A diversidade de temas e perfis, mas também de opiniões, promete ser a nota dominante da 8.ª edição das Conferências do Estoril que, nos dias 1 e 2 de Setembro, decorrerão no edifício da Nova SBE, em Carcavelos.
No total, serão 60 oradores distribuídos por dois dias. Enquanto os debates do primeiro dia estarão mais focados nas políticas, na paz, nas pessoas e no planeta, o segundo dia será mais dedicado aos temas da saúde. Contudo, a ideia é que os temas se cruzem entre conversas e debates.
O primeiro dia começa às 9h da manhã com os habituais “welcome remarks”. Aqui, os dois diretores de ambas as faculdades – Helena Canhão, da Nova Medical School, e Pedro Oliveira, da Nova SBE – juntam-se aos presidente e vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz respetivamente, para darem as boas-vindas à plateia, seguindo-se uma breve intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Prémios Nobel pela paz
Abertos os trabalhos, no primeiro painel, o destaque vai para um dos Prémio Nobel presentes nesta Conferência. Trata-se de Richard Roberts, vencedor do Nobel da Medicina em 1993, que vai defender como os Organismos Geneticamente Modificados (GMOs) podem contribuir decisivamente para o combate da fome em geografias como o continente africano, posição que é apoiada por 155 Prémios Nobel.
Seguindo a linha deixada por Sir Richard Roberts, Cristina Duarte, conselheira do secretário-geral das Nações Unidas sobre o continente africano, e Isa Soares da CNN Internacional, juntam-se numa conversa sobre a África de que o mundo precisa.
Durante a manhã, iniciar-se-á a discussão em torno do tema da Inteligência Artificial com dois painéis. Abre-se também o debate sobre o “planeta” com quatro conversas em que se falará de ambientalismo, transição energética e sustentabilidade. Ainda durante a manhã a líder da fundação Obama, Sameera Chukkapalli Holmes, traz para a discussão o subtítulo da conferência — “A Future of Hope”.
A última sessão da manhã do primeiro dia estará a cargo do pianista Mário Laginha e de Tânia Trindade. Tânia é engenheira aeroespacial e criou, no Congo, o “Bana Congo”, um projeto musical que já resgatou mais de 6 mil crianças vítimas de subnutrição crónica. Já Mário Laginha esteve recentemente no Panamá, onde realizou uma masterclass para um projeto semelhante com crianças em situação de pobreza extrema. O diálogo musical entre estes dois artistas faz ainda mais sentido quando se sabe que as músicas que Mário Laginha por lá tocou tinham as suas raízes no Congo, o que, curiosamente, só se descobriu depois da dupla ter sido formada para estas Conferências.
O período da tarde será dedicado à política e à construção da paz mundial, com a presença do ex-Presidente da Eslovénia, Danilo Turk, e do antigo Presidente da Chéquia, Vaclav Klaus, já que haverá uma conversa cujo título é apenas “Ucrânia”. Este momento será moderado por Anelise Borges, correspondente de guerra na Euronews, e contará também com o testemunho de Sergiy Kyslytsya, representante permanente da Ucrânia nas Nações Unidas.
Já o tema das pessoas, direitos humanos, diversidade e inclusão irá juntar na mesma conversa Elida Bautista, da Berkeley’s Haas School of Business; Pedro Carmo Costa, co-fundador e CEO da Pulsey, um projeto que promove a inclusão no local de trabalho no mundo inteiro; e Jenny Hoobler, professora na Nova SBE.
Ainda no primeiro dia, haverá tempo para ouvir três desportistas com testemunhos inspiracionais: Carolina Duarte, atleta paralímpica velocista e vice-campeã do mundo nos 100 e 200 metros nos Campeonatos da Europa de atletismo adaptado em 2018; João de Macedo, surfista de ondas gigantes e co-fundador da Save The Waves Coalition, uma organização sem fins lucrativos dedicada à proteção dos ecossistemas de surf; e ainda Maya Gabeira, surfista brasileira que conquistou, na Nazaré, o recorde do Guinness para a maior onda surfada por uma mulher em 2020 e irá encerrar as conversas do primeiro dia.
As inovações na saúde
O segundo dia começa com os dois diretores das universidades e Anelise Borges para darem de novo as boas vindas à audiência. Desta vez são acompanhados pelo ministro da Educação, João Costa.
Os trabalhos começam com o tema da saúde e quem inicia a conversa é o biólogo Aaron Ciechanover, vencedor do Nobel da Química em 2004. Aqui, Aaron propõe-se partir da pandemia do coronavirus para debater a ética e a medicina. Segue-se Manuela Veloso, líder do departamento de inteligência artificial no banco JP Morgan e professora na Carnegie Mellon University, que abordará o futuro da Inteligência Artificial. Logo depois, os dois juntam-se a Ricardo Gil da Costa, fundador do Neuroverse e a Chen Zhiyu, deputy CEO do Metro China (também conhecido por MAKRO), numa conversa sobre o modo como a Inteligência Artificial está já a mudar o mundo.
Sendo este o dia mais centrado na saúde, a música fica também a cargo de médicos: José Themudo Barata e Fernando Heleno, ambos médicos e músicos, juntam-se a Paulo Rosado para o momento musical que antecede a hora de almoço.
O futuro da saúde estará em foco na parte da tarde pelo diretor financeiro da Astrazeneca Portugal, Bruno Calo Fernandez; Hugo Marques, da Siemens Healthineers; Jacobo Muñoz, da Janssen; e João Paulo Firmeza, do Altice Labs. A moderação fica mais uma vez a cabo de Anelise Borges.
Para a última conversa da conferência, Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, juntam-se a Ezio Mazini, designer para a sustentabilidade e considerado uma das principais figuras mundiais no planeamento das cidades do futuro, as chamadas “cidades dos 15 minutos”, desenhadas para criar proximidade e eficiência a todos os níveis. O tema da conversa é baseado num livro escrito pelo próprio designer — “Proximidade Habitável”.
As Conferências do Estoril serão ainda palco da entrega dos Patient Innovation Awards, que têm como objetivo homenagear doentes, cuidadores e colaboradores que desenvolveram soluções para lidar com desafios impostos pela sua condição de saúde, para ajudar pessoas da sua família ou, em alguns casos, pessoas que nem conheciam. Os cinco vencedores desta edição, foram escolhidos entre as 1800 soluções disponíveis na plataforma do Patient Innovation e dividem-se em três categorias: Doente Inovador, Cuidador Inovador e Colaborador Inovador. Na cerimónia, os vencedores que irão apresentar o seu “pitch” são: Adriana Mallozzi, que apresentará a Puffin Innovations; Konrad Zielinski, que apresentará a Uhura Bionics Voice Amplifier; Jaume Puig e Constanza Lucero, com a solução Biel Glasses; Francisco Nogueira e Frederico Stock, que vão dar a conhecer o dispositivo Glooma; e Akshita Sachdeva e Bonny Dave, que trazem o dispositivo Trestle Labs.
Esta 8.ª edição das Conferências do Estoril encerrarão com um breve espetáculo de Salvador Sobral, vencedor do festival da Eurovisão em 2017.
As Conferências do Estoril realizam-se desde 2009 e têm vindo a envolver intervenientes a nível político, empresarial, universitário e da sociedade civil, num total de mais de 13 mil participantes, de 105 nacionalidades diferentes. Apresentando-se como plataforma de diálogo aberta e intergeracional, a iniciativa passa este ano a ser de periodicidade anual.
O evento é de participação gratuita, contudo a inscrição é obrigatória. Todos os debates serão apresentados em inglês e transmitidos em direto através de uma plataforma digital, aberta e gratuita a participantes de todo o mundo, mas também com registo. Qualquer que seja a modalidade escolhida, as inscrições ainda estão abertas no site das Conferências do Estoril. Para conhecer a agenda completa destes dois dias e horários, aceda aqui.
Este artigo faz parte de uma série sobre as Conferências do Estoril, evento de que o Observador é media partner.Resulta de uma parceria com a Nova Medical School, Nova School of Business and Economics e a Câmara Municipal de Cascais. É um conteúdo editorial independente.