Quando chegam a um clube, todos os jogadores querem ambientar-se, conhecer e entrosar-se o melhor e mais rápido possível. Viktor Gyökeres não foi exceção. Ainda não tinha sido apresentado oficialmente pelas plataformas oficiais do clube e já estava a treinar na Academia, em Alcochete. Ainda todos falavam do preço que tinha custado, na maior transferência de sempre do clube, e já se encontrava em estágio no Algarve à espreita das primeiras oportunidades para jogar nos testes de pré-temporada. No entanto, e em relação a tudo o resto, era necessário tempo. O tempo normal. Afinal, o sueco só precisou de 90 minutos para ficar a conhecer tudo aquilo que esta versão do Sporting tem de bom e de mau nesta fase de ciclo Amorim.

A história de amor de Gyökeres teve tudo o que arde sem se ver em Alvalade (a crónica do Sporting-Vizela)

Primeiro, a parte boa. Ao marcar em minutos consecutivos com apenas 72 segundos de diferença, Gyökeres fez logo história ao tornar-se o estreante mais rápido de sempre a bisar pelo Sporting – que foi também o bis mais rápido da carreira do jogador. Sete anos depois, os leões tiveram um jogador a estrear-se com bis (Bruno César tinha sido o último em 2016), sendo que em Alvalade o último tinha sido Fredy Montero que até fez um hat-trick em 2013 frente ao Arouca. Depois, a parte má. Quase que atraindo os fantasmas que ensombraram a última temporada, dois erros defensivos em 96 segundos valeram o empate e colocaram o Vizela à beira de uma surpresa em Alvalade. Por fim, apareceu Paulinho. E voltou a parte boa.

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A cumprir o 100.º encontro pelo Sporting, o avançado português voltou a marcar ao conjunto minhoto e foi decisivo para resgatar o triunfo no oitavo minuto de descontos, naquela que foi uma das vitórias mais tardias do conjunto verde e branco na Liga. Paulinho marcou o 34.º golo desde que chegou a Alvalade em janeiro de 2021, o quinto a decidir um sucesso dos leões. Foi assim que a estreia de Gyökeres teve outro brilho, sendo que o GoalPoint apresenta um dado estatístico que ajuda a perceber da melhor forma o porquê da insistência de Rúben Amorim no jogador: logo na estreia, o sueco tornou-se o jogador que recebeu mais passes progressivos num só encontro (20), batendo um registo que pertencia ainda a Tiago Tomás. Em paralelo, este foi o jogo com o atual técnico em que a equipa tocou mais vezes na bola na área contrária.

“Começámos bem, marcámos dois golos cedo. Tivemos oportunidades para o terceiro, mas não conseguimos. Eles estiveram bem no contra-ataque. Fomos um bocado trapalhões com a bola, na segunda parte. Não foi o ideal mas marcámos no final. É o que importa. Estreia? Conseguimos três pontos e, por isso, foi perfeito. Foi bom marcar. Estou muito feliz. No primeiro golo coloquei a bola para o pé esquerdo e foi um golo bonito, no segundo foi diferente porque consegui ler mais rápido que o defesa e coloquei a bola no canto, outra vez. Só quero estar bem quando jogo e ajudar a equipa. Ainda faltam muitos jogos. Temos de continuar a ganhar”, comentou o avançado sueco de 25 anos no final da partida na flash interview da SportTV.

“Foi uma primeira parte muito confortável e talvez por isso, quando voltámos do intervalo, partimos o jogo. Parecia que nós é que estávamos atrás, tínhamos de ter posse e controlo diferente. Não tivemos. Sofremos dois golos, tornou-se tudo mais difícil mas conseguimos dar a volta. Tivemos capacidade de ir atrás do resultado e conseguimos. Excesso de confiança? Um pouco isso, mas não só. Para se ganhar campeonatos nunca se pode relaxar e a equipa relaxou. Sentiu-se confortável. Pensou que mais cedo ou mais tarde fazia o terceiro golo e acabaria com o jogo. Quando não acontece, as coisas mudam. Estes jogos são muito importantes quando se ganha, nem tudo é mau. É para a equipa acordar e saber que todos os jogos são muito difíceis”, salientou também Rúben Amorim, no primeiro comentário na zona de entrevistas rápidas.

“Temos de ser candidatos ao título, sabendo que há dias bons e maus, mas temos de ser consistentes. Sofremos dois golos outra vez com o jogo controlado. Se tivéssemos empatado teríamos perdido dois pontos e seríamos candidatos. Ganhando, mesmo com sofrimento, é bom sinal para os jogadores perceberem que o Campeonato vai ser muito difícil. Golo no final? É um alívio para todos. Tivemos um excelente ambiente, uma excelente primeira parte, com o jogo completamente controlado, mas deixámos correr na segunda parte e voltou a sentir-se a ansiedade do ano passado. Não podemos facilitar, temos de ganhar e sem sofrer golos. É esse o segredo das equipas que ganham campeonatos”, acrescentou o técnico, que falou ainda de Morten Hjulmand, que já esteve em Alvalade, como um reforço que será muito útil à equipa.