Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular (PP), entrou ao ataque no discurso desta terça-feira no Congresso dos Deputados. Enquanto candidato que está a tentar uma investidura bem-sucedida mas que ainda não obteve os apoios necessários, o popular criticou duramente a amnistia e as bases para a realização de um referendo de independência que os catalães desejam para assegurarem o governo do adversário, Pedro Sánchez.
Contrariamente ao socialistas, Alberto Núñez Feijóo garantiu que não vai ceder às exigências independentistas: “Tenho princípios, limites e palavra. Não vou abusar da confiança dos eleitores. Eu não”. E acrescentou: “Sinto-me representante da imensa maioria de espanhóis que não tinham em programas eleitorais a amnistia, a autodeterminação nem nenhuma fórmula equivalente ou análoga”.
Referindo-se à Constituição e às incertezas sobre a amnistia, Alberto Núñez Feijóo assegurou que nunca a vai desrespeitar ou entrar por “subterfúgios” que “desprezem o esforço dos nossos constituintes”. “Nenhum fim, nem sequer a presidência do governo, justifica os meios”, atirou Alberto Núñez Feijóo num ataque ao socialista Pedro Sánchez. “Não quero renunciar à igualdade dos espanhóis, não passo por nenhum arco que me imponham e não traio os espanhóis que votaram em mim para ser presidente do governo.”
Sobre as eleições de julho, em que o Partido Popular venceu mas não conseguiu garantir apoios para conseguir uma maioria, Alberto Núñez Feijóo reiterou: “O PP ganhou as eleições. Sim, ganhou as eleições, mesmo que alguns não tenham tido a cortesia de o reconhecer”. E os ataques do líder popular foram mais longe: “O PP obteve 137 deputados. O atual presidente em funções [Pedro Sánchez], em cinco legislaturas, nunca alcançou esse número”.
Abordando o tópico daqueles que criticaram a decisão do Rei Filipe VI por o monarca ter dado a oportunidade ao líder do PP em formar governo, Alberto Núñez Feijóo descreveu-a como uma “consequência lógica”. “Nenhum partido conseguiu maioria absoluta. É a normalidade democrática.”
Ainda assim, Alberto Núnez Feijóo questiona alguns dos presentes, apontando baterias ao PSOE, por que motivo não queriam que o líder do PP não tentasse a investidura. “Nas últimas semanas, vi expressões de desprezo, interpretações insólitas de resultados e desqualificações ao rei, especialmente por parte da segunda força política mais votada”, lamentou o popular, que perguntou: “Devia modificar-se a prática democrática só porque não lhes convém?”
O líder do PP explicou depois por é que alguns partidos não queriam que tentasse a investidura: “Lembra o resultado eleitoral que renegaram. Esta sessão lembra a opinião pública do preço que outros têm de pagar para ficar no poder. E lembra os os compromissos que terão de ser feitos. Lembra ainda quem coloca a ambição pessoal primeiro”.
Apresentando a sua proposta para os próximos quatro anos perante os 350 deputados, Alberto Núñez Feijóo considera que Espanha vive uma encruzilhada e está sob “deterioração institucional sem precedentes com risco de agravar-se”, ao mesmo tempo que as “famílias têm uma carga fiscal” enorme e o “contexto internacional” é “imprevisível”, lembrando a guerra na Ucrânia.
“Há motivos para fortalecer vínculos em vez de rompê-los”, salientou Alberto Núñez Feijóo, que lamentou que se continue a cavar o “frentismo que apenas visa interesses pessoais que não beneficiam ninguém nem sequer os interesses pessoais dos seus promotores”. “Têm apenas o objetivo de desmembrar Espanha”, avisou o líder dos populares.