E chega mais uma. Já estava prevista e confirma-se. Domingo as condições meteorológicas voltam a agravar-se em todo o país, mas a tempestade é mais grave até do que se pensava, ao ponto de merecer nome: depois da Aline, Portugal será atingido pela Bernard. Mais uma vez, traz chuva e vento forte e também afetará a costa, com ondas acima dos quatro metros. Faz parte do comboio das muitas frentes depressionárias que nos estão a atingir (e podem continuar nos próximos dias), graças a um bloqueio anticiclónico no norte da Europa (em formato Ómega) que está a deixar que estas frentes entrem livremente por latitudes mais baixas.

O IPMA já emitiu avisos para 13 distritos das regiões do Centro e Sul, por precipitação intensa, vento forte e agitação marítima. Seis estão a laranja: Faro (9h às 18h, por precipitação e vento agitação marítima das 12h às 18h), Beja (precipitação das 9h às 18h), Évora (precipitação das 12h às 00h00), Setúbal (precipitação das 12h às 18h), Portalegre (precipitação das 12h às 00h00) e Santarém (precipitação das 12h às 00h00). E sete a amarelo: Lisboa (precipitação 12h às 21h), Leiria (precipitação 15h às 21h), Castelo Branco (precipitação 15h às 21h), Coimbra ((precipitação 15h às 21h), Aveiro (precipitação 15h às 21h), Viseu (precipitação 15h às 21h) e Guarda (precipitação 15h às 21h)).

A formação desta depressão já estava a ser monotorizada há dias, mas a confirmação de que se tinha tornado uma tempestade de grande impacto, daí ter direito a nome, só chegou na tarde de sexta: será a segunda do ano, depois da Aline, e o nome Bernard foi dado IPMA (a anterior, a Babet, tinha o batismo dos centros meteorológicos do norte europeu).

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A nova tempestade, que tinha primeiro afetado os Açores, descerá para sul, fortalecida pela energia da água do mar quente entre a Madeira (primeiro) e o Algarve e o golfo de Cádiz (depois). Por isso a Bernard, tal como a Aline, “também está associada a uma massa de ar quente, húmido e instável”, conforme esclarece o IPMA em comunicado, o que a torna muito mais imprevisível (para o melhor ou pior).

Ainda este sábado começa a afetar o estado do tempo da Madeira, onde o vento vai soprar forte, com rajadas da ordem de 100 km/h, podendo chegar a 120 km/h nas regiões montanhosas. A chuva vai ser persistente e forte e acompanhada de trovoadas. As ondas poderão atingir os 4 a 5 metros, aumentando para 5 a 6,5 metros nas costas norte e na ilha de Porto Santo. O IPMA emitiu por isso avisos laranja para o arquipélago para chuva, vento e agitação marítima.

No domingo a tempestade chega ao continente, e começa a afetar o sul do país, também com chuva e vento forte, bem como agitação marítima. De acordo com os últimos dados dos modelos, prevê-se chuva forte, que deve ser localmente muito intensa no Algarve e o Alentejo logo a partir da manhã, com possibilidade de trovoadas e fortes rajadas de vento, daí os avisos laranja para os seis distritos, que ainda podem vir a ser atualizados.

Depois a tempestade segue para para nor-nordeste, estendendo-se às restantes regiões Centro e Sul, e no final do dia, eventualmente à região Norte, embora com menor impacto. Tendo, por isso, sido já acionados alertas amarelos para mais 7 distritos. Só ficam de fora Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança.

No mar, na costa sul do Algarve (sob aviso laranja no domingo), as ondas serão de sueste com 3 a 4 metros.

Os efeitos da Bernard ainda se farão sentir ao longo de segunda-feira, daí que o IPMA tenha sob aviso laranja três distritos, das 12h00 às 00h00 por chuva intensa: Santarém, Évora e Portalegre.

Neste momento, há até a possibilidade de a tempestade se transformar num ciclone subtropical, com o grau de humidade e de vapor de água que vai ganhar na sua deslocação, ainda que essa possibilidade seja muito baixa (menos de 20%).

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o “comboio de tempestades”

Aline é uma carruagem num comboio de tempestades?

A Bernard é uma tempestade diferente da Aline. A Aline vinha já com uma grande quantidade de vapor de água (o rio atmosférico) desde as Caraíbas, mas o seu trajeto foi outro: entrou pelo Atlântico Norte, numa altura em que a Península Ibérica estava sob o efeito de um forte fluxo polar em altura, e foi conduzida por ele deixando depois o seu impacto à superfície (primeiro em Portugal e depois em Espanha, onde Madrid, por exemplo, bateu recordes de precipatação).

Agora, a Bernard está mais a sul. É aí, por onde está a fazer o seu percurso, entre a Madeira e as Canárias, e onde as águas são mais quentes, que pode ganhar energia e intensidade (e também vapor de água) até chegar à zona do Algarve. O seu impacto em terra dependerá muito — e fará toda a diferença — se a tempestade ganhar profundidade ainda longe da costa, ou já depois de ter somado toda essa energia. Seja como for, as chuvas fortes e o vento intenso estão garantidos.

E também é certo que na próxima semana a chuva vai continuar: frentes húmidas vão continuar a atravessar a Península.

Veja os avisos do IPMA emitidos até este sábado às 13h00:

Artigo atualizado às 14 horas deste sábado com revisão dos níveis de alerta.