Um ano após as cheias que assolaram a região de Lisboa, os municípios de Odivelas e de Loures, dois dos mais afetados, estão a realizar várias intervenções nas linhas de água, procurando minimizar o impacto de futuras intempéries.
Vários distritos do continente foram afetados por chuvas fortes entre o final de 2022 e o início deste ano, com grandes inundações, estragos em estradas, comércio e habitações, e dezenas de desalojados.
Na região de Lisboa a chuva caiu com maior incidência nos dias 8 e 13 de dezembro, sendo que além da capital, foram afetados com maior gravidade os municípios de Loures, Odivelas e Oeiras, onde se registou uma morte na localidade de Algés.
Um ano após estas cheias, que causaram prejuízos e estragos em várias infraestruturas e equipamentos municipais, os autarcas de Odivelas e de Loures disseram à agência Lusa que estão a levar a cabo trabalhos de limpeza e reabilitação das linhas de água, de forma a prevenir e a minimizar o impacto de futuras intempéries.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins (PS), indicou que o município já investiu 275 mil euros em trabalhos de limpeza e conservação de linhas de água nos locais de maior risco.
O autarca disse ainda que tem mantido reuniões com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para a realização de eventuais intervenções na Ribeira da Póvoa.
“Foram tomadas medidas do ponto de vista do aumento da capacidade de escoamento de águas pluviais, em algumas condutas, isto é, intervenções nas zonas mais afetadas. Em algumas zonas, bem identificadas, procedemos a uma maior manutenção e limpeza das linhas de água”, explicou Hugo Martins.
Em jeito de balanço, o autarca referiu que as cheias provocaram no concelho de Odivelas prejuízos na ordem dos sete milhões de euros, nomeadamente em infraestruturas e equipamentos municipais.
Após o levantamento das necessidades de intervenção, a Câmara de Odivelas apresentou uma candidatura a contratos-programa do Governo para atribuição de apoios financeiros destinados à reparação de danos.
“Foi aprovada uma candidatura da Câmara com um investimento elegível aprovado de 2,9 milhões de euros, sendo o apoio de 40% (1,2 milhões) repartido por dois anos. Nessa candidatura foram consideradas elegíveis 17 intervenções, sendo que dessas 13 já foram adjudicadas, encontrando-se em execução”, apontou.
Relativamente à transferência da verba por parte do Governo, Hugo Martins explicou que só em janeiro é que a autarquia irá fazer o pedido de reembolso respeitante ao ano atual.
No total, a Câmara de Odivelas apoiou 50 famílias (28 mil euros), duas entidades sociais (104 mil euros), 23 empresas (151 mil euros) e sete clubes desportivos (87 mil euros).
No concelho vizinho de Loures, o prejuízo global das cheias do ano passado foi de cerca de 22 milhões de euros, segundo indicou fonte da autarquia, numa resposta escrita enviada à Lusa.
Na sequência da candidatura a fundos estatais, resultou a atribuição de uma verba de 9,5 milhões de euros para fazer face aos prejuízos resultantes da intempérie.
Segundo adiantou a Câmara de Loures, o município já recebeu a comparticipação financeira para o ano de 2023, no montante global de 2,4 milhões de euros.
À semelhança de Odivelas, também em Loures decorrem trabalhos nas linhas de água que visam mitigar os efeitos das intempéries, nomeadamente nas ribeiras da Póvoa e de Loures.
“Contempla uma intervenção em 18 linhas de água, numa extensão de 31,6 quilómetros, com o objetivo de prevenção e gestão de riscos, reduzindo o caudal afluente à zona crítica ou às áreas daquela zona com risco mais elevado”, explica a Câmara de Loures.
A mesma fonte refere ainda que decorre uma empreitada de controlo sustentável de cheias na Ribeira da Póvoa e Rio de Loures, representando um investimento de 5,7 milhões de euros.
Na sequência das cheias, a Câmara de Loures disponibilizou um apoio a 127 famílias (180 mil euros) e a 38 empresas (250 mil euros).
Vários distritos do continente foram afetados por chuvas fortes entre o final de 2022 e o início deste ano, com grandes inundações, estragos em estradas, comércio e habitações, e dezenas de desalojados.
Em Algés, no concelho de Oeiras (distrito de Lisboa), foi registada uma morte.
O último balanço apresentado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) dava conta de prejuízos na ordem dos 185 milhões de euros registados por vários municípios: Amadora, Almada, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Odivelas, Oeiras, Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira.
Segundo a presidente da CCDR-LVT, Teresa Almeida, Mafra não chegou a apresentar prejuízos e o município de Cascais prescindiu posteriormente de pedir os apoios para os estragos relatados, pelo que, sem Cascais, o valor será de 167 milhões de euros.