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A história de amor de Gyökeres teve tudo o que arde sem se ver em Alvalade (a crónica do Sporting-Vizela)

Este artigo tem mais de 1 ano

Em 72'', Gyökeres bisou e entrou no coração dos adeptos. Em 96'', o Vizela empatou e trouxe de volta os fantasmas aos adeptos. Aos 90+9', Paulinho resolveu bipolaridade e fez pazes com adeptos (3-2).

Viktor Gyökeres bisou num minuto mas seria Paulinho a decidir a vitória do Sporting frente ao Vizela no nono minuto de descontos
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Viktor Gyökeres bisou num minuto mas seria Paulinho a decidir a vitória do Sporting frente ao Vizela no nono minuto de descontos

Viktor Gyökeres bisou num minuto mas seria Paulinho a decidir a vitória do Sporting frente ao Vizela no nono minuto de descontos

O mesmo discurso pragmático mas mais leve. Mais confiante. Mais agregador. No lançamento daquilo que pode ser o novo Campeonato para o programa da Liga Portugal, também Rúben Amorim mostrava outra face em comparação com aquilo foram as intervenções públicas do técnico sobretudo na primeira volta do último Campeonato e com uma ideia sempre presente: os adeptos só tinham de manter o mesmo nível da temporada passada, a equipa é que tinha de subir e muito o nível em relação à época passada. E foi à luz dessa ideia, com o contexto de uma venda de Gameboxes que bateu recordes do clube e de uma bilhética que conseguiu chegar à lotação esgotada para o primeiro encontro oficial da época, que o técnico lançara a receção ao Vizela.

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“Tivemos uma pré-época como uma pré-época deve ser: bem planeada. Tivemos muitos jovens que se afirmaram e ganharam o seu espaço no plantel. Fomos crescendo na forma de jogar. Vendemos o Ugarte mas a base ficou e isso ajuda-nos a dar um passo em frente no que estávamos a fazer. Tivemos bons resultados, perdemos o último jogo mas a exibição foi boa. Agora o objetivo é lutar por todos os títulos nacionais mas o pensamento deve ser no Vizela e depois no Casa Pia. A pré-época bem preparada com jogadores da nossa Academia. Tivemos um reforço, podemos ter mais um. Vejo uma equipa bem preparada para começar o Campeonato”, apontara Rúben Amorim, que passava ao lado de ter apenas um único reforço confirmado.

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“Quanto a reforços, só vou falar do Viktor, porque é o único”, frisara esta sexta-feira, na antecâmara da vinda de Morten Hjulmand para Portugal onde teve oportunidade de ver a sua futura equipa. “É um avançado que, para lá dos golos, que não ligo tanto como vocês, dá à equipa capacidade para jogar mais baixa, de ter um avançado que pode fazer a jogada sozinho em transição. Com ele somos mais ameaçadores, tendo características diferentes somos mais completos. O facto de incorporar jovens é um ciclo de três anos. Estamos a iniciar um ciclo. Queremos ganhar todos os anos. Estamos a fazer o mesmo ciclo de há três anos. Há muita fome no treino e isso fará a equipa crescer”, sublinhara sobre a presença de Gyökeres, mais uma vez passando ao lado do valor que o avançado sueco custou e que se tornou um novo recorde dos leões.

“O Sporting é candidato. O único ano que disse que não era foi num ano muito difícil. Apesar de tudo o que se passou no ano passado, a equipa é capaz. Tenho zero expectativas porque temos apenas um objetivo. Supertaça? Estou focado apenas no Sporting. Não estou nada preocupado em retirarem-me o tapete. Foi uma fase diferente, esta não é assim. Posso dizer que já houve propostas muitas altas por outros jogadores e eles não foram vendidos. O nosso mercado de vendas está feito, falei com o Hugo Viana e com o presidente e acredito neles”, destacara a propósito da hipótese de perder mais jogadores ainda em agosto.

Sem Ugarte e com a venda surpresa de Chermiti dentro dos planos iniciais que existiam, com Gyökeres já integrado e Hjulmand em vias de ser apresentado e com a esperança de poder ver ainda chegar mais um ala direito (com Zanoli no topo das atuais prioridades) e talvez um avançado mais capaz de jogar a partir da esquerda com o perfil de Samuel Lino ou Iván Jaime, havia uma nova confiança em Alvalade também pelos resultados da pré-temporada. Aliás, também em Alvalade existiam vários vestígios da nova era 2.0, dos balneários ao wifi, das escadas pintadas às cadeiras. No entanto, esse estado de espírito ficava preso pela capacidade de haver um prolongamento desse momento contra uma das revelações da última temporada. E isso não demorou a acontecer, muito por culpa de um verdadeiro furacão chamado Viktor Gyökeres.

