Enquanto o país espera pela auditoria conduzida pela Inspeção Geral das Atividades em Saúde e pelo inquérito do Ministério Público ao caso do alegado favorecimento às gémeas luso-brasileiras, a Assembleia da República dificilmente poderá apurar mais detalhes sobre o caso. Esta quarta-feira, o Partido Socialista chumbou as audições do filho do Presidente da República Nuno Rebelo de Sousa, do ex-secretário de Estado António Lacerda Sales, da ex-ministra da Saúde Marta Temido e dos pais das gémeas luso-brasileiras.
No que diz respeito ao requerimento para a audição de Nuno Rebelo de Sousa, apresentado pela Iniciativa Liberal, registou-se o voto a favor de todas as bancadas, à exceção da do PS, que votou contra, e do PCP, que se absteve. No entanto, bastaria o voto contra dos socialista para inviabilizar o pedido.
A mesma votação verificou-se na apreciação dos pedidos de audição dos ex-governantes Lacerda Sales e Marta Temido, também apresentados pela Iniciativa Liberal.
Já quanto ao pedido de audição dos pais das gémeas luso-brasileiras, apresentado pelo Chega, tanto o PS como a Iniciativa Liberal votaram contra. O PCP absteve-se.
Ao Observador, o deputado do PS Luís Soares, coordenador do partido na Comissão de Saúde, justificou o chumbo das audições. “O Parlamento escrutina apenas o governo”, sublinhou o deputado, sem se querer adiantar em mais explicações. Recorde-se que o PS já tinha chumbado, há cerca de duas semanas, audições a Lacerda e Marta Temido, bem como ao ex-presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria, Daniel Ferro.
Neste âmbito, o único requerimento aprovado, uma vez que tinha caráter potestativo (e, portanto, obrigatório) foi o pedido do Chega para ouvir o presidente do Infarmed, Rui Ivo.