O sucesso relativo da Seleção Nacional de andebol nos últimos anos trouxe expectativas em relação ao que os Heróis do Mar — nome dado aos jogadores da equipa nacional — podem fazer em cada competição internacional em que entram. Não é que vencer o Europeu que teve início esta quarta-feira seja uma possibilidade e muito menos uma obrigação. Nesta fase, Portugal atravessa uma fase em que luta contra os seus próprios registos a quatro anos de co-organizar esta mesma competição. Em 2020, os jogadores de Paulo Jorge Pereira surpreenderam ao alcançarem o sexto lugar, a melhor posição de sempre num Europeu. Em 2022, o 19.º lugar causou alguma deceção. Por isso, Portugal chega à Alemanha à procura de consistência.
Inserido no grupo F com Grécia, República Checa e Dinamarca, a Seleção Nacional tem os olhos colocados nos dois primeiros lugares e consequente qualificação para a Main Round. De qualquer modo, o selecionador Paulo Jorge Pereira até já olha um pouco além disso. “Gosto de estabelecer metas quase impossíveis. Estabelecer metas normais só para ser muito feliz não vale a pena. Gosto de metas claras e impactantes para todos. O nosso principal objetivo no próximo Europeu é chegar à Main Round. Depois, queremos tentar chegar a uma vaga que nos leve ao torneio pré-olímpico. E aí queremos melhorar o sexto lugar. Passo a passo”, disse.
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Portugal já sabia que não ia poder contar com nomes como Victor Iturriza, André Gomes ou Fábio Magalhães. A dois dias do arranque da prova, Daymaro Salina alargou o lote de indisponíveis sendo rendido por Fábio Silva no lote de 18 convocados. Apesar das ausências relevantes, a equipa das quinas tinha mostrado ser competitiva nos dois jogos que realizou frente à anfitriã do Europeu, a Alemanha, mesmo perdendo os dois encontros (34-33 e 35-31).
Portugal disputa a primeira fase do Europeu em Munique, mas foi em Dusseldorf, num estádio de futebol transformado num pavilhão, que se fez história. 53.586 pessoas assistiram à vitória da Alemanha sobre a Suíça (27-14), fazendo deste o jogo de andebol com mais público de sempre. Simultaneamente, a seleção alemã também igualou o recorde de menos golos sofrido num jogo do Europeu, mostrando as intenções que tem em voltar a conquistar o troféu que levantou em duas ocasiões.
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Perante uma atmosfera um pouco menos fervorosa, Portugal acolhia o primeiro jogo de sempre da Grécia na competição (as outras equipas estreantes são as Ilhas Faroé e a Geórgia). Paulo Jorge Pereira escolheu um sete inicial composto por Diogo Rêma, Miguel Martins, Salvador Salvador, Francisco Costa, Leonel Fernandes, António Areia e Luís Frade. Gilberto Duarte e Alexandre Cavalcanti foram os principais jogadores a vir do banco para defender.
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Os erros no ataque prejudicaram Portugal na fase inicial do jogo. As perdas de bola e a baixa eficácia de remate impediam os Heróis do Mar de se distanciarem. Paulo Jorge Pereira não gostava do que via. Quando o resultado se encontrava em 10-8 a favor da Seleção Nacional, curto para as ambições lusas, o treinador pediu desconto de tempo e disse: “Temos que vir para trás, o resto está tudo bem”, referindo-se à transição defensiva como aspeto a melhorar.
Paulo Jorge Pereira foi ao banco à procura soluções diferentes e lançou Pedro Oliveira. Pouco tempo depois de se ter estreado no encontro, o ponta do FC Porto recebeu uma exclusão de dois minutos. Paradoxalmente, nesse período, Portugal não sofreu qualquer golo, mesmo jogando com a baliza deserta, e marcou quatro. Foi com esta diferença com que o resultado chegou ao intervalo (18-14).
Portugal precisava de estabilizar emocionalmente e fazer os gregos sentirem que não podiam recuperar. No entanto, aos 11 minutos da segunda parte, a Seleção Nacional tinha apenas um golo, marcado por intermédio de Miguel Martins, e a Grécia chegou ao 19-19 num momento de galvanização protagonizado essencialmente pelo central Savvas Savvas e pelo ponta Christos Kederis. Face à desinspiração de Martim Costa e Salvador Salvador, Portugal colocou Joaquim Nazaré e Rui Silva a atacar na primeira linha.
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A partir do desconto de tempo, a equipa lusa estabilizou defensivamente. A prestação de Gustavo Capdeville, que entrou para a baliza na segunda parte e brilhou com oito defesas em 18 remates (44%), e a marcação mais subida à primeira linha grega levou os Heróis do Mar a tornarem a exibição mais convincente nos minutos finais, chegando aos sete golos de diferença (31-24). Segue-se a República Checa, adversário contra o qual os Heróis do Mar podem carimbar a passagem à fase seguinte.
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