A Toyota decidiu enveredar muito depois de alguns concorrentes pela produção em massa de veículos eléctricos, isto depois de, durante anos, tentar lutar contra esta tecnologia, qual Dom Quixote. Mas, com a mudança de CEO, a estratégia do colosso nipónico que continua a ser o maior grupo do mundo – sendo a Toyota a marca que mais veículos comercializa globalmente – passou a ser outra, com a tecnologia eléctrica a evoluir para um dos principais objectivos do grupo. E os japoneses já começaram a chegar a conclusões sobre as diferenças entre construir mais de 10 milhões de veículos com motor de combustão e produzir o mesmo número de modelos eléctricos a bateria.
Enquanto analisavam a evolução da tecnologia ao serviço das baterias, responsáveis pela Toyota anteciparam o futuro, ainda que numa fase em que os eléctricos representam apenas uma ínfima percentagem dos 10 milhões de veículos que a marca fabrica anualmente. Os japoneses avisam que, por comparação com os veículos com motor de combustão ou electrificados, a produção de modelos 100% eléctricos vai ser substancialmente mais robotizada, o que significa, por outro lado, que serão necessários muito menos empregados.
Toyota adere à solução Tesla. Produzirá em minutos em vez de horas
As conclusões dos responsáveis da Toyota estão certamente relacionadas com os recentes anúncios por parte do construtor japonês, em que este revelou pretender investir nas gigapress similares às inventadas pelos italianos da IDRA, que provaram o seu valor ao ser adoptadas pela Tesla. E dizemos similares porque a Toyota decidiu produzir as suas próprias gigapress, máquinas gigantescas com pesos na ordem das 430 toneladas, capazes de injectar alumínio em estado viscoso num molde de grandes dimensões, para depois o pressionar entre 5600 e 6600 toneladas-força, com a Tesla a ter encomendado à IDRA uma gigapress de 9000 toneladas-força para a Cybertruck.
Estas inovadoras gigapress produzem peças enormes – toda a zona frontal, por exemplo, incluindo o suporte das suspensões, do motor e das estruturas deformáveis, o que tradicionalmente necessitava entre 70 e 90 peças mais pequenas, que depois tinham de ser soldadas entre si –, o que torna todo o processo de soldadura e montagem mais rápido.
Segundo a Toyota, os próximos veículos eléctricos da marca vão conseguir construir a totalidade da plataforma com apenas três peças, à semelhança do que a Tesla já faz com os Model 3 e Y, sendo que o fabricante norte-americano já anunciou que pretende produzir a base do próximo Model 2 com apenas uma peça.
De acordo com o antigo CEO da Volkswagen, que também queria recorrer às gigapress, a Volkswagen necessitava de 30 horas para produzir um veículo similar ao que levava apenas 10 horas a fabricar à Tesla. E é obviamente esta redução de tempo e dos consequentes custos unitários que a Toyota persegue para os seus próximos veículos a bateria, ainda que tenha de ter em linha de conta o preço elevado das gigapress, o que para a Toyota poderá não ser tão grave, uma vez que as vai produzir em casa.