliar quaisquer riscos potenciais associados à presença dos vulcões, destaca o jornal italiano Il Post.

Esta informação será essencial para reconstruir a história geológica de uma das regiões mais complexas do Mediterrâneo central onde, desde há cerca de 4-5 milhões de anos, se desenvolveu um sistema de fossas profundas [rifts] que, no entanto, não levaram à formação de crosta oceânica”, disse, em comunicado de imprensa, Giulia Matilde Ferrante, investigador no OGS, que participou na expedição.

A expedição científica internacional (M191 SUAVE) esteve a bordo no navio alemão Meteor, de 16 de julho a 5 de agosto, e foi coordenada pelo GEOMAR Centro Helmholtz para a Investigação do Oceano, em Kiel (Alemanha). A expedição foi proposta por investigadores do Instituto Nacional de Oceanografia e Geofísica Aplicada (OGS), de Trieste (Itália), e da Universidade de Malta, e contou também com investigadores do Instituto de Investigação do Aquário da Baía de Monterey (Estados Unidos), das universidades de Birmingham, Oxford e Edinburgh (Reino Unido), da Universidade Victoria de Wellington (Nova Zelândia) e da Universidade de Kiel (Alemanha).