Num olhar mais cru, as contas são simples: em três jornadas, o Benfica leva duas vitórias e uma derrota. Num olhar mais analítico, as contas são mais complicadas: em três jornadas, o Benfica leva duas vitórias sofridas e uma derrota. Este sábado, contra o Gil Vicente em Barcelos, os encarnados estiveram a vencer por dois golos de diferença, concederam outros dois e sofreram até ao fim num jogo que parecia aparentemente controlado.

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E os números não mentem: esta é já a pior defesa do Benfica ao fim de três jornadas nos últimos 15 anos, igualando os cinco golos sofridos de 2008/09. Ao mesmo tempo, esta foi a primeira vez em oito temporadas em que o Gil Vicente conseguiu marcar dois golos aos encarnados em Barcelos, algo que também espelha alguma fragilidade defensiva da equipa de Roger Schmidt.

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Depois do jogo, ainda na zona de entrevistas rápidas, o treinador alemão defendeu que a vitória foi justa, mas não escondeu que o resultado poderia ter sido alcançado com outra tranquilidade. “Temos sempre de respeitar o adversário. 2-0 é um resultado perigoso, com um golo o adversário pode voltar ao jogo. Jogámos bem, merecemos marcar os dois golos e podíamos ter marcado mais. Foi complicado à frente da baliza, podíamos ter encontrado melhores soluções em algumas ocasiões. Vencemos, mas penso que tivemos alguns momentos de desconcentração e o Gil Vicente reagiu. Merecemos ganhar. Podemos aprender algumas coisas com este jogo”, começou por dizer Schmidt, que respondeu depois a uma questão sobre os golos sofridos pelo Benfica nestes primeiros três jogos.

“Acho que no ano passado tivemos boas exibições nestes casos, não sofríamos muitos golos. Nesta altura não estamos tão compactos, mas temos de aprender a partir daí. É o futebol, tivemos vários momentos e não marcámos e acabámos por perder a concentração. O adversário estava concentrado, tinha menos oportunidades, mas estava mais concentrado. Temos de melhorar a eficácia”, acrescentou o treinador encarnado, que ainda justificou o facto de David Neres não ter sido titular depois de ter entrado muito bem contra o Estrela da Amadora.

“Acho que temos de pensar no equilíbrios, eles [Di María e Neres] podem jogar juntos, mas tem a ver com a forma como abordamos o jogo, o equilíbrio e a gestão física dos jogadores. O Neres teve problemas na pré-época, ainda não está a 100%. Na semana passada mudou o jogo e achou que hoje tomei a melhor opção ao colocá-lo no jogo mais tarde”, concluiu.

Já João Mário, que sofreu uma grande penalidade e foi eleito o Homem do Jogo, explicou que a equipa ainda está numa fase de autoconhecimento. “Os jogos fora são sempre complicados. Defrontámos uma boa equipa, uma equipa que joga bem. Podíamos ter acabado com o jogo, não conseguimos e o Gil entrou nas contas. Realço a conquista dos três pontos. Nunca é fácil jogar neste campo. Podíamos ter gerido melhor o jogo, tínhamos um boa vantagem. Mas estamos em fase de conhecimento, há alguns jogadores novos. Foi importante ganhar aqui e estamos no bom caminho”, explicou o jogador português, que também abordou o facto de o Benfica já ter sofrido cinco golos em três jornadas.

“O processo defensivo envolve toda a gente. Temos de melhorar, mas também estamos a começar. Alguns jogadores saíram, outros entraram e ainda estamos a criar rotinas. Vamos voltar àquilo que fomos no ano passado e sofrer poucos golos”, terminou João Mário.