“Dança Primeiro. Pensa Depois”

Bem pode o realizador inglês James Marsh (“A Teoria de Tudo”) desdobrar Samuel Beckett em dois (ambos interpretados por Gabriel Byrne), nesta pobre desculpa de filme biográfico sobre o autor de À Espera de Godot. Apesar de algumas brincadeiras formais como esta, Dança Primeiro. Pensa Depois não passa da habitual cepa torta das fitas sobre escritores, e não acrescenta nada de relevante ou original sobre a obra de Beckett e o seu contributo para a literatura do século XX.  O filme é cerradamente lúgubre e letárgico e Marsh mostra Beckett como um tipo permanentemente triste, depressivo e atormentado, desde a infância até aos últimos anos de vida. Uma estopada bisonha a evitar, sobretudo se se tem alguma estima pelo escritor.

“Anselm — O Som do Tempo”

Wim Wenders recorreu ao 3D (como já havia feito em 2011 no seu filme sobre Pina Bausch, Pina) para rodar este documentário reverente e pormenorizado sobre o seu compatriota Anselm Kiefer, considerado um dos mais importantes artistas contemporâneos vivos, conhecido pela monumentalidade desolada das suas obras, e que o realizador detalha em todas as suas impressionantes dimensões e texturas expressivas, que de algum modo remetem para a Alemanha arrasada pelas bombas do pós-II Guerra Mundial. Wenders salienta ainda a importância de Heidegger e do poeta Paul Celan na obra do artista, e os equívocos que se criaram em redor das referências estéticas de Kiefer ao passado nacional-socialista alemão.

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“Ferrari”

No seu novo filme, escrito pelo falecido Troy Kennedy Martin, Michael Mann segue Enzo Ferrari (Adam Driver) durante algumas semanas do verão do ano de 1957, decisivas para a sua vida familiar, empresarial e desportiva. As relações do comendador com a sua mulher e sócia na empresa, Laura, estão muito tensas, e ele oculta-lhe a relação que tem com Lina Lardi, e o filho que teve desta, a situação financeira da Ferrari é muito delicada e Enzo Ferrari decide arriscar tudo na corrida das Mil Milhas desse ano, para conseguir voltar a vender mais carros e evitar que a companhia vá à falência. Ferrari foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.