O Barcelona entrou no El Clássico com camisolas que, ao centro, apresentavam o símbolo dos Rolling Stones. A edição limitada custava 399€ e celebrava o primeiro álbum de originais em 18 anos da banda. Se a ideia era dar música aos adeptos, correu mal, porque Jude Bellingham tinha outra banda sonora para partilhar: dois golos do médio inglês na segunda parte que completaram a remontada do Real Madrid em casa do Barcelona no El Clássico. Na na na nananana, nannana, hey Jude…

Os dois rivais vivem numa relação crispada. Depois do anúncio de que, à semelhança de outros ex-dirigentes do clube, estava a ser investigado no âmbito do caso Negreira, no qual o Barcelona é acusado de subornar responsáveis da arbitragem, o presidente do Barcelona, Joan Laporta, afirmou que “há uma campanha orquestrada para desestabilizar o Barcelona” e que “há um madridismo sociológico que tem muita força”. As declarações deram início a um momento menos positivos entre os dois emblemas.

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Vinicius Jr. voltou a ser vítima de atos racistas na última partida do Real Madrid na La Liga contra o Sevilha (1-1). No encontro seguinte, os merengues viajaram a Braga e o extremo realizou alguns gestos técnicos que mereceram o comentário de Mikel Camps, porta-voz do conselho de administração do Barcelona. “Não é racismo, ele merece uma repreensão pelas suas palhaçadas.” Na sequência dessas palavras, Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, anunciou que não se ia deslocar ao Estádio Olímpico de Barcelona para assistir a El Clássico ao vivo.

Afastado da quezílias, Xavi Hernández, treinador do Barcelona, teve motivos para satisfação. Lewandowski, Raphinha e Koundé, que vinham sendo ausência por lesão, puderam pelo menos estar no banco de suplentes. No onze inicial, João Félix e João Cancelo mantiveram a presença. “Queremos competir, jogar, desfrutar… é um jogo muito importante. Não vai decidir nada, mas gostamos de jogar esse tipo de jogos”, disse o técnico na antevisão da partida. “Penso que chegamos muito bem. Jogámos muito bem nos últimos dois jogos. Temos de controlar as nossas emoções.”

“É apenas um jogo, mas é importante”, concordou o treinador do Real Madrid, Carlo Ancelotti. “São três pontos, mas conta muito para a dinâmica da equipa. É importante para todos, para a equipa também, mas a temporada é muito longa e ainda é cedo para dizer que este jogo é decisivo, pois há muitas equipas que estão a lutar pelo título, como o Girona e o Atlético, e vai ser um campeonato muito competitiva até ao fim”, continuou o italiano após a vitória sofrida contra o Sp. Braga.

Os merengues prolongaram o mau momento com que saíram do Estádio da Pedreira e começaram o jogo praticamente a perder. Gundogan, médio do Barcelona, tentou combinar com Fermín, mas acabou por beneficiar do pinball que a bola fez nos defesas do Real Madrid. O internacional alemão acabou por ficar na cara de Kepa e inaugurar o marcador aos seis minutos. Apesar do equilíbrio que se verificava, o Barcelona estava a ser mais incisivo no último terço. Fermín acabou por rematar ao poste dez minutos depois. O Real Madrid ganhava outra dimensão quando Vinicius Jr. recebia a bola junto à esquerda. O brasileiro conseguiu inclusivamente que Ferran fosse obrigado a pará-lo com recurso a uma placagem.

O Barcelona foi para o intervalo o ganhar e João Félix ia realizando uma exibição exuberante e com momentos de brilhantismo. O Barça manteve os níveis de perigo elevados. Logo a abrir a segunda parte, Iñigo Martínez cabeceou ao poste e Ronald Araújo foi travado por Kepa. João Cancelo também teve um boa oportunidade para aumentar a vantagem. Se já estava bom, a tendência era ficar melhor quando Lewandowski entrou para o lugar de Ferran Torres, mas não foi o que aconteceu.

Tchouaméni tentou o remate de longe e Ter Stegen teve que voar para afastar o perigo. Jude Bellingham tentou imitar o companheiro, executou o mesmo tipo de remate de fora de área, mas variou o lado e aplicou mais força. Foi o suficiente para o guarda-redes do Barcelona ficar impossibilitado de chegar à bola e o Real Madrid empatar. A personificação de “Hey Jude”, do Beatles deixou os Rolling Stones, presentes no estádio, sem palavras. 

Entretanto, Lamine Yamal tornou-se no mais jovem jogador de sempre a jogar um El Clássico. Perto do final, parecia que se ia cantar “(I Can’t Get No) Satisfaction”, mas Jude Bellingham repetiu a dose, marcando o 13.º golo em 13 jogos e dando a vitória (1-2) ao Real Madrid na compensação. Os merengues continuam na liderança do campeonato com os mesmo 28 pontos que o Girona. O Barcelona de João Félix e João Cancelo corre o risco de ser ultrapassado pelo Atlético de Madrid.