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Era o jogo que ninguém queria jogar, era o jogo que teriam mesmo de jogar – e era o jogo que, dentro de uma frustração normal de quem ficou apenas um passo de discutir a final do Campeonato do Mundo, poderia ser um jogo histórico tendo em conta que a Suécia poderia igualar a segunda melhor participação de sempre na prova e que a Austrália poderia selar a melhor participação de sempre com um inédito pódio. Assim, era na capacidade de recuperação física e mental que entroncava a chave do encontro de atribuição do terceiro e quarto lugares da competição, mais uma vez com uma casa a reforçar o recorde de espectadores.

Do lado da Austrália, toda a história ao longo da campanha parecia destinada a desaguar na final. Houve a lesão da estrela Sam Kerr e os problemas físicos com outras jogadoras de ataque que nem por isso impediram a equipa de passar a fase de grupos na primeira posição, uma vitória “sem espinhas” frente à Dinamarca e o dramático desempate por grandes penalidades com a França nos quartos mas tudo “travou” na eficácia da Inglaterra, que aproveitou erros pouco comuns da defesa das Matildas para ganharem nas meias. Ainda assim, a história estava feita. Pela forma como todo o país se uniu à equipa, pelos estádios cheios, pelos recordes de vendas de camisolas que superaram a equipa masculina, pelas grandes audiências televisivas.

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Da parte da Suécia, toda a história ao longo da campanha parecia destinada a desaguar na final. Depois do “susto” inicial de um triunfo a abrir a prova com a África do Sul que chegou em cima do minuto 90, a equipa sueca fechou a fase de grupos só com vitórias, eliminou os todo poderosos EUA no desempate por grandes penalidades que se revestiu de grande surpresa da prova, ganhou a um Japão que era a melhor equipa até então na competição mas “travou” na eficácia da Espanha, que tirou as escandinavas da sua zona de conforto num jogo mais físico para ganhar numa meia-final com três golos nos dez minutos finais. Ainda assim, e mesmo sem chegar à final, a história estava feita. Pelos argumentos apresentados pela equipa, pelo estilo de jogo que imperou ao longo de toda a prova, pela capacidade de bater o pé a conjuntos melhores.

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Agora, só uma poderia fechar com a chave de bronze a competição. E foi a Suécia que começou melhor, logo com Stina Blackstenius a obrigar Mackenzie Arnold a uma defesa apertada no primeiro minuto de jogo. A Austrália foi equilibrando depois a partida, teve também um remate com perigo de Hayley Raso travado por Musovic mas foram as escandinavas que inauguraram mesmo o marcador, com Fridolina Rölfo a marcar de grande penalidade e a responder às críticas que recebeu por ter tirado uma fotografia com a companheira no Barcelona Aitana Bonmatí após a meia-final perdida (30′). Até ao intervalo, Blackstenius e Angeldal ainda ameaçaram o segundo golo mas Mackenzie Arnold foi segurando a desvantagem mínima no jogo.

No segundo tempo, Tony Gustavsson tentou mexer na equipa com as entradas de Cortnee Vine e Emily van Egmond mas voltou a ser a Suécia a mostrar-se mais confortável na partida, chegando mesmo ao 2-0 num remate colocado da capitã Kosovare Asllani após assistência de Blackstenius que praticamente decidiu a atribuição da medalha de bronze (62′). Apesar do forcing com jogo direto à mistura na parte final da partida, a Suécia confirmava a apetência para ganhar a decisão pelo terceiro lugar mas nem por isso a Austrália deixou de sair debaixo de uma grande ovação por tudo aquilo que conseguiram neste Mundial.

A pérola

  • Stina Blackstenius teve vários remates e oportunidades para marcar mas, mesmo não tendo feito qualquer golo, mostrou a vantagem que é para qualquer equipa ter uma jogadora na frente forte em termos físicos e que seja capaz de esticar o jogo ou combinar com as médias mais adiantadas. A jogadora de 27 anos do Arsenal, que antes de deixar a Suécia completou a licenciatura em Economia, sofreu a falta que originou a grande penalidade do 1-0 e assistiu Kosovare Asllani para o 2-0 em mais um jogo onde conseguiu fazer a diferença e abriu alas à conquista da medalha de bronze pela Suécia.

O joker

  • Kosovare Asllani até pode ainda fazer mais um Mundial, tendo em conta os 34 anos que leva agora, mas era na Austrália e na Nova Zelândia que tinha a oportunidade de conquistar como capitã o primeiro Mundial da carreira. Não conseguiu. No entanto, fez um dos melhores jogos na prova na decisão do terceiro e quarto lugares, não só pelo golo mas pela forma como foi conseguindo ligar o meio-campo e o ataque da Suécia, bem mais capaz de criar ocasiões do que tinha acontecido com a Espanha. Vai agora voltar ao AC Milan, numa carreira com passagens por EUA, Manchester City, PSG e Real Madrid.

A sentença

  • Não houve três sem quatro: naquele que foi o quarto jogo de discussão da medalha de bronze num Mundial, a Suécia voltou a ganhar tal como já tinha acontecido em 1991 (Alemanha, 4-0), em 2011 (França, 2-1) e em 2019 (Inglaterra, 2-1). Desta forma, contas feitas, o conjunto escandinavo conseguiu terminar o Campeonato do Mundo mais de metade das vezes no pódio, se juntarmos também a isso a final perdida em 2003 no prolongamento com a Alemanha (2-1). Em relação à Austrália, e apesar de nova derrota, as Matildas conseguiram aquela que foi a sua melhor participação com o quarto lugar.

A mentira

  • Do meio-campo para a frente, a Austrália nunca ficou a dever muito às principais seleções neste Mundial mas a inexperiência nesta fase das grandes competições acabou por levar a uma “fatura” muito pesada na hora das decisões. A forma como Clare Hunt cometeu a grande penalidade que originou o 1-0 e a maneira como Blackstenius teve todo o espaço e tempo do mundo para assistir Asllani para o 2-0 foram mais dois exemplos disso mesmo, sendo que a guarda-redes Mackenzie Arnold ainda foi conseguindo evitar males maiores não só contra a Suécia mas também nos outros jogos a eliminar.