É a oficialização de uma crise na esquerda espanhola que se tinha vindo a formar. Fundado por Pablo Iglesias, o Unidas Podemos vai abandonar o grupo parlamentar do Sumar, liderado pela ministra do Trabalho Yolanda Díaz, no Congresso dos Deputados. “É a única via com que nos deixaram para garantir que podemos continuar a fazer política no Parlamento”, disse fonte do Unidas Podemos ao diariored, jornal criado por Pablo Iglesias, informação que também já oficialmente confirmada pelo partido.

Num texto crítico, várias fontes criticam a falta de abertura e a hostilidade do Sumar desde as últimas eleições legislativas de 23 de julho. O Unidas Podemos argumenta que a formação política liderada por Yolanda Díaz “bloqueou” todas as iniciativas — “desde as mais grandes às mais pequenas” — que o partido tentou apresentar e chegou a “apropriar-se de uma lei”. 

“Da parte do Sumar, não vão parar as tentativas de evitar que façamos política”, lamentou fonte do Unidas podemos ao diariored, que atirou contra a aproximação do Sumar ao PSOE: “Nós não vamos às instituições para aquecer as cadeiras. Nós damos o passo que demos para prosseguir a transformação social e foi para isso que nos votaram nestas eleições”.

Contudo, apesar da hostilidade cada vez mais notória desde 23 de julho, a decisão de abandonar o grupo parlamentar apenas foi anunciada esta terça-feira. O porta-voz do Unidas Podemos, Javier Sánchez Serna, referiu começa um nova etapa para o partido. “Vamos trabalhar com total autonomia”, garantiu o responsável partidário, citado pelo El País, assinalando ainda que os cinco deputados eleitos da força partidária vão integrar o grupo parlamentar misto, que congrega outros partidos.

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Isto cria problemas igualmente para Pedro Sánchez. O chefe do governo espanhol passa, assim, a ter de negociar separadamente quer com o Sumar, quer com o Unidas Podemos. Tendo em conta que o governo chefiado pelo secretário-geral socialista conta com o apoio de 179 parlamentares (a maioria é de 176), o Unidas Podemos é essencial para as votações no Congresso dos Deputados.

Ainda na origem da decisão, está o facto de o Sumar não ter alegadamente permitido que o Unidas Podemos interviesse num audição ao ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, sobre a guerra no Médio Oriente. No texto publicado no diariored, o Unidas Podemos descreveu este momento como a “gota que fez transbordar o copo”.

Relativamente à questão na guerra no Médio Oriente, o Unidas Podemos assume-se como a “voz que condena com mais contundência” o que diz ser o “genocídio” que está a acontecer na Faixa de Gaza, apelando que a que Pedro Sánchez “passe das palavras aos atos” e tome medidas a favor da causa palestiniana.

No artigo do diariored, o Unidas Podemos reconheceu que “gostaria de fazer política transformadora ao lado do grupo parlamentar do Sumar”, embora o partido chefiado por Yolanda Díaz tenha “impedido” que isso acontecesse. Agora, o partido está focado em “dedicar todo” o “esforço” a “melhorar a vida das pessoas”: “É para isso que aqui estamos”.