A presidente do Banco Central Europeu mandou apreender os telemóveis dos colegas governadores durante um encontro que se realizou na semana passada, antes da reunião da qual saiu, na quinta-feira, a decisão de voltar a subir em 25 pontos base as taxas diretoras do BCE. O objetivo desta apreensão terá sido o de impedir que alguém provocasse uma fuga de informação antes de ser anunciada uma decisão de política monetária, de acordo com informação avançada por duas fontes à agência Reuters.

A agência de notícias diz que esta apreensão foi feita antes da reunião de quarta-feira que nomeou uma nova dirigente  para a sensível área da supervisão bancária. Fonte oficial do BCE recusou comentar a informação.

Segundo a Reuters, esta ação inédita é a mais arrojada de Christine Lagarde com o objetivo impedir fugas de informação do conselho de governadores, uma situação que tem marcado o seu mandato à frente do BCE, tal como já tinha acontecido com o antecessor, Mario Draghi.

Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, os 26 membros do BCE — onde se inclui Mário Centeno — foram avisados para entregar os seus telemóveis logo na quarta-feira, quando se estavam a preparar para escolher entre alemã Claudia Birch e espanhola Margarita Delgado quem irá dirigir o departamento de supervisão. Os aparelhos foram devolvidos depois da nomeação de Birch como presidente do Conselho de Supervisão do BCE, o organismo que fiscaliza a solidez dos maiores bancos europeus. Claudia Birch é vice-presidente do Bundesbank e ganhou o cargo à vice-governadora do Banco de Espanha.

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Este cuidado terá sido tomado porque em 2018 a escolha do atual presidente, Andrea Enria, apareceu nos órgãos de comunicação social antes da sua nomeação ser anunciada.

Na quinta-feira, a presidente do BCE anunciou uma nova subida das taxas, contrariando algumas expetativas e análises que chegaram a admitir uma paragem nas subidas.A Reuters recorda que uns dias antes da reunião decisiva sobre os juros revelou uma previsão de inflação na zona euro que foi um dos fatores que levaram o BCE a manter a trajetória de aumento dos juros, o que levou os analistas a corrigir a expetativa de travão.

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Sabe-se que esta nova subida não reuniu o consenso de todos os governadores, apesar da “maioria sólida” referida por Lagarde. Mário Centeno é um dos banqueiros centrais que tem publicamente apelado a cautela na trajetória de subida dos juros.

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