A mais recente ilha do mundo surgiu a 1.200 quilómetros do sul do Japão, no arquipélago Vulcano, no Pacífico ocidental, na sequência de uma série de erupções vulcânicas marítimas. As erupções terão começado a 21 de outubro, no entanto, a responsável pela formação da massa de terra aconteceu a 30 de outubro.

Yuji Usui, analista da divisão vulcânica da Agência Meteorológica do Japão, explica que a ilha, a cerca de um quilómetro da ilha Iwoto, antiga Iwo Jima, famosa pela batalha entre as forças norte-americanas e as japonesas durante a II Guerra Mundial, é composta por um conjunto de cinzas e rochas acumuladas no mar pouco profundo, resultado da erupção de um vulcão submarino.

No entanto, para Usui “a ilha pode não durar muito tempo”, cita a AP. “Temos de ver o desenvolvimento”, assumiu.

A formação pouco estável do pequeno ilhéu põe em causa a sua durabilidade, já que é facilmente levada pelas ondas. Segundo o analista da Agência Meteorológica japonesa, a massa de terra tem hipótese de se manter durante mais tempo se for constituída por lava ou pedra-pomes, mais resistente do que as rochas vulcânicas comuns, mas os especialistas ainda não estão certos da sua composição.

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Fukashi Maeno, professor do Instituto de Investigação de Terramotos da Universidade de Tóquio, confirmou à agência de notícias japonesa Kyodo, que a pequena ilha com cerca de 100 metros de diâmetro é o resultado de erupções freatomagmáticas, que ocorrem na sequência da interação do magma com a água. 

O professor sobrevoou o local durante as erupções. Dos ares, relata, podia ver plumas de fumo que atingiam alturas superiores a 50 metros, enquanto rochas flutuavam no mar que, devido à atividade vulcânica, tinha mudado de cor.

Para Maeno, estes fenómenos “mostram o recomeço da atividade magmática. É esperado que a nova ilha cresça se as erupções continuarem, mas o panorama permanece incerto”. 

Yuji Usui afirma que a atividade vulcânica no local não é surpreendente, uma vez que, dos cerca de 1.500 vulcões ativos no mundo, 111 estão no Japão, situado no “Anel de Fogo” do Pacífico, de acordo com a AP. Ainda no ano passado foram várias as erupções na localização onde surge o novo ilhéu, sendo que a última registada se deu já no verão de 2023.

Em 2013, o cenário foi semelhante: a erupção do vulcão Nishinoshima, na mesma região, deu origem a uma nova ilha. Essa massa de terra continuou a crescer, uma vez que a erupção durou uma década, contudo, Setsuya Nakada, professor emérito do Instituto de Investigação de Terramotos, declarou ao The New York Times que as erupções perto de Iwo Jima, tendencialmente, só duram um mês.

É difícil saber quando vai parar, mas se a erupção continuar, a ilha pode ficar mais alta e maior”, acrescentou Nakada.

James White, professor de geologia na Universidade de Otago, na Nova Zelândia, explica ao jornal norte-americano que a atual erupção parece ter começado no flanco de um vulcão maior e que, em vez de criar uma coluna de erupção estável, está a produzir explosões ligeiras em jatos. “Mesmo como vulcanólogos, é difícil dizer exatamente como é que está a funcionar”, afirma White. 

Erupções vulcânicas submarinas são fenómenos recorrentes e capazes de criar ilhas de grande dimensão. O professor de geologia de Otago recorda que foi assim que surgiram as ilhas que compõem o Havai mas que, no entanto, este é um acontecimento que normalmente não testemunhamos. “Até [as ilhas do arquipélago do Havai] chegarem à superfície da água, não as teríamos visto mesmo que estivéssemos sentados por cima delas numa canoa Polinésia”, declara James White.

Até ao inicio de 2023, acreditava-se que o Japão era composto por quatro ilhas principais e cerca de seis mil pequenas massas de terra, na maioria desabitadas, mas agora a Autoridade de Informação Geoespacial do Japão aponta a existência de 14 125 ilhas, avança o The Guardian.