António Costa Silva é o embaixador do Governo na edição de 2023 da Web Summit. Num evento com participação governamental drasticamente reduzida, devido à crise política, coube ao ministro da Economia abrir o evento, tal como caberá encerrar, na próxima quinta-feira. Entre uma coisa e outra, Costa Silva ainda encaixou na agenda desta terça-feira a participação num painel de discussão sobre os novos modelos para o crescimento tecnológico. Subiu ao palco com o ministro da Economia do Luxemburgo para falar do ecossistema português de startups e de inteligência artificial. Mas teve de responder a uma questão sobre o “elefante na sala”.

Foi com esta expressão que a moderadora do painel, Anna Stewart da CNN Internacional, se dirigiu ao ministro, para tentar saber se o caso de “corrupção” que abala o Governo poderá ter impacto na atração de investimento e causar “instabilidade”. A resposta de Costa Silva não diferiu muito da que deu esta segunda-feira, no mesmo evento, quando questionado sobre a Operação Influencer. As palavras foram quase as mesmas, mas em inglês.

“A atual situação política é muito triste porque o primeiro-ministro foi envolvido na investigação, o nosso primeiro-ministro tem 30 décadas de dedicação à causa pública, nada lhe foi apontado, houve uma suspeita e ele decidiu demitir-se. Portugal tem uma democracia estável, espero que o país encontre forma de preservar essa estabilidade e criar condições para recuperar a economia”, declarou.

“O que aconteceu foi nada”. Costa Silva “triste” por António Costa, diz que nunca falou com Lacerda Machado 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ministro ressalvou que Portugal “está a atrair cada vez mais investimento estrangeiro” e lembrou os últimos dados conhecidos do IDE, segundo os quais Portugal passou do oitavo para o sexto lugar dos principais destinos europeus de investimento direto estrangeiro. Lembrou ainda que o PIB cresceu 6,7% em 2022, naquele que foi o maior crescimento desde 1987. E que vai crescer 2,2% em 2023, “três vezes mais que a média da UE”.

Perante uma plateia constituída maioritariamente por estrangeiros, Costa Silva quis destacar o “dinamismo das exportações” em setores como a indústria de componentes para automóveis, afirmando que “não há hoje um carro no espaço europeu que não tenha um componente fabricado em Portugal”.

E rematou com um desejo: “espero que encontremos um caminho para o futuro”, admitindo ainda que “estamos a discutir com os investidores, para lhes explicar o que se passa“. Para Costa Silva, “o sistema político português é bastante estável e os dois principais partidos, PS e PSD, são partidos pró-europeus”, apesar de terem algumas “diferenças em termos económicos e de desenvolvimento”, mas ambas as alternativas “são boas para a democracia”, pelo que o ainda ministro espera que “este nível de investimento se mantenha” para que o futuro seja “sustentável”.