A Toyota anunciou que está a trabalhar para adoptar prensas maiores e formas de produção automáticas para reduzir drasticamente o tempo de fabrico dos seus veículos. Numa indústria em que tempo é dinheiro, construir veículos de forma mais rápida, graças a avanços tecnológicos, é a melhor forma de gerar automóveis mais baratos, sem beliscar margens de lucro.

As Gigapress são um tipo de prensa inventada pelos italianos da IDRA que realizam um misto de prensagem e de moldagem, conseguindo formar uma peça de grandes dimensões a partir de uma liga de alumínio em estado viscoso – por exemplo, toda uma zona frontal, habitualmente composta por mais de 70 peças pequenas em aço que, depois, têm de ser soldadas entre si para dar forma à frente do veículo, que suporta o “berço” do motor, das suspensões e das zonas de absorção de energia durante embates. A IDRA inventou esta solução que reduz drasticamente tempo de produção e peso, mas foi necessário a Tesla para perceber o potencial deste recurso, que obriga a um investimento considerável. A confirmação da validade destas prensas (que também moldam) surge com o anúncio de que também a Toyota, líder da indústria em volume de vendas e em lucros, vai enveredar pelo mesmo caminho. Não para agradar à IDRA e muito menos à Tesla, mas porque, segundo a marca nipónica, as Gigapress reduzem o tempo de produção dos veículos eléctricos de horas para apenas minutos.

Já se suspeitava que a Toyota estava a trabalhar nas Gigapress, quando responsáveis da marca nipónica admitiram que o Model Y era “uma obra de arte”, mas agora o construtor japonês revelou o resultado das suas Gigapress japonesas. Se a aposta da Toyota nos veículos eléctricos foi lenta, com a mudança do CEO a estratégia sofreu uma aceleração, a ponto de ambicionar fabricar 3,5 milhões de unidades até 2030.

Segundo o Nikkei, a marca japonesa abriu o jogo ao mostrar a sua renovada fábrica de Myochi a um grupo de jornalistas, onde foi possível observar uma prensa capaz de formar peças de grandes dimensões a partir de uma liga de alumínio aquecida a 750ºC, que depois de moldada arrefece rapidamente para 250ºC, dando origem a uma peça forjada que representa 1/3 do chassi, em vez das anteriores 86 peças, que demoravam horas a produzir e a soldar entre si. Com este novo sistema, um Toyota tarda apenas uns minutos a produzir 1/3 do chassi, com o tempo de produção a passar de horas para minutos.

Curiosamente, a Toyota optou por desenvolver a sua própria Gigapress, em vez de adquirir as da IDRA, como faz a Tesla, em parte porque o seu primeiro veículo eléctrico com esta nova tecnologia só estará pronto a ser fabricado dentro de três anos, em 2026, ao contrário do que acontecia com a Tesla, que necessitava de reduzir os custos imediatamente no Model Y – que depois vai alargar ao resto da gama –, para tornar todos os seus modelos mais acessíveis. Resta saber se a poupança conseguida pelos japoneses compensa com os eventuais problemas que irá ter de enfrentar (e ultrapassar), o que provavelmente vale a pena num construtor que, a prazo, vai utilizar esta nova tecnologia na produção dos 10 milhões de veículos que vende anualmente.

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