A introdução de Geny Catamo no lugar de Ricardo Esgaio à direita e a aposta em Daniel Bragança no meio-campo ao lado de Morita eram dois dos grandes motivos de interesse após serem conhecidas as duas equipas iniciais mas foi o sueco que arrebatou todos os holofotes com um feito histórico logo no quarto de hora inicial onde se tornou o estreante a bisar mais rápido na história do Sporting. Se os sinais dos encontros com Real Sociedad e Villarreal eram positivos, os dois golos comprovaram isso mesmo. Mais do que o bis, o trabalho no 1-0 e a garra demonstrada no lance do 2-0 são aquelas características que chegam e sobram para arrebatar os exigentes adeptos que voltaram aos estádios após a pandemia para andarem quase sempre a torcer o nariz a Paulinho. Alvalade conheceu o seu novo avançado que tem todas as condições para mostrar que foi um investimento e não um custo. A 12/08/2023 começou uma história de amor no reino leonino mas que não espantou os fantasmas do passado, mostrou tudo o que ainda arde sem se ver da última época e teve o epílogo mais improvável possível após o 2-0 ao intervalo com o 3-2 aos 90+9′ com golo de… Paulinho.

Ficha de jogo

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Sporting-Vizela, 3-2

1.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Fábio Melo (AF Porto)

Sporting: Adán; Diomande, Coates, Gonçalo Inácio; Geny Catamo (Ricardo Esgaio, 55′), Morita, Daniel Bragança (Marcus Edwards, 46′), Matheus Reis (Afonso Moreira, 64′, e Luís Neto, 90+9′); Francisco Trincão (Paulinho, 64′), Pedro Gonçalves e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Eduardo Quaresma, Mateus Fernandes e Jovane Cabral

Treinador: Rúben Amorim

Vizela: Buntic; Tomás Silva, Bruno Wilson, Anderson, Matheus Pereira (Lebedenko, 67′); Bustamante (Dylan Saint-Louis, 90+5′), Diogo Nascimento; Kiko Bondoso (Rashid, 90+5′), Samu, Nuno Moreira (Hugo Oliveira, 84′) e Essende (Jardel, 84′)

Suplentes não utilizados: Ruberto, Escoval, Alex Méndez e Unzueta

Treinador: Pablo Villar

Golos: Gyökeres (14′ e 15′), Essende (75′), Nuno Moreira (77′) e Paulinho (90+9′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Diomande (58′), Coates (88′), Luís Neto (90+6′, no banco) e Ricardo Esgaio (90+7′)

Quase empurrado pelo ambiente eletrizante que se vivia em Alvalade, o Sporting não demorou a assumir as rédeas do jogo procurando de várias formas distintas acercar-se da baliza do Vizela. Primeiro foi logo Geny Catamo, a dar largura à equipa pela direita, a receber um passe de Francisco Trincão que tinha ido receber dentro e a ver a tentativa de remate bloqueada num defesa (3′). Depois foi Coates, na sequência de um livre lateral à esquerda do ataque batido por Pedro Gonçalves que valeu um cabeceamento com grande defesa de Buntic para canto (4′). A seguir foi Gyökeres, que descaiu sobre o lado direito sem ter acompanhamento de um dos centrais, cruzou tenso e a bola ficou à mercê de um desvio na área que não apareceu (7′). O golo era uma questão de tempo e o sueco estava a preparar aquilo que seriam 72 segundos de sonho na estreia.

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Há coisas que não se explicam. Sentem-se, veem-se, percebem-se. A chancela de qualidade de Gyökeres veio nesse período e não foi apenas por ter bisado no quarto de hora inicial em duas jogadas quase seguidas mas sim a forma como conseguiu chegar a esses mesmos golos. Primeiro, numa bola mal cortada pela defesa do Vizela após cruzamento de Pedro Gonçalves da esquerda, fez a finta de forma instintiva de calcanhar e orientou a mira para o remate forte e rasteiro de pé esquerdo que não deu hipóteses a Buntic (14′). Logo a seguir, na bola de reposição, não “desligou” do jogo como até seria quase “natural” tendo em conta o que tinha acontecido no minuto anterior, ganhou uma bola mal atrasada pelo conjunto visitante, fez a finta para a direita quando podia ter assistido à procura do melhor ângulo e atirou de pé direito colocado para o 2-0 (15′).

Ninguém se sentava em Alvalade perante aquilo que estava a acontecer e o próprio Pablo Villar, que ainda não se tinha sentado, estava ainda mais mexido na zona técnica tentando fazer correções para travar aquele furacão sueco que tinha varrido o jogo no quarto de hora inicial. Foi nesse contexto também que apareceu Pedro Gonçalves, beneficiando de uma maior liberdade para surgir duas vezes na área com perigo: aos 21′, após um passe longo e pressionado por Bruno Wilson, foi perdendo ângulo e não colocou depois bem o pé na bola, chutando ao lado; aos 27′, na sequência de uma combinação com Trincão, fez um daqueles remates rasteiros que parecem passes e Buntic evitou o terceiro. Nesse mesmo canto, Gyökeres arriscou o hat-trick perfeito com um desvio de cabeça ao primeiro poste mas o guarda-redes segurou (28′).

Só mesmo nos minutos finais o Vizela ganhou alguma expressão em termos ofensivos, com Nuno Moreira a surgir de forma oportuna ao primeiro poste a rematar na passada após boa jogada coletiva mas ao lado (42′) e Kiko Bondoso a aproveitar um corte incompleto após canto para rematar enrolado de primeira também fora do alvo (45′). Pelo meio, Daniel Bragança teve também uma boa oportunidade para aumentar o avanço leonino, rematando de primeira ao segundo poste após cruzamento de Gyökeres da esquerda na sequência de um lançamento na profundidade sem que a defesa do Vizela conseguisse travar o avançado sueco.

Rúben Amorim mexeu na equipa logo ao intervalo, abdicando de Daniel Bragança para lançar Marcus Edwards na direita do ataque, colocar Trincão mais à esquerda e fazer recuar Pedro Gonçalves para o meio-campo. No entanto, sem alterar jogadores mas a mudar posicionamentos, o Vizela teve uma entrada mais afirmativa na segunda parte mesmo sem criar lances de perigo, travando em grande parte a capacidade de saída dos leões e “promovendo” alguns assobios perante as perdas de bola das unidades mais ofensivas. No entanto, e mesmo com uma boa defesa de Adán a remate de Diogo Nascimento após corte incompleto de Gonçalo Inácio à entrada da área (63′), uma meia distância de Pedro Gonçalves para nova defesa segura de Buntic acabou por ser um calmante para quem estava empolgado por mais golos.

Percebendo também o que estava a falhar, Amorim voltou a mexer na equipa. Primeiro colocou Ricardo Esgaio no lugar de Geny Catamo, estabilizando o corredor direito; mais tarde, lançou Afonso Moreira para o flanco esquerdo e Paulinho no ataque para aquela que foi a primeira de muitas parcerias do avançado com Gyökeres, num modelo que tenderá a colocar um dos jogadores a partir mais vezes a partir da esquerda ou de forma mais móvel na frente quando o desenho de dois avançados for mais latente. O Sporting melhorou, voltou a ter situações de perigo mas não evitou o regresso de todos os fantasmas do passado.

Tudo começou numa bola em profundidade pelo corredor central em que Adán ameaçou que iria sair, ficou a meio caminho, permitiu a Essende ainda antecipar-se para desviar para corte do espanhol e acabou com o avançado a empurrar para a baliza deserta (75′). Logo de seguida, numa saída bem gizada pela direita, Tomás Silva deu a profundidade, cruzou largo ao segundo poste e Nuno Moreira concluiu de primeira com um remate cruzado uma jogada made in Alcochete que fez o empate (77′). Apenas em 96 segundos, o Vizela empatava um encontro que parecia mais do que resolvido. Tudo acabado? Não, esta estreia em Alvalade tinha ainda um capítulo tão ou mais improvável por ser desvendado no nono minuto de descontos: quando já poucos acreditavam na vitória, Gyökeres conseguiu ganhar uma bola de cabeça na área, Paulinho mostrou-se no sítio certo no meio da confusão e rematou para o 3-2 que deu a última explosão da noite.

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