Num mercado europeu em que os monovolumes, ou MPV, perderam peso ou estão de saída, a Lexus decidiu introduzir em Portugal e em todo o mercado europeu o seu topo de gama LM, que afirma estar acima da berlina que comercializa entre nós por cerca de 150 mil euros, o LS. E sendo a Lexus uma marca conservadora, ou não estivesse ela integrada no Grupo Toyota, temos de admitir que os japoneses devem ter ponderado prolongadamente a decisão de entrar num mercado com um tipo de veículo em que poucos fabricantes (ou mesmo nenhum) apostam.
A Lexus surpreendeu ao anunciar pretender iniciar no Velho Continente a comercialização do LM, a segunda geração do luxuoso monovolume da marca que reservou a primeira geração apenas para o Japão e, sobretudo, para a China. E, de acordo com o representante do construtor para o nosso país, Portugal alinhará com o resto da Europa.
Atrair clientes europeus para um monovolume, o tipo de veículo que caiu em desgraça com a introdução dos SUV (de longe o tipo de carroçaria mais popular), está longe de ser uma proposta à prova de bala e a Lexus reconhece o problema, uma vez que o LM é baseado no Toyota Alphard, que já vai na terceira geração, e ambos nunca chegaram à Europa. Mas o mercado para viaturas capazes de servir uma família numerosa, ou cobrir a necessidade de veículos espaçosos para transportar os VIP de hotéis e empresas, é demasiado tentador.
O LM é um modelo de dimensões mais que generosas, com 5,13 m de comprimento, mas com uns impressionantes 1,89 m de largura e 1,94 m de altura, o que o torna mais largo e mais alto do que o actual líder dos furgões de luxo, no caso a Mercedes Classe V (4,89 m de comprimento, 1,88 m de largura e 1,93 m de altura). Mas o grande trunfo do Lexus LM é não se tratar de mais uma versão luxuosa de um veículo comercial, mas sim um automóvel com maior volume interior, com vantagens em refinamento e robustez. E isso nota-se a vários níveis, como por exemplo na ausência da calha existente na lateral da carroçaria, ao longo da qual se desloca a porta de correr.
O Lexus LM vai estar disponível em versão de sete lugares, de vocação mais familiar, bem como na solução mais onerosa com apenas quatro lugares, que na realidade são dois, uma vez que os restantes estão concebidos para ser utilizados pelo chauffeur e seu ajudante. Na versão mais acessível, com bancos para sete numa distribuição 2+2+3, estes últimos são rebatíveis e parecem ter dificuldade em acolher três adultos montando na segunda fila bancos independentes que parecem ter saído da categoria “Executiva” de uma conceituada companhia de aviação. À frente destes existe um ecrã multimédia com 14”, com o sistema Mark Levinson Surround Sound 3D, com 21 altifalantes, a completar o equipamento de série.
A versão mais luxuosa do Lexus LM disponibiliza apenas quatro bancos, com os dois frontais a estarem separados dos restantes por um separador em vidro, que se torna translúcido quando os ocupantes dos bancos posteriores pressionam um botão. Estes dois assentos também parecem ter saído de um avião, mas neste caso de “Primeira”, uma categoria acima da versão anterior, usufruindo de um sistema de massagens para o assento e costas. O habitáculo desta versão recorre a um ecrã de 48” para ajudar a passar o tempo de viagem, enquanto o sistema de som usufrui de mais dois altifalantes, num total de 23.
Para se mover, este Lexus LM, concebido sobre a plataforma GA-K do Grupo Toyota, a mesma que dá origem aos Lexus LS e RX, monta um motor híbrido de apenas quatro cilindros e 2,5 litros, com 190 cv. Esta unidade é ajudada por um motor eléctrico com 182 cv, existindo um segundo motor deste tipo, com 54 cv, alimentado por uma bateria com 1,3 kWh de capacidade. São os motores eléctricos do sistema híbrido que elevam a potência total para 250 cv e reduzem o consumo, além de assegurarem a tracção integral E-Four. Isto permite-lhe alcançar 190 km/h e ir de 0-100 km/h em 8,7 segundos, apesar dos seus 2430 kg.
Mas é provável que a característica mais interessante para muitos dos seus utilizadores, além do luxuoso interior, seja o consumo de apenas 7,1 l/100 km, uma vantagem para as empresas e sobretudo hotéis, mais preocupados com o custo de utilização. O preço será revelado posteriormente, mas a versão mais acessível deverá ficar entre 120 mil euros e os 144 mil do Lexus LS, a berlina topo de gama.