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O João Ratão que não vai na história da Carochinha (a crónica do Gil Vicente-Benfica)

Este artigo tem mais de 1 ano

João Mário foi titular, sofreu um penálti, esteve no lance do segundo golo e fez falta assim que saiu. No fim, Benfica sofreu mas venceu o Gil Vicente em Barcelos, somando o 2.º triunfo seguido (2-3).

João Mário esteve no lance do segundo golo do Benfica, marcado por Rafa
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João Mário esteve no lance do segundo golo do Benfica, marcado por Rafa

LUSA

João Mário esteve no lance do segundo golo do Benfica, marcado por Rafa

LUSA

Se há algumas semanas qualquer adepto do Benfica fosse questionado sobre qual poderia ser a grande indefinição das primeiras jornadas da temporada, poucos poderiam adivinhar que a incerteza estaria na baliza. Depois de uma negociação longa e sem frutos pelo brasileiro Bento, depois da contratação de Trubin, depois de uma exibição pouco conseguida contra o Boavista, Vlachodimos saiu das contas de Roger Schmidt — e o treinador alemão parecia não ter arrependimentos.

“Sabem que tento ser sempre honesto sobre os jogadores e os jogos. Penso que não esteve no topo da forma. Não importa qual é a posição do jogador. Não é um problema falar sobre isso. Não foi uma crítica à pessoa, apenas àquilo que se passou no jogo. É normal também para os jogadores. Todos os jogadores sabem que têm de estar ao seu melhor nível. Fomos campeões no ano passado, mas isso não traz vantagens para esta época. Temos de mostrar que somos capazes. A minha maneira de ser treinador é assim, ser sempre honesto com os jogadores”, disse Schmidt, assumindo que não iria retirar as críticas que fez ao guarda-redes na sequência da derrota contra o Boavista e que culminaram com a perda da titularidade para Samuel Soares frente ao Estrela da Amadora.

Ficha de jogo

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Gil Vicente-Benfica, 2-3

3.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Gil Vicente: Andrew, Zé Carlos, Gabriel, Rúben Fernandes, Leonardo Buta, Pedro Tiba, Gbane (Félix Correia, 65′), Dominguez, Fujimoto, Marlon (Tidjany Touré, 65′), Baturina (Depú, 65′)

Suplentes não utilizados: Brian Araújo, Né Lopes, Kiko Pereira, Jesús Castillo, André Simões, Miguel

Treinador: Vítor Campelos

Benfica: Samuel Soares, Alexander Bah, António Silva, Otamendi, Fredrik Aursnes, Florentino (João Neves, 75′), Kökçü (Chiquinho, 75′), Di María, Rafa (Musa, 90+3′), João Mário (David Neres, 63′), Arthur Cabral (Tengstedt, 63′)

Suplentes não utilizados: Trubin, Morato, Ristic, Tomás Araújo

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Di María (gp, 19′), Rafa (53′), Tidjany Touré (74′), Musa (90+4′), Dominguez (90+8′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Dominguez (17′), a Pedro Tiba (29′), a Kökçü (45+4′), a Florentino (67′), a Rafa (67′), a Zé Carlos (78′)

Certo é que o Benfica deslocava-se a Barcelos para defrontar o Gil Vicente e precisava de vencer para carimbar a segunda vitória consecutiva e começar a desmistificar um início de temporada algo incerto — entre a conquista da Supertaça, a derrota no Bessa e o triunfo difícil perante o Estrela na Luz. Uma incerteza que, novamente, se estendia à baliza. Vlachodimos ia recuperar a titularidade? Ia voltar à ficha de jogo e ser suplente? Ia ficar mais uma vez de fora da convocatória?

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No fim, Roger Schmidt manteve a lógica de pensamento e deu mais um sinal de que o guarda-redes poderá estar mesmo de saída dos encarnados. Em Barcelos, Vlachodimos voltava a ficar de fora da convocatória, com Samuel Soares a manter a titularidade e Trubin a ser suplente, e o dossiê mais inesperado do início de temporada do Benfica estava cada vez mais denso. O treinador alemão também mantinha David Neres no banco, apostando novamente em Rafa, João Mário e Di María no apoio a Arthur Cabral, e lançava Florentino no onze inicial e em detrimento de João Neves.

O jogo começou algo lento e sem grandes ideias de parte a parte, mantendo-se muito preso na zona do meio-campo e sem aproximações às balizas. O Benfica depressa assumiu o controlo das ocorrências, bloqueando o setor intermédio do Gil Vicente e construindo já numa fase algo adiantada através de recuperações de bola e de uma pressão alta e eficaz. Os encarnados procuravam desequilibrar essencialmente pelo corredor esquerdo, onde João Mário ia sendo o elemento mais importante da equipa, e foi precisamente o médio português a protagonizar a primeira ocasião de maior perigo com um remate por cima na grande área (13′).

João Mário era mesmo o jogador que mais desequilibrava e acabou por conquistar uma grande penalidade ainda dentro dos 20 minutos iniciais, sendo derrubado em falta por Marlon na área gilista. Na conversão, com muita tranquilidade, Di María não deu hipótese a Andrew e abriu o marcador (17′). Os encarnados poderiam ter aumentado a vantagem pouco depois, com Arthur Cabral a desviar um cruzamento de cabeça e o guarda-redes do Gil Vicente a defender com o pé (22′), mas o lance do avançado brasileiro foi mesmo a exceção a uma regra em que as oportunidades escasseavam.

O Benfica tinha mais bola, dominava por completo e beneficiava de um adversário muito passivo — mas falhava na definição no último terço, errava muitos passes na zona do meio-campo e não conseguia criar perigo pelo corredor central, apostando quase sempre na lateralização e nos cruzamentos para a grande área como forma para chegar perto da baliza de Andrew. Os minutos iam passando, sem que o Benfica ficasse perto do segundo golo e sem que o Gil Vicente ficasse perto do empate, e Florentino ia sendo o espelho de uma exibição algo morna da equipa de Roger Schmidt.

Mesmo à beira do intervalo, no último lance da primeira parte, o Gil Vicente poderia ter empatado: na sequência de um livre cobrado na direita, Rúben Fernandes apareceu a cabecear na área e Samuel Soares manteve a vantagem encarnada com uma defesa atenta (45+5′). Ao intervalo, o Benfica estava a vencer pela margem mínima — mas o momento de Rúben Fernandes deixava claro que os gilistas, de um momento para o outro, poderiam colocar isso em causa.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Gil Vicente-Benfica:]

A segunda parte começou com um remate de Rafa que Andrew encaixou, mas também começou com a certeza de que o Gil Vicente ia arriscar mais. A equipa de Vítor Campelos voltou do balneário com as linhas mais subidas, procurando encurtar a margem de manobra do Benfica e sair do próprio meio-campo com maior frequência — algo que, em sentido oposto, abria muito espaço entre setores e convidava o adversário a explorar a profundidade.

Di María ficou muito perto de aumentar a vantagem, com um livre direto que Andrew defendeu (51′), e acabou por ser Rafa a fazer o segundo golo do Benfica: o avançado português avançou pelo corredor central, abriu em João Mário na esquerda e viu-o abrir ainda mais em Aursnes e apareceu já na grande área a responder da melhor forma ao cruzamento do norueguês (53′). Sem que estivessem cumpridos 10 minutos do segundo tempo, os encarnados conquistavam uma tranquilidade importante na partida.

Roger Schmidt mexeu pouco depois, trocando João Mário e Arthur Cabral por Neres e Tengstedt, e o jogo ia partindo e dedicando-se a lances mais rápidos e diretos — algo que beneficiava o Gil Vicente, que não estava totalmente encostado à própria baliza, mas também o Benfica, que ia segurando o resultado e apostando nos contra-ataques. Dominguez teve a melhor ocasião deste período, com um remate cruzado que Samuel Soares encaixou (64′), e Vítor Campelos procurou refrescar a equipa com as entradas de Félix Correia, Touré e Depú.

E refrescou bem. A cerca de um quarto de hora do fim, na sequência de um lance algo confuso na grande área do Benfica, Touré apareceu entre dois defesas adversários a rematar em esforço e reduziu a desvantagem gilista (74′), relançando a partida. Schmidt fez a dupla substituição que já tinha preparado, mudando o duplo pivô do meio-campo de Kökçü e Florentino para Chiquinho e João Neves, e os seis minutos de descontos ainda trouxeram dois golos. Musa marcou na primeira vez em que tocou na bola (90+3′), respondendo a uma grande assistência de Neves, e Dominguez voltou a reduzir de livre direto (90+8′).

No fim, o Benfica conseguiu vencer o Gil Vicente em Barcelos e somar o triunfo consecutivo no Campeonato apesar das dificuldades sentidas essencialmente na segunda parte — e depois da saída de João Mário, que foi o melhor elementos dos encarnados, sofreu uma grande penalidade e esteve no lance no segundo golo e mostrou que a ideia de que não será tão importante para Roger Schmidt esta temporada é manifestamente exagerada.

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