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Era o jogo que ninguém queria jogar, era o jogo que teriam mesmo de jogar – e era o jogo que, dentro de uma frustração normal de quem ficou apenas um passo de discutir a final do Campeonato do Mundo, poderia ser um jogo histórico tendo em conta que a Suécia poderia igualar a segunda melhor participação de sempre na prova e que a Austrália poderia selar a melhor participação de sempre com um inédito pódio. Assim, era na capacidade de recuperação física e mental que entroncava a chave do encontro de atribuição do terceiro e quarto lugares da competição, mais uma vez com uma casa a reforçar o recorde de espectadores.
⏪ Revisit all eight previous #FIFAWWC third-place play-offs.
Who'll take ???? this year?
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) August 19, 2023
Do lado da Austrália, toda a história ao longo da campanha parecia destinada a desaguar na final. Houve a lesão da estrela Sam Kerr e os problemas físicos com outras jogadoras de ataque que nem por isso impediram a equipa de passar a fase de grupos na primeira posição, uma vitória “sem espinhas” frente à Dinamarca e o dramático desempate por grandes penalidades com a França nos quartos mas tudo “travou” na eficácia da Inglaterra, que aproveitou erros pouco comuns da defesa das Matildas para ganharem nas meias. Ainda assim, a história estava feita. Pela forma como todo o país se uniu à equipa, pelos estádios cheios, pelos recordes de vendas de camisolas que superaram a equipa masculina, pelas grandes audiências televisivas.
Conquistaram a Europa e querem dominar o Mundo: Inglaterra derrota Austrália e avança para a final
Da parte da Suécia, toda a história ao longo da campanha parecia destinada a desaguar na final. Depois do “susto” inicial de um triunfo a abrir a prova com a África do Sul que chegou em cima do minuto 90, a equipa sueca fechou a fase de grupos só com vitórias, eliminou os todo poderosos EUA no desempate por grandes penalidades que se revestiu de grande surpresa da prova, ganhou a um Japão que era a melhor equipa até então na competição mas “travou” na eficácia da Espanha, que tirou as escandinavas da sua zona de conforto num jogo mais físico para ganhar numa meia-final com três golos nos dez minutos finais. Ainda assim, e mesmo sem chegar à final, a história estava feita. Pelos argumentos apresentados pela equipa, pelo estilo de jogo que imperou ao longo de toda a prova, pela capacidade de bater o pé a conjuntos melhores.
Agora, só uma poderia fechar com a chave de bronze a competição. E foi a Suécia que começou melhor, logo com Stina Blackstenius a obrigar Mackenzie Arnold a uma defesa apertada no primeiro minuto de jogo. A Austrália foi equilibrando depois a partida, teve também um remate com perigo de Hayley Raso travado por Musovic mas foram as escandinavas que inauguraram mesmo o marcador, com Fridolina Rölfo a marcar de grande penalidade e a responder às críticas que recebeu por ter tirado uma fotografia com a companheira no Barcelona Aitana Bonmatí após a meia-final perdida (30′). Até ao intervalo, Blackstenius e Angeldal ainda ameaçaram o segundo golo mas Mackenzie Arnold foi segurando a desvantagem mínima no jogo.
#SWE with the advantage at the break. ????#BeyondGreatness | #FIFAWWC
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) August 19, 2023
No segundo tempo, Tony Gustavsson tentou mexer na equipa com as entradas de Cortnee Vine e Emily van Egmond mas voltou a ser a Suécia a mostrar-se mais confortável na partida, chegando mesmo ao 2-0 num remate colocado da capitã Kosovare Asllani após assistência de Blackstenius que praticamente decidiu a atribuição da medalha de bronze (62′). Apesar do forcing com jogo direto à mistura na parte final da partida, a Suécia confirmava a apetência para ganhar a decisão pelo terceiro lugar mas nem por isso a Austrália deixou de sair debaixo de uma grande ovação por tudo aquilo que conseguiram neste Mundial.
A great goal from Kosovare Asllani ????
Sweden look set to secure third place ???? #FIFAWWC #AUS #SWE pic.twitter.com/jyEBxIWhXB
— BBC Sport (@BBCSport) August 19, 2023
A pérola
- Stina Blackstenius teve vários remates e oportunidades para marcar mas, mesmo não tendo feito qualquer golo, mostrou a vantagem que é para qualquer equipa ter uma jogadora na frente forte em termos físicos e que seja capaz de esticar o jogo ou combinar com as médias mais adiantadas. A jogadora de 27 anos do Arsenal, que antes de deixar a Suécia completou a licenciatura em Economia, sofreu a falta que originou a grande penalidade do 1-0 e assistiu Kosovare Asllani para o 2-0 em mais um jogo onde conseguiu fazer a diferença e abriu alas à conquista da medalha de bronze pela Suécia.
Should it have been a penalty? ????
Sweden hit the lead 1-0 after Clare Hunt and Stina Blackstenius get tangled up.
Listen live on the ABC Listen app: https://t.co/KTKyZs0T4n
????: 7Sport #FIFAWWC #Matildas pic.twitter.com/8RalBtwQbZ
— ABC SPORT (@abcsport) August 19, 2023
O joker
- Kosovare Asllani até pode ainda fazer mais um Mundial, tendo em conta os 34 anos que leva agora, mas era na Austrália e na Nova Zelândia que tinha a oportunidade de conquistar como capitã o primeiro Mundial da carreira. Não conseguiu. No entanto, fez um dos melhores jogos na prova na decisão do terceiro e quarto lugares, não só pelo golo mas pela forma como foi conseguindo ligar o meio-campo e o ataque da Suécia, bem mais capaz de criar ocasiões do que tinha acontecido com a Espanha. Vai agora voltar ao AC Milan, numa carreira com passagens por EUA, Manchester City, PSG e Real Madrid.
Clinical Kosovare. ⚡️@KosovareAsllani | #FIFAWWC pic.twitter.com/AA9SCBEUDU
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A sentença
- Não houve três sem quatro: naquele que foi o quarto jogo de discussão da medalha de bronze num Mundial, a Suécia voltou a ganhar tal como já tinha acontecido em 1991 (Alemanha, 4-0), em 2011 (França, 2-1) e em 2019 (Inglaterra, 2-1). Desta forma, contas feitas, o conjunto escandinavo conseguiu terminar o Campeonato do Mundo mais de metade das vezes no pódio, se juntarmos também a isso a final perdida em 2003 no prolongamento com a Alemanha (2-1). Em relação à Austrália, e apesar de nova derrota, as Matildas conseguiram aquela que foi a sua melhor participação com o quarto lugar.
This support. ????????#BeyondGreatness | #FIFAWWC pic.twitter.com/28I0o8t0z6
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) August 19, 2023
A mentira
- Do meio-campo para a frente, a Austrália nunca ficou a dever muito às principais seleções neste Mundial mas a inexperiência nesta fase das grandes competições acabou por levar a uma “fatura” muito pesada na hora das decisões. A forma como Clare Hunt cometeu a grande penalidade que originou o 1-0 e a maneira como Blackstenius teve todo o espaço e tempo do mundo para assistir Asllani para o 2-0 foram mais dois exemplos disso mesmo, sendo que a guarda-redes Mackenzie Arnold ainda foi conseguindo evitar males maiores não só contra a Suécia mas também nos outros jogos a eliminar.
Sam Kerr's story about her & Mackenzie Arnold trying to walk down the street in Brisbane today is so wholesome ????????
"I just walked down the street just before and everyone was saying thank you, not well done that they normally do, just thank you.
"Me and Macca got in the cab… pic.twitter.com/tMW2xyIJvO
— KEEPUP (@keepupau) August 18, 2023