Por volta das 09:00 (01:00 em Lisboa), a presidente da Liga dos Sociais-Democratas (LSD), Chan Po-ying, e os vice-presidentes Dickson Chow e Yu Wai-pan foram detidos na zona central da ilha de Hong Kong e encontram-se sob custódia policial, embora o motivo da detenção não tenha sido oficialmente divulgado.
O LSD, um dos poucos grupos pró-democracia ainda ativos na região semiautónoma chinesa, tinha anunciado no sábado a intenção de organizar um protesto em frente à assembleia de voto onde o chefe do executivo, John Lee, ia votar.
No entanto, antes que os membros do grupo pudessem chegar perto da secção de voto, foram intercetados pelas forças de segurança.
Um dos membros da LSD Raphael Wong disse à agência de notícias EFE que o advogado do partido ia estar na esquadra da polícia esta tarde.
“Hoje é o Dia dos Direitos Humanos. É razoável protestar contra eleições que não dão às pessoas o pleno direito de escolha”, acrescentou.
“O Governo diz que estas eleições foram ‘melhoradas’. Dizem que são abertas e transparentes. Mas é muito estranho que [Chan, Chow e Yu] tenham sido intercetados e detidos. Quando tentamos mostrar o nosso ponto de vista sobre as eleições, eles são detidos. Porquê?”, questionou Wong.
As eleições para os conselheiro distritais, com início às 08:30 (00:30 de sábado em Lisboa), são as primeiras desde que o Governo da antiga colónia britânica reformou o sistema eleitoral, permitindo apenas a participação de “candidatos patriotas”, ao mesmo tempo que eliminou a maioria dos assentos eleitos diretamente.
Em 2021, a cidade alterou as leis eleitorais para a legislatura, reduzindo drasticamente a capacidade de voto do público e aumentando o número de legisladores pró-Pequim que tomam decisões para a cidade. Após as alterações, a taxa de participação desceu de 58% para 30% nas eleições legislativas desse ano.
Os conselhos distritais, que tratam essencialmente de assuntos municipais, como a organização de projetos de construção e instalações públicas, foram os últimos órgãos políticos importantes escolhidos maioritariamente pelo público.
A reforma bloqueou “de facto” a participação de figuras da oposição ou mesmo de moderados no processo eleitoral, reduzindo em 80% o número de lugares eleitos pelos cidadãos e estabelecendo que todos os candidatos devem obter as nomeações através de três comités constituídos por membros pró-governamentais.
Alguns comentadores sugeriram que a participação ia cair significativamente, em comparação com as eleições de novembro de 2019, que se seguiram a meses de protestos antigovernamentais e resultaram numa vitória esmagadora da oposição pró-democracia, que conquistou 389 dos 452 lugares em disputa.
Às 13:30 (05:30 em Lisboa), a taxa de participação foi de 13,5%, em comparação com 36,8% há quatro anos, à mesma hora.
Os responsáveis governamentais minimizaram a importância da taxa de participação como medida do sucesso da reforma. Ainda assim, Lee e a administração intensificaram os esforços para angariar apoio para as eleições, organizando várias atividades promocionais.
No início deste mês, Lee afirmou que os funcionários públicos têm a responsabilidade de apoiar o Governo na implementação das políticas, instando-os a dar o exemplo e a votar. No domingo de manhã, Lee e a mulher foram votar numa assembleia de voto e descreveram as eleições como a “última peça do puzzle” para implementar o princípio “dos patriotas” na administração da cidade.
“Os conselheiros eleitos servirão os interesses de Hong Kong. Não trairão os interesses de Hong Kong e os interesses do país”, afirmou.