“Preparar para a Doença X”. O nome saltou à vista entre as sessões planeadas para este ano durante o Fórum Económico Mundial, evento que arrancou na segunda-feira em Davos e onde se espera uma assistência recorde, com a presença confirmada de 52 chefes de Estado e governo. O mote para o painel parte dos avisos da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esta “Doença X” pode provocar 20 vezes mais mortes do que a pandemia de coronavírus.
“Que novos esforços são necessários para preparar os sistemas de saúde para os múltiplos desafios pela frente?” Esta é a pergunta de partida para a sessão marcada para quarta-feira de manhã e que vai contar com participantes como Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS; Shyam Bishen, do Centre for Health and Healthcare; Roy Jakobs, presidente da Royal Philips; Nisia Trindade Lima, ministra da Saúde do Brasil e Michel Demaré, presidente do conselho da AstraZeneca.
Mas, afinal, o que é a “Doença X”? O termo é usado pela OMS desde 2018 e, segundo a organização, representa “o conhecimento de que uma epidemia internacional grave pode ser provocada por um patogénio atualmente desconhecido, capaz de provocar doenças em humanos”. A expressão é usada entre os cientistas para encorajar o desenvolvimento de medidas a implementar no caso de um eventual surto.
Em 2018, a “Doença X” já constava numa lista publicada pela OMS sobre as doenças que deveriam ter prioridade na Research and Development Blueprint (R&D Blueprint) — uma estratégia global de prontidão para permitir a rápida ativação de mecanismos durante epidemias e cujo objetivo passa por acelerar a disponibilização de testes, vacinas e medicamentos eficazes que possam ser utilizados para salvar vidas e evitar crises em grande escala. A lista atual inclui, para além da “Doença X”, a Covid-19, a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, os vírus ébola e Marburg, a febre de Lassa, as síndromes respiratórias Sars e Mers, a doença de nifa, febre de Rift Valley e Zika.
Quatro anos depois da publicação da lista, em novembro de 2022, a OMS anunciava a criação de um grupo de mais de 300 cientistas para identificar agentes patogénicos que poderiam provocar futuros surtos e pandemias e que pretendia olhar nomeadamente para a “Doença X”.
Na altura, Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, argumentava que o estudo de patógenos e famílias de vírus era “essencial para uma resposta rápida e eficaz a epidemias e pandemias”. “Sem investimentos significativos em R&D antes da pandemia de Covid-19, não teria sido possível desenvolver vacinas seguras e eficazes em tempo recorde”, sublinhou, citado pela organização.