Apesar de contar com uma pick-up eléctrica na sua gama de modelos, a F-150 Lightning, a Ford considerou que a nova Ranger seria muito mais interessante para os seus potenciais clientes se, ao invés de recorrer apenas a uma mecânica eléctrica, conciliasse as vantagens desta (sobretudo em termos de binário) com a “tranquilidade” oferecida por um motor a combustão. Daí que esteja a desenvolver, com a equipa de Melbourne, na Austrália, uma versão híbrida plug-in (PHEV) da Ranger, que só vai começar a ser produzida no final de 2024, para que as primeiras entregas a clientes arranquem no início de 2025.
Definida pelos responsáveis da oval azul como uma proposta que “oferece o melhor dos dois mundos” e que pretende redefinir o segmento – basta lembrar que não há sequer concorrente no mercado –, a futura Ranger Plug-in Hybrid vai oferecer muito mais torque que qualquer outra versão da pick-up média e ter a capacidade de percorrer mais de 45 km com zero emissões, distância que a marca considera ser suficiente para garantir que os seus utilizadores vão andar a maior parte do tempo em modo EV. O bloco térmico ao serviço do sistema híbrido plug-in é um motor a gasolina EcoBoost de 2,3 litros, cuja potência ainda não foi divulgada, o mesmo acontecendo com a unidade eléctrica, pelo que não foi avançada sequer uma estimativa da potência combinada.
A Ranger Plug-in Hybrid, que começará por ser proposta na variante de cabina dupla, esgrime ainda outro argumento de peso: continua a ter 3500 kg de capacidade de reboque e alia a isso a capacidade de fornecer energia para operar ferramentas ou aparelhos eléctricos, o que permite prescindir do gerador para executar trabalhos com estes requisitos, mesmo nos locais mais remotos e ganhando espaço de carga no processo, pois há menos um equipamento para transportar. Descrito pelos responsáveis da Ford como um “game changer”, por fazer com que a Ranger seja a primeira do segmento a permitir trabalhar em locais onde a rede eléctrica não chegou, o chamado Pro Power Onboard é uma funcionalidade que fornece electricidade a pedido, através das tomadas de 10 amperes integradas na plataforma de carga e na cabina. A energia, naturalmente, é extraída da bateria, cuja capacidade a marca não revelou.
O que foi adiantado, isso sim, é que o acumulador será recarregável apenas em corrente alternada (AC), como é mais frequente nos PHEV, sendo que o condutor pode gerir a carga disponível por meio da selecção de diferentes modos de condução. São quatro, designadamente EV Auto (modo de arranque predefinido que faz a gestão automática das mecânicas consoante as solicitações da condução), EV Now (modo eléctrico), EV Later (“poupa” a bateria, reservando energia para mais tarde) e EV Charge (recorre ao motor a gasolina para recarregar o acumulador). Acresce ainda que, como se socorre da georreferenciação, a Ranger PHEV acciona automaticamente o motor eléctrico ao reconhecer que está a entrar numa zona de baixas emissões.
“O Ford Ranger Plug-in Hybrid representa a melhor solução para diferentes mundos – trabalho, lazer/família – oferecendo aos clientes uma condução EV com zero emissões para viagens curtas, ou um desempenho híbrido que proporciona incríveis capacidades foras de estrada, de carga útil e de reboque. E, pela primeira vez, com o Pro Power Onboard, os proprietários do Ranger podem alimentar facilmente os seus locais de trabalho ou acampamentos”, destacou o director-geral da Ford Pro Europa, Hans Schep, numa apresentação onde se tornou evidente que as expectativas da marca estão bem lá em cima, mas ainda há algum trabalho de desenvolvimento pela frente para cumprir o prometido.