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No jogo da sorte e do azar, venceu quem se lembrou sempre de que as finais são para ganhar (a crónica da final da Taça da Liga)

Este artigo tem mais de 6 meses

Sp. Braga começou a perder, empatou ainda na primeira parte e venceu o Estoril nos penáltis para conquistar a Taça da Liga pela terceira vez e voltar a vencer um título três anos depois (1-1, 5-4).

Os minhotos não conquistavam qualquer troféu desde 2021, quando também venceram a Taça da Liga
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Os minhotos não conquistavam qualquer troféu desde 2021, quando também venceram a Taça da Liga

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Os minhotos não conquistavam qualquer troféu desde 2021, quando também venceram a Taça da Liga

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Dizer que o Sp. Braga-Estoril deste sábado era a final da Taça da Liga que ninguém esperava é injusto. O Sp. Braga-Estoril deste sábado era a final da Taça da Liga que Sp. Braga e Estoril esperavam — e conseguiram. Os minhotos afastaram o Sporting, os estorilistas afastaram o Benfica e em conjunto evitaram o expectável dérbi em Leiria, garantindo desde logo a segunda final de sempre sem qualquer equipa “grande”.

Do lado do Sp. Braga, a equipa de Artur Jorge procurava a conquista da Taça da Liga pela terceira vez. Já eliminados da Taça de Portugal e a 10 pontos da liderança do Sporting no Campeonato, os minhotos olhavam para a competição como a garantia de uma temporada com um troféu para apimentar a corrida pelo apuramento para a Liga dos Campeões.

Ficha de jogo

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Sp. Braga-Estoril, 1-1 (5-4 após grandes penalidades)

Final da Taça da Liga

Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Sp. Braga: Matheus, Víctor Gómez (Serdar, 77′), José Fonte (Joe Mendes, 77′), Paulo Oliveira, Borja, João Moutinho, Vitor Carvalho (Al Musrati, 67′), Álvaro Djaló (Roger, 56′), Rodrigo Zalazar (Pizzi, 67′), Ricardo Horta, Abel Ruiz

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Rony Lopes, Francisco Chissumba, Djibril Soumaré

Treinador: Artur Jorge

Estoril: Dani Figueira, Pedro Álvaro, Bernardo Vital, Mangala, Wagner Pina, Mateus Fernandes, Koba Koindredi (Holsgrove, 59′), Tiago Araújo, Rafik Guitane (Heriberto, 85′), Cassiano (Alejandro Marqