Desde que voltou à Primeira Liga para ficar, em 2014/15, que o Boavista não pontuava no Bessa contra o FC Porto. Os axadrezados tiveram de esperar praticamente 10 temporadas consecutivas até voltarem a festejar a conquista de um único ponto contra os dragões, em casa e no dérbi da Invicta, dia que chegou esta sexta-feira e com um empate com golos de Toni Martínez e Bruno Lourenço.

Os problemas não são os milhões ou os tostões. É só a falta de intenções (a crónica do Boavista-FC Porto)

Há 17 anos que o Boavista não conseguia marcar em jogos consecutivos no Bessa contra o FC Porto, já que também marcou na época passada, sendo que os dragões somaram a terceira partida seguida sem vencer fora de casa, o pior registo desde setembro de 2021. Com este empate, a equipa de Sérgio Conceição ficou desde já a cinco pontos da liderança do Sporting, que nesta jornada já goleou o Estoril, e pode ainda ficar a quatro do Benfica e ser igualado pelo Sp. Braga.

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No fim do jogo, ainda no relvado, jogadores e equipa técnica do FC Porto aproximaram-se dos adeptos que foram até ao Bessa. Liderados por Sérgio Conceição e Pepe, ouviram mais assobios do que aplausos e um menos simpático “palhaços, joguem à bola”. Na zona de entrevistas rápidas, de forma habitual, o capitão dos dragões assumiu a responsabilidade de dar a cara pela equipa.

“É uma pena. Fizemos de tudo para ganhar este jogo. Eles fizeram o golo do empate numa falta de concentração da nossa equipa. Temos de estar melhor preparados para não sofrer estes golos, a equipa reagiu ao máximo. Eles fecharam-se lá atrás, procurámos dar muita largura ao jogo e tentar encontrar espaços interiores para depois explorar a linha defensiva deles. Conseguimos, algumas vezes, mas não fomos tão eficazes para sair daqui com uma vitória. Há que continuar a trabalhar. Sabíamos que ia ser um jogo difícil e assim foi”, começou por dizer Pepe.

Mais à frente, o internacional português recordou que era preciso dar “mérito ao Boavista”. “O Boavista também trabalha, tem as suas possibilidades, as suas teorias para poder desmontar aquilo que nós trabalhamos. Acho que o mais importante é que a equipa reagiu bem na segunda parte, tivemos um controlo do jogo absoluto. Como já disse, procurámos dar muita largura, muita profundidade, mas a equipa do Boavista fechou-se bem. Jogou-se pouco, tem sido assim durante a época. Somos uma equipa intensa, uma equipa que quer estar sempre a jogar. O Boavista também tem as suas qualidades, tem jogadores com qualidade, mas a sensação que me dá é de que a partir do minuto 70 jogámos muito pouco futebol. É inadmissível. Só ao minuto 90 é que o árbitro deu cartão amarelo ao guarda-redes do Boavista. Temos de continuar a fazer o nosso trabalho, é tempos de nos unirmos. De nos fecharmos, para poder encarar esta época, que vai ser bastante difícil”, completou Pepe, que ficou muito ligado ao lance do golo do Boavista.

Na flash interview, Sérgio Conceição teve uma abordagem semelhante à partida. “Foi um conjunto de situações. Podemos apontar que, uma vez mais, fomos ineficazes em termos ofensivos. Tivemos algumas ocasiões para acabar a ganhar com golos, porque houve situações mais do que suficientes para ganhar. Dentro do jogo sabíamos que o mais difícil seria fazer golo. Conseguimos e cinco minutos depois sofremos de bola parada. Fomos atrás do resultado, ao longo de todo o segundo tempo, mexemos com o intuito de dar mais à equipa em termos ofensivos, sabendo que alguns jogadores do Boavista não jogavam há algum tempo. Temos de reconhecer que o Boavista organizou-se bem defensivamente, foi agressivo. Houve muitas faltas, na parte final alguns cartões amarelos. Foi um jogo mal conduzido pela equipa de arbitragem, mas não é a isso que podemos atribuir o nosso empate. Temos de olhar para a frente. O Campeonato é longo e temos de perceber que a margem de erro fica cada vez menor, temos de ir atrás”, começou por dizer o treinador dos dragões.

“Foi um jogo constantemente parado, com o banco contrário a ter não sei quantas expulsões. Gostamos de ritmo e intensidade, de provocar o adversário, com jogo por dentro e por fora, com várias situações de finalização. Mas nos últimos 20 minutos jogou-se pouco, é o futebol português. Vão dizer que estou a desculpar-me por isto e por aquilo. Mas parabéns ao Boavista pelo empate, mas tínhamos de fazer mais. É o futebol português, já estou habituado”, acrescentou.

Mais à frente, para além da ideia de que ficou “muito aborrecido” com o golo sofrido de bola parada, Sérgio Conceição respondeu a uma questão sobre a contestação dos adeptos. “Não há nada a dizer. Estou a 100% com os meus jogadores. Os adeptos têm todo o direito, foram incansáveis nos 101 minutos. No final estão insatisfeitos, manifestam-no, o que num clube grande como o nosso é normal. É difícil também para nós, não há ninguém mais insatisfeito do que o grupo de trabalho. Eles apoiam sempre, depois estão insatisfeitos e têm de assobiar e manifestar-se como entendam”, atirou, terminando com um comentário sobre os cinco pontos de desvantagem para a liderança do Sporting.

“Já estivemos a sete e fomos campeões e já tivemos sete pontos de avanço e não fomos. É o futebol. Há uma longa estrada a percorrer. Temos de ter mais união e é como digo sempre: se todos nós formos um bocadinho melhores diariamente, com certeza que vamos estar mais felizes do que hoje”, concluiu.