O secretário de Estado da Juventude e do Desporto quer reunir urgentemente com a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) devido aos cortes no desporto, a um ano de Paris2024, afirmou esta quarta-feira o governante.

“A SCML informou as federações que se encontra a rever o plano de patrocínios aos eventos desportivos, preparando-se para cortar no apoio aos referidos eventos”, escreveu João Paulo Correia na sua página na rede social X (antigo Twitter).

As federações desportivas foram avisadas através de cartas assinadas pela provedora Ana Jorge, que assumiu funções na SCML em 2 de maio último.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa avisa federações para cortes no apoio ao desporto

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Em causa, de acordo com várias das missivas a que a Lusa teve acesso, está a revisão do “plano de patrocínios delineado para 2023″, advertindo, ainda, que o patrocínio, em nome dos Jogos Santa Casa, na sua maioria, além dos contratos em vigor não está assegurado.

Trata-se de uma política de apoio que cumpre na íntegra a missão da SCML, assente no relevante papel social do Desporto. Por outro lado, esta decisão é anunciada a menos de um ano dos jogos Olímpicos e Paralímpicos, provocando maiores impactos ao setor”, prosseguiu João Paulo Correia.

Nesse sentido, o governante anunciou, também através da rede social X (antigo Twitter), o pedido de reunião com Ana Jorge: “Tendo presente a preocupante decisão da SCML, pedirei ainda esta manhã uma reunião urgente com a senhora Provedora”.

A justificação para este corte prende-se com “a conjuntura económico-social que se vive”, que conferiu “novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis”.

“O impacto financeiro associado a esta nova realidade obrigou a SCML a reequacionar projetos e reforçar respostas face a uma procura crescente dos serviços que a Misericórdia de Lisboa presta. Acompanhada por uma significativa perda das receitas provenientes dos jogos sociais do Estado, a atual situação orçamental que a instituição atravessa não pode ser ignorada”, lê-se numa das cartas enviadas a várias federações olímpicas.

Ana Jorge assume-se certa de que estas entidades desportivas “compreenderão” a “difícil decisão pelas razões evidenciadas”, sem excluir “uma eventual reavaliação futura desta situação caso as premissas se alterem”.

“O apoio ao desporto nacional, ao talento desportivo e aos grandes eventos nacionais mantém-se como um dos principais desígnios dos Jogos Santa Casa, que têm vindo a prosseguir uma estratégia de patrocínios que transforma parcerias em concretas ferramentas de integração e coesão social”, lê-se, por seu lado, na página oficial na Internet dos Jogos Santa Casa.

No mesmo site, a SCML considera que “o desporto é determinante no combate à exclusão e à discriminação, assim como na promoção de uma sociedade mais igualitária, inclusiva e justa. Razões que têm levado ao crescente posicionamento dos Jogos Santa Casa como principal patrocinador e impulsionador do desporto em Portugal, numa missão que dura já há mais de 10 anos”.

Os números não deixam margem para dúvidas e são já muitas as entidades e os desportistas que beneficiaram destes apoios, com especial destaque para o trabalho desenvolvido na caminhada olímpica, paralímpica e surdolímpica, sem descurar o desenvolvimento do desporto adaptado e o crescimento do desporto feminino”, completa a SCML, no seu site.

Entre as entidades apoiadas pelos Jogos Santa Casa, de acordo com a lista publicada no seu site, constam o Comité Olímpico de Portugal (COP), o Comité Paralímpico de Portugal (CPP), a Confederação do Desporto de Portugal (CDP), as federações de equestre, motociclismo, andebol, atletismo, canoagem, ciclismo, futebol, ginástica, judo, natação, patinagem, remo, râguebi, surf, ténis de mesa, triatlo, voleibol e de desporto para pessoas com deficiência.