Depois de mais uma vitória sofrida diante do Luton, a paragem para os compromissos das seleções pareceu fazer bem ao Manchester United, que regressou à Premier League com uma das exibições mais consistentes da temporada na vitória por 3-0 em Liverpool frente ao Everton. Mais uma vez, Bruno Fernandes foi um dos principais destaques dos red devils, não só pela influência prática nos melhores momentos da equipa (não marcou mas fez a assistência para Martial) mas também pela decisão de “dar” uma grande penalidade a Marcus Rashford, num gesto explicado depois pelo português como uma forma de o avançado inglês ganhar mais confiança numa temporada que está a ser uma sombra em comparação com 2022/23. Nem assim a liderança do médio enquanto capitão deixou de estar sujeita à crítica, desta vez com novas caras.

“Não sei o que vejo em Bruno Fernandes, uma vez que ele não é um líder pela maneira como joga. Sinto que, neste momento, ele não está a jogar ao seu melhor nível. Enquanto capitão, a minha principal preocupação era, se não estivesse a jogar bem, garantir que as pessoas em meu redor o faziam. Isso demonstra o quão mal estás a jogar. Esse é o teu propósito, enquanto capitão. Tens de olhar em teu redor e garantir que os outros jogadores estão a jogar bem. Olho para o Bruno Fernandes e só se preocupa com ele, e penso que, se não estiver a jogar bem, isso vê-se, pela sua linguagem corporal”, apontou o antigo internacional e capitão do United Paul Ince, ao TalkSPORT, indo ao encontro das críticas ao português de outro ex-líder, Roy Keane.

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“Queremos estar entre os melhores. Sabemos que só a vitória interessa e esse é o nosso foco. Eles são muito fortes em casa mas nós gostamos destes ambientes e deste tipo de desafios. Críticas? Ninguém gosta de ser criticado mas quando jogas no United vais ser posto em causa faças bem ou faças mal. Tenho de lidar. Não estou sempre certo, tento fazer o que acho melhor para o clube. O meu foco está na equipa”, apontou o português, passando ao lado de uma resposta direta a esses comentários colocando-se quase numa posição mais “estadista” na análise ao que é ser capitão dos red devils. Mais uma vez, goste-se ou não, o português mostrou como consegue cumprir essa função. Mais uma vez, goste-se ou não, o português teve influência direta na equipa com um golo e uma assistência. Mais uma vez, goste-se ou não, o problema não foi o médio mas sim a sucessão de erros individuais e coletivos que permitiram aos turcos chegarem ainda ao empate.

O encontro começou com o Manchester United a tentar chegar-se à frente com bola mas com o Galatasaray a responder de pronto com a primeira transição rápida que colocou Ziyech na carreira de tiro na área a ver um remate que levava selo de perigo desviado para canto. No entanto, e entre um ambiente infernal, foram os red devils a conseguirem ser eficazes e a chegarem a uma vantagem confortável em menos de 20 minutos com Bruno Fernandes em destaque: primeiro assistiu Garnacho para novo golo numa jogada onde o papel de Höjlund quase como um pivô de futsal foi importante (11′), depois disparou mais um míssil de meia distância que não deu qualquer hipótese a Muslera (18′) e pelo meio deu um puxão de orelhas ao argentino, pela forma como celebrou a provocar os adeptos turcos incendiando um clima que já estava incendiado.

Se em muitos jogos na presente temporada o principal problema do conjunto inglês passava pelas entradas em falso que obrigavam depois a equipa a correr atrás do prejuízo, agora a equipa de Erik ten Hag não podia ter melhor arranque. Entrava em campo o outro lado do mesmo problema: incapacidade em gerir jogos, com o Galatasaray a não demorar a reabrir aquilo que poderia na teoria estar fechado. Ziyech, na sequência de um livre direto que passou pela mini barreira formada por jogadores da casa, reduziu para 2-1 perto da meia hora de jogo (29′) e Icardi ainda marcou mesmo o empate em cima do intervalo, num lance que seria anulado pelo árbitro assistente e pelo VAR, mas aquilo que mais ficou na retina foi a forma como um estádio que parecia adormecido ganhou vida e empurrou a formação de Istambul para uma nova retoma europeia.

Essa ideia não começou propriamente da melhor forma e, depois de um desvio de Kaan Ayhan que ficou nas malhas laterais após um grande cruzamento de Ziyech, foi o Manchester United que voltou a reforçar a sua vantagem na partida em mais uma jogada de envolvimento pela direita com cruzamento de Wan Bissaka após combinação com Antony para o desvio oportuno de primeira de McTominay (55′). Aquilo que poderia ser um golpe fatal tornou-se quase uma poção para dar forças ao Galatasaray, que reduziram “empurrados” por Onana em mais um livre direto de Ziyech com um erro colossal do guarda-redes (62′) antes do empate por Muhammed Aktürkoglu depois de nova assistência do marroquino (71′). O ambiente estava de loucos, o encontro entrava numa fase de loucos e foram muitas as oportunidades para os dois conjuntos, com Bruno Fernandes a acertar no poste perto dos 90′ e os ingleses a deixarem de depender apenas de si…