Na peça “Por que Rachel McAdams nunca se tornou uma estrela de cinema”, a Forbes argumentava, em 2015, que a atriz canadiana foi “refrigerada em melodramas centrados no homem”. Nos primeiros anos de carreira em Hollywood, foi rapidamente arrumada como “a mulher” em elencos maioritariamente masculinos, por faltarem na indústria papéis e filmes relevantes para o sexo feminino. Pelo menos, era esta a hipótese proposta à época pelo autor do texto, Scott Mendelson.
Mas há uma segunda teoria, provavelmente mais acertada — até por vir da boca do próprio lobo. Ao longo dos anos, Rachel McAdams rejeitou várias oportunidades e afastou-se da indústria quando sentiu que “precisava de voltar a ouvir a própria voz”. Ao The Times, explicou em 2013: “Na verdade, nunca quis ser uma grande estrela de cinema. Nunca quis trabalhar fora do Canadá ou fora do teatro.”
Na era de Giras e Terríveis e O Diário da Nossa Paixão, ambos de 2004, atribuíam-lhe o título de “próxima Julia Roberts”. Mas, depois de rejeitar aparecer nua na capa da Vanity Fair, ao lado de Scarlett Johansson e Keira Knightley, voltou para o Canadá para se “recentrar”, como explicou à Bustle em abril deste ano. Entre 2006 e 2008, recusou cinco oportunidades gigantes: em O Diabo Veste Prada, Casino Royale, Missão Impossível III, Iron Man e Get Smart — Olho Vivo. “Há certamente coisas que gostava de ter feito”, admite. “[Mas] dou um passo atrás e penso: ‘Aquela foi a pessoa certa para aquele projeto’.”
Leva uma vida pacata em Los Angeles com o parceiro, o guionista Jamie Linden, e os dois filhos. “Sempre tive a sensação de que ia tudo ficar bem; ou iria funcionar ou não”, disse sobre a carreira na mesma entrevista, acrescentando que os intervalos “me ajudaram a sentir empoderada. Ajudaram-me a sentir que estava a recuperar algum controlo. E acho que isso me permitiu entrar por uma porta diferente.” Faz 45 anos esta sexta-feira, 17 de novembro.
Uma canadiana em Los Angeles
Nasceu em Ontario, no Canadá, a 17 de novembro de 1978. O pai, Lance, trabalhava a fazer mudanças de casas e a mãe, Sandra, era enfermeira. Tem dois irmãos mais novos, Daniel e Kayleen, e recorda uma infância feliz, com jantares em família todas as noites e muito tempo passado na natureza. Aos 4 anos, começou a praticar patinagem artística e entrou em várias competições. Foi o “primeiro amor” no campo das artes mas, quando surgiu a oportunidade de se mudar para Toronto e seguir uma carreira olímpica, recusou-a. Arrumou os patins e nunca mais olhou para trás.
Em criança, lançou-se na representação na companhia de teatro infantil Original Kids Theatre Company e participou em peças no liceu. Estudou teatro e representação na Universidade de York, em Toronto, e estreou-se no ecrã em 2001, com um pequeno papel em The Famous Jett Jackson, série do Disney Channel. Mudou-se para Los Angeles e o primeiro projeto em Hollywood chegou em 2002, com Um Corpo Perfeito (ao lado de Rob Schneider e Anna Faris).
Ficará para sempre no imaginário de uma geração inteira de millennials como a mean girl Regina George de Giras e Terríveis (2004), comédia de culto escrita por Tina Fey. No mesmo ano, foi Allie em O Diário da Nossa Paixão, adaptação do livro de Nicholas Sparks que protagonizou ao lado de Ryan Gosling. Seguiram-se várias outras oportunidades, como Os Fura-Casamentos (2005), antes de fazer o tal intervalo de dois anos.
O regresso foi marcado por vários outros projetos, embora sem o brilho de protagonista, entre eles A Mulher do Viajante no Tempo (2009), Sherlock Holmes (2009 e 2011), Manhãs Gloriosas (2010) e Meia-Noite em Paris (2011), onde contracenou com Michael Sheen, com quem teve uma relação de vários anos. Seguiram-se papéis como o par romântico do herói em Prometo Amar-te (2012), Dá Tempo ao Tempo (2013) e Southpaw (2015). Entrou em oito episódios de True Detective, em 2015, e no franchise Doutor Estranho, em 2016 e 2022. Mais recentemente, foi a mãe de Margaret em Are You There God? It’s Me, Margaret (2023), e interpretou-se a si mesma em três episódios de Dave.
As relações discretas
Embora tenham confessado que “se odiavam” durante a rodagem de O Diário da Nossa Paixão, quando se conheceram, Rachel McAdams e Ryan Gosling acabaram por namorar na vida real depois da estreia do filme, entre 2005 e 2007. Nos MTV Movie Awards de 2005, celebraram o prémio de “Melhor Beijo” com um dramático momento de demonstração pública de afeto em cima do palco. À GQ, o ator disse: “Deus abençoe ‘O Diário da Nossa Paixão’. Apresentou-me um dos grandes amores da minha vida. Mas o público presta-nos um desserviço ao assumir que somos como as pessoas daquele filme. A nossa história de amor é muito mais romântica do que isso.”
Depois de Gosling, McAdams namorou por pouco tempo — embora, por ser tão discreta, as datas sejam incertas — com o também ator Josh Lucas. Em 2009, circularam rumores de que estaria a namorar com Ben Jackson, ex-modelo e assistente pessoal de Jude Law. Em 2010, conheceu Michael Sheen nas gravações de Meia-Noite em Paris, mas não se envolveram até o projeto terminar. Estiveram juntos até 2013.
A última relação pública antes do atual parceiro foi com Patrick Sambrook, em 2014. No mesmo ano, especulou-se de que estaria a namorar com Jake Gyllenhaal, com quem estava a gravar Southpaw, mas ambos rejeitaram os rumores.
McAdams e Jamie Linden estão juntos desde maio de 2016 e têm dois filhos, cujos nomes nunca revelaram publicamente. Em 2018, depois nascer o primeiro filho (seguiu-se uma filha, em 2020), a atriz disse ao The Sunday Times: “É a melhor coisa que já me aconteceu, de longe. Diz-se que a vida deixa de ser nossa, mas eu tinha 39 anos de mim, estava farta de mim, fiquei tão contente por por o foco noutra pessoa. Esperei muito tempo pela maternidade.”
Espreite a fotogaleria para ver algumas imagens de Rachel McAdams ao longo dos anos.