Em 1980, há mais de quatro décadas, Björn Borg e John McEnroe dominavam o mundo do ténis e dividiam entre si a conquista dos quatro Grand Slam. Também em 1980, há mais de quatro décadas, nascia Rohan Bopanna: o indiano que se tornou esta quarta-feira o mais velho de sempre a chegar à liderança do ranking ATP de pares.

Com 43 anos e depois da vitória contra os argentinos Máximo González e Andrés Molteni, ao lado do companheiro Matthew Ebden e nos quartos de final do Open da Austrália, Rohan Bopanna garantiu desde já que vai subir ao primeiro lugar do ranking de pares. O indiano natural de Bangalore é praticamente desconhecido a nível individual, já que nunca chegou ao top 200 do ranking ATP e nunca esteve no quatro principal de um Grand Slam, mas tem construído uma carreira de sucesso nos pares ao longo de 21 anos.

Ao lado de Matthew Ebden, chegou à final do US Open no ano passado e à meia-final de Wimbledon, sendo que tem sido nos pares mistos que tem encontrado maiores alegrias ao conquistar Roland Garros em 2017 e em conjunto com a canadiana Gabriela Dabrowski. Com a vitória desta quarta-feira e a subida à liderança do ranking, superou o registo de Mike Bryan, que esteve no primeiro lugar de pares com 41 anos e 76 dias. A nível individual, o recorde masculino é de Roger Federer, com 36 anos e a possibilidade de ser superado este ano por Novak Djokovic, e o feminino é de Serena Williams, com 35 anos.

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Depois do jogo histórico, Rohan Bopanna assumiu estar a viver “um sonho”. “Era o meu grande sonho, ainda mais porque já jogo este desporto há algumas décadas. Ainda não absorvi totalmente, para ser sincero. Estamos muito orgulhosos, o ténis indiano precisava disto. Não temos assim tantos jogadores a aparecer, mas sinto que estamos a melhorar aos poucos. Isto vai inspirar muita gente, não só no ténis. Fazer isto com mais de 40 anos vai inspirar pessoas por todo o mundo”, explicou o tenista, que é um apaixonado por Wimbledon e pela relva e que tem Stefan Edberg como ídolo.

O indiano destacou a ajuda da fisioterapeuta na longevidade da carreira, garantindo que “já não tem cartilagem nos joelhos”, mas sublinhou que o confinamento durante a pandemia o colocou em contacto com as práticas de meditação mais tradicionais da cultura da Índia. “A pausa durante a Covid-19 ajudou-me, estive quatro meses sentado em casa a pensar no que fazer. Foi aí que descobri o yoga, sempre existiu na Índia mas nunca tinha experimentado. Isso acabou por ter um grande impacto em mim, tornou-me mais calmo dentro do court, ajuda-me a estar mais concentrado e a não sentir pressa. Senti uma mudança”, atirou.