O ministro da Educação, João Costa, admitiu, esta terça-feira, em entrevista à RTP, que o problema da falta de professores em Portugal “é estrutural” e está identificado. Para o governante, um dos fatores que contribuem para o problema é o facto de existirem mais escolas de educação no norte do país. Assim, João Costa defende que é necessário aumentar a formação de docentes na zona sul, onde a carência de professores mais de faz sentir.

O problema não é novo, está identificado, é complexo e não é só português — está a afetar vários países da Europa. Houve, ao longo de muitos anos, mau planeamento”, começou por referir João Costa. Para o ministro da Educação, entre os fatores que contribuem para a escassez de professores estão as “questões de atratividade da carreira, de motivação para se ser professor, e a disfuncionalidade de haver muitos mais escolas de educação no norte do que no sul”. Assim, João Costa sublinha que “o que será estrutural para resolver o problema é formar mais professores no sul do país”.

Recorde-se que o ano letivo começou esta terça-feira para 1,3 milhões de alunos dos ensinos básico e secundário. No entanto, 80 mil alunos começam o ano sem professor a pelo menos uma disciplina.

Ministérios da Educação e Habitação avaliam soluções para disponibilizar habitação acessível a professores deslocados

João Costa garante que o problema da falta de professores “é central no programa de governo”. “Por isso é por isso que temos vindo a desenvolver algumas medidas relacionadas com a carreira para os mais novos, e medidas para substituição mais rápida de professores”, sublinhou o ministro da Educação, criticando o ex-líder do PSD, Rui Rio, que durante as últimas eleições legislativas disse que havia um excesso de professores em Portugal. “Nós, desde o primeiro dia, dissemos que havia falta de professores“.

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Quanto à questão da habitação para os professores deslocados, João Costa adiantou que o Ministério que lidera está a trabalhar com o Ministério da Habitação para identificar formas de disponibilizar quartos e apartamentos que possam partilhados “de forma acessível” por docentes deslocados. “Estamos a identificar mecanismos“, disse o governante, sem adiantar mais detalhes, mesmo perante as insistência do jornalista João Adelino Faria. João Costa admitiu que “as condições de habitação são caríssimas”, principalmente nos distritos de Lisboa, Setúbal e Faro.

Recuperação do tempo de serviço excluída. Governo aposta no acelerador de carreiras

“Durante anos, o país conviveu bem com a precariedade na vida dos professores”, lamentou João Costa, realçando que a função do governo “é garantir que o que os professores auferem é suficiente para ter uma vida digna”.

Já no que diz respeito às negociações com os sindicatos que representam os professores, que vão ser retomadas em breve, João Costa afirmou que a tutela não pretende ceder na questão da recuperação do tempo de serviço. “Sobre a recuperação integral do tempo de serviço, não temos nova proposta a apresentar neste momento. É uma questão que não está no programa de governo”, referiu o ministro, sublinhando que “foi mais longe do que estava no seu programa” nesta matéria, dando como exemplo o mecanismo conhecido como acelerador das carreiras, que permite uma progressão mais rápida na carreira docente. “Este é um momento para operacionalizar o acelerador das carreiras”, defendeu João Costa.