O facto de o Campeonato estar à porta e haver apenas uma cara nova no plantel poderia ser por si só uma das grandes diferenças na abordagem ao mercado do Sporting em 2023/24 em comparação com as temporadas anteriores. No entanto, não é a única. E a chegada de Morten Hjulmand personifica mais uma das viragens em torno da política verde e branca: quando existe um alvo definido, e mesmo havendo outras alternativas, os leões vão com tudo para assegurar a contratação. Não sendo aquele que seria “o” grande sonho de Rúben Amorim para a posição, o dinamarquês é mais um dos nomes pedidos pelo técnico para o plantel.

Ao contrário do que aconteceu com as outras posições, esta era a vaga mais em aberto de todas. No ataque, as contas eram simples: por mais avançados que estivessem referenciados, Viktor Gyökeres foi sempre a opção número 1 pelas características que apresentou sobretudo nas duas últimas temporadas pelo Coventry e o plano B passava por Ayase Ueda, japonês do Cercle Brugge que rumou na última semana ao Feyenoord. Para o lado direito, mesmo não havendo ainda sinais de um possível acordo com o Nápoles, Alessandro Zanoli é o desejado depois dos valores elevados que eram pedidos por Tariq Lamptey (Brighton) e Milan van Ewijk (Heerenveen, que rumou este verão ao Coventry) e pelo chumbo nos exames médios de José Ángel Carmona (Sevilha, cedido ao Getafe). Até para a ala esquerda, caso exista ainda essa margem, há dois nomes há muito identificados para entrar logo nas opções: Samuel Lino (Atl. Madrid) e Iván Jaime (Famalicão).

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Em relação ao sucessor de Manu Ugarte (mesmo com características de jogo diferentes), Tijjani Reijnders, médio que cumpre várias posições e funções no meio-campo de AZ Alkmaar, era quase um desejo proibido, não tanto pelo valor que a transferência poderia envolver mas pela concorrência que teria pelo internacional Sub-20 neerlandês de 24 anos – e foi o AC Milan que levou a melhor, pagando 19 milhões de euros para levar o jogador para a Serie A. Assim, a opção Morten Hjulmand, internacional Sub-21 dinamarquês que jogava no Lecce, ganhou ainda mais força. As negociações demoraram, o acordo entre clubes foi mais rápido do que entre leões e médio mas tudo chegou a bom porto, com o escandinavo a juntar-se assim a Viktor Gyökeres.

Formado no Copenhaga, Hjulmand mudou-se com 18 anos para os austríacos do Admira Wacker sem ter feito a estreia no principal conjunto dos escandinavos. Em 2021, após três temporadas na Áustria, o médio internacional em todas as camadas jovens rumou ao Lecce. O reforço leonino tem uma outra curiosidade em seu torno ligada à principal referência, Patrick Vieira. Após crescer com um poster do antigo médio campeão europeu e mundial pela França colado na parede do quarto, Hjulmand tatuou o símbolo do Arsenal, onde o gaulês jogava, no ombro – e os adeptos do Tottenham, clube que manifestou também interesse no jogador no ano passado, não gostaram desse pormenor quando se galou na possibilidade de ir para Londres…

Em termos brutos, Hjulmand ficará como a segunda maior contratação do Sporting apenas atrás do sueco, superando Paulinho (16 milhões por 70% do passe) com um negócio que custou à equipa de Alvalade 18 milhões de euros mais dois em objetivos desportivos. Mais do que o valor, o dinamarquês, que viu o seu salário anual subir para valores um pouco acima de um milhão de euros líquidos por época, irá criar outras dinâmicas na equipa de Rúben Amorim, tendo em conta as características mais de ‘6’ do jogador. Ou seja, e após a saída de Ugarte, o Sporting assegura alguém com mais semelhanças a João Palhinha, o que permite que Morita volte à posição original de ‘8’ e que Pedro Gonçalves seja mais “poupado” às descidas do lado esquerdo do ataque para o meio-campo. Daniel Bragança, Mateus Fernandes e Dário Essugo são as outras opções para a posição, sendo que o último já viu recusada uma proposta de uma equipa do top 5 europeu.

Com a confirmação de Hjulmand e a saída de Chermiti, não são esperadas mais vendas entre o atual plantel verde e branco mas pode ainda chegar pelo menos mais um jogador, neste caso alguém para fazer toda a ala direita como Ricardo Esgaio. A venda do internacional Sub-19 ao Everton abre outra margem também para a chegada de mais um ala que jogue tendencialmente a partir da esquerda, juntando-se a Trincão, Marcus Edwards, Pedro Gonçalves, Gyökeres, Afonso Moreira e Paulinho entre as opções ofensivas. Jovane Cabral, que continua com o futuro em aberto, pode ou não deixar Alvalade ainda neste mercado.

“Escolhi o Sporting porque é um grande passo para a minha carreira. Quero continuar a desenvolver-me como pessoa e como jogador e, claro, é um clube conhecido pelo seu trabalho com jovens jogadores. É um clube muito grande na Europa, com muita história e troféus e habituado a jogar nas competições europeias. Foi espectacular ver o estádio e os adeptos. Fiquei muito feliz com a vitória e gostei do ambiente. Foi muito bom, especialmente depois do último golo. O estádio ficou ao rubro. As primeiras impressões têm sido muito boas”, comentou o médio que assinou até junho de 2028, com uma cláusula de rescisão de 80 milhões.

“Tem sido um bom dia a conhecer os jogadores e o staff. Sinto como se fosse uma família. Todos são muito abertos e simpáticos, por isso estou muito feliz. Rúben Amorim? Falei um bocado com ele antes de assinar e foram conversas muito boas. Tem muita energia, sente-se que adora e respira futebol e também notei isso no treino e na forma como fala com a equipa. Gosto de proteger a linha defensiva, de recuperar muitas bolas e ao mesmo tempo ligar o jogo também com os jogadores mais ofensivos. Disputo bastantes duelos e luto muito durante o jogo”, acrescentou ainda Hjulmand aos meios do clube.