Tudo é uma questão de orgulho para os argentinos. Na fase de grupos, Inglaterra e Argentina encontraram-se na jornada inaugural. Os ingleses jogaram praticamente o jogo todo com menos um homem após Tom Curry ter visto cartão vermelho aos três minutos. Ainda assim, e mesmo não tendo sofrido qualquer ensaio, Los Pumas saíram derrotados (27-10) por terem sido vítimas que um recital de chutos aos postes. Era óbvio que, para um qualquer orgulhoso sul-americano, esse foi um jogo difícil de engolir.

A Argentina, que mesmo assim conseguiu o segundo lugar no grupo D do Mundial 2023, foi provavelmente a equipa que mais beneficiou do emparelhamento das eliminatórias, pois enquanto os principais favoritos se foram derrotando uns aos outros logo nos quartos de final, os argentinos superaram o País de Gales (17-29), conseguindo assim uma vaga nas meias-finais e um lugar nos quatro primeiros classificados. Los Pumas disputaram o lugar na final contra a Nova Zelândia (6-44), ficando evidente que eram uma equipa que corria por fora. A derrota contra os All Blacks atirou os sul-americanos para o jogo de atribuição do terceiro e quarto lugar.

O encontro na luta pela medalha de bronze era com a Inglaterra que, após ter eliminado as Ilhas Fiji num jogo emocionante (30-24), perdeu de forma dramática contra a África do Sul (15-16), jogo de onde saiu a narrativa que marcou a semana. O internacional inglês Tom Curry queixou-se ao árbitro desse encontro de ter sido alegadamente alvo de um insulto com base no seu tom de pele proferido pelo sul-africano Bongi Mbonambi. A World Rugby investigou o caso, mas não tomou qualquer medida por “falta de evidências”.

Os astros alinharam-se em dez minutos para a final das finais: África do Sul consegue reviravolta com Inglaterra e vai discutir título

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Inglaterra, campeã do mundo em 2003, esteve presente apenas uma vez no jogo de atribuição do terceiro e quarto lugar. Nessa ocasião, em 1995, perdeu a medalha de bronze para a França (19-9). A Argentina procurava igualar a melhor participação de sempre num Mundial conseguida em 2007, ano em que terminou em terceiro lugar, vencendo a seleção da casa, a França, por 38-10.

O selecionador argentino, Michael Cheika, mudou três jogadores em relação à meia-final. Tomás Cubelli entrou de início como médio de formação para o lugar de Gonzalo Bertranou. Jerónimo de la Fuente ocupou a vaga de primeiro centro que foi de Santiago Chocobares contra a Nova Zelândia. Ao nível dos avançados, Pedro Rubiolo substituiu Tomas Lavanini. A Inglaterra, comandada por Steve Borthwick, alterou oito elementos do XV inicial com destaque para a mudança completa de toda a primeira linha que passou a ser composta por Ellis Genge, Theo Dan e Will Stuart.

Como não podia deixar de ser, Owen Farrell, num pontapé de penalidade marcou os primeiros pontos com que a Inglaterra começou a impor-se à Argentina. A equipa de Steve Borthwick apostou muito no físico. Os ingleses entraram a limpar os rucks com muita rapidez e a progredirem lentamente e com poucos passes. Ben Earl fez dessa forma o primeiro ensaio após um ataque com muitas fases.

A primeira vez que os argentinos entraram nos 22 metros foi aos 15 minutos, mas, tal como aconteceu nas vezes seguintes, mostrou dificuldades em quebrar a linha defensiva inglesa. Emiliano Boffelli foi então aos postes reduzir o resultado. Los Pumas, mais tranquilos por não terem o marcador a zeros, começaram ser mais dominantes. Graças à versatilidade da sua linha avançada, que quebrou muitos metros em corrida, Tomas Cubelli conseguiu alcançar a zona de validação. Ainda antes do intervalo (10-16), Owen Farrell colocou mais uma pedrinha de gelo nas ambições argentinas e consolidou a vantagem inglesa que não estava de todo assegurada.

O momento do jogo continuou do lado argentino que marcou novo ensaio logo no reinício por Santiago Carreras. A conversão deixou os jogadores de Michael Cheika na frente do resultado, mas por pouco tempo. Depois de ter conseguido ajudar a que Los Pumas ficassem em vantagem, o médio de abertura cometeu um erro ao ver o seu chuto ser intercetado por Theo Dan que devolveu a liderança aos ingleses logo depois. As equipas estavam separadas por apenas três pontos.

À entrada para os dez minutos decisivos, a distância mantinha-se. Os ingleses não podiam errar ou uma penalidade bastava para os argentinos levarem o jogo para prolongamento. No entanto, a penalidade de Nicolás Sánchez aos 68′ foi mesmo a última ocasião em que a Argentina marcou. A Inglaterra sobreviveu e controlou o final do jogo, o que valeu uma subida ao pódio do Mundial (23-26).