Cristiano Ronaldo é a estrela de um vídeo publicado pelo Al Nassr na passada quinta-feira em celebração do Al-Yawm Al-Watani, dia que assinala a unificação do reino da Arábia Saudita.

De espada na mão e vestindo um traje típico árabe, o português é o protagonista de um vídeo em que também figuram outros colegas da mesma equipa de futebol do campeonato saudita, entre os quais Otávio, antigo jogador do Futebol Clube do Porto (FCP), Alex Telles e Sadio Mané, e do treinador, o português Luís Castro, para mostrar que a Arábia Saudita é “uma pátria para os filhos e para o mundo”, como descreveu o clube.

Apesar de muitos terem aplaudido a presença do jogador no vídeo, comparando-a até com a apresentação de Ricardo Quaresma no Vitória de Guimarães — em que o avançado se fez passar por um cavaleiro e montou um cavalo —, este gerou uma grande polémica nas redes sociais.

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“Como é que uma pessoa se diz tão íntegra e consegue associar-se a um país que não sabe o que são direitos humanos e vê as mulheres como seres inferiores?” ou “É pena uma figura pública com tanta influência não usar a sua imagem para defender os direitos das mulheres na Arábia Saudita, mas enfim…” são algumas das frases que surgem nas redes sociais como crítica a Ronaldo. São muitas as publicações que acusam o jogador de “vestir” as violações aos direitos humanos do país, nomeadamente o regime de censura, a ausência de liberdade de expressão e protestos, a discriminação contra as mulheres ou a tortura policial.

“Aproveito ainda para dizer ao Senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que eu não sou Ronaldo. Era o que mais faltava”, revoltaram-se os seguidores nas redes sociais.

Já quando Ronaldo assinou pelo Al Nassr, no final do ano passado, após ter rescindido com o clube britânico Manchester United, a decisão gerou controvérsia, especialmente por este ter levado a família, a companheira Georgina Rodríguez e os cinco filhos para a Arábia Saudita.

Na altura, a Amnistia Internacional chegou mesmo a pedir ao jogador que chamasse a atenção “para os problemas do país, em vez de oferecer elogios”. “É provável que as autoridades sauditas promovam a presença de Ronaldo como forma de distrair a atenção do terrível historial dos direitos humanos no país”, disse, citado pela Tribuna.

A Organização Não Governamental pediu ainda que fosse relembrado que “a Arábia Saudita executa regularmente pessoas por crimes que incluem homicídio, violação e tráfico de droga”. A este e a outros comentários a julgar a decisão do jogador de assinar pelo clube árabe, Ronaldo respondeu apenas: “Sinto-me muito bem e orgulhoso. Não me interessa o que as pessoas dizem. Sinto-me muito feliz por estar aqui”, confessou na sua apresentação. Já no que diz respeito a esta polémica, até ao momento não comentou.