Um estudo concluiu que um quarto dos resorts de esqui europeus vão enfrentar uma escassez de neve a cada dois anos com um aquecimento global de dois graus, levantando a questão: com o intensificar da crise climática, terão estes espaços — e, consequentemente, tipo de turismo — futuro?

De acordo com a investigação, publicada na revista Nature Climate Change e citada pelo The Guardian, com este acréscimo de dois graus — estima-se que o cenário seja mais negro, com o valor a chegar aos 2,7 graus celsius nos próximos 100 anos, excedendo-se a meta estabelecida no Acordo de Paris — metade dos estâncias vai conseguir assegurar neve para a temporada, sem o auxílio da produção de neve artificial.

E esta produção de neve artificial não será solução para todas as geografias: as estâncias dos países nórdicos e na Turquia até podem vir a compensar a escassez da neve real recorrendo a este método, mas o mesmo não se poderá dizer do Reino Unido ou do sul da Europa — nestes casos, onde o calor é superior, a neve produzida artificialmente poderá não ser eficaz, uma vez que derreterá muito rapidamente. Aqui o futuro do turismo de esqui — “fundamental para as economias das regiões montanhosas da Europa”, sublinha o estudo — poderá estar mesmo em jogo.

O estudo utilizou dados e modelos para avaliar a cobertura de neve em 2.234 estâncias de 28 países europeus, como a Islândia ou a Turquia, por exemplo, com temperaturas entre os dois e os quatro graus, concluindo que no caso dos espaços que registam quatro graus celsius, quase três quartos dos resorts teriam neve escassa a cada dois anos, mesmo com produção artificial de neve. 

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De acordo com as emissões atuais de dióxido de carbono, estima-se que no final do século a temperatura tenha subido mais 2,7 graus, valor que excede a meta estabelecida no Acordo de Paris. Segundo os investigadores deste estudo, a produção artificial de neve contribui para 2% das emissões globais, requerendo um consumo substancial de água e de eletricidade — mas é mesmo a pegada dos voos resultantes com destino às estâncias de esqui que representam a maior fatia da pegada ecológica deste tipo de turismo.

Recorde-se que no inverno de 2023, países como Espanha, Suíça, França, Polónia, Ucrânia ou Hungria sentiram temperaturas muito altas para o inverno, o que levou a que muitas estâncias de esqui ficassem sem neve e pessoas.