Os mais de 35 milhões de eleitores argentinos são este domingo chamados às urnas para participar nas eleições primárias que vão definir os candidatos às presidenciais de outubro, mas também os partidos que disputarão, na mesma ocasião, os mandatos parlamentares.
Estas primárias, conhecidas como PASO (Primárias abertas, simultâneas e obrigatórias), são uma particularidade da política argentina desde 2009 e acontecem num momento em que a Argentina, a terceira economia da América Latina, enfrenta um cenário económico delicado, marcado por graves desequilíbrios monetários e fiscais, uma inflação extremamente alta e um aumento da pobreza.
O objetivo deste processo é definir quais os partidos autorizados a concorrer às eleições nacionais, marcadas para 22 de outubro deste ano, e a candidatura aos cargos de Presidente e vice-Presidente de cada força política.
Para conseguir o “bilhete” para a passagem ao escrutínio de outubro, os partidos têm de obter um mínimo de 1,5% dos votos.
Na eleição de hoje, serão definidos os candidatos à Presidência, para o período 2023-2027, e aos cargos de legisladores, uma vez que serão renovados, na votação de outubro, os 130 assentos parlamentares e 24 membros do Senado (um terço) em oito províncias.
A par destes cargos, serão indicados os 19 candidatos à assembleia parlamentar do Mercosul (Mercado Comum do Sul) a nível nacional e os 24 a nível regional.
Em certas províncias serão igualmente escolhidos os candidatos a alguns cargos locais, nomeadamente para a liderança da câmara da cidade de Buenos Aires e para governador das províncias de Buenos Aires, Catamarca, Entre Ríos e Santa Cruz.
Nas primárias de hoje, estão a concorrer 27 pré-candidatos a Presidente, distribuídos por 15 alianças e partidos.
Entre as forças políticas que disputam estas primárias está o partido peronista (no poder) União pela Pátria, que tem duas duplas candidatas às presidenciais: o atual ministro da Economia Sergio Massa (Presidente) e o chefe de gabinete Agustín Rossi (vice-Presidente); o dirigente social Juan Grabois (Presidente) e a socióloga Paula Abal Medina (vice-Presidente).
Há ainda o Juntos pela Mudança (coligação de centro-direita), que tem como pré-candidatos à Presidência a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich – com o deputado Luis Petri para vice-Presidente – e o autarca de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que apresentou o governador de Jujuy, Gerardo Morales como o seu vice-Presidente.
A formação A Liberdade Avança (extrema-direita) tem como pré-candidato ao cargo de Presidente apenas o seu líder, o economista e deputado Javier Milei, que indicou a advogada e deputada Victoria Villarruel para a vice-Presidência.
Concorre ainda a Frente de Esquerda e Unidade Operária (FIT-U), que apresentou como pré-candidatos os deputados Myriam Bergman (pré-candidata a Presidente) e Nicolás Del Caño (vice-Presidente), que concorrerão com o legislador da cidade de Buenos Aires Gabriel Solano (Presidente) e a dirigente Vilma Ripoll (vice-Presidente).
Dezoito das 24 províncias do país – com pouco menos da metade dos cadernos eleitorais — já realizaram eleições locais este ano para se separarem do sufrágio geral de outubro.
Os cadernos eleitorais indicam que estão aptos a votar 35.394.425 eleitores em 104.577 mesas, nomeadamente em 16.950 locais de votação. O voto só é facultativo entre os eleitores da faixa etária 16-18 anos, bem como a partir dos 70 anos.
Os centros de votação estarão abertos das 08:00 locais (12:00 em Lisboa) até às 18:00 locais (22:00 em Lisboa). A contagem dos votos começa 48 horas após o fim do ato eleitoral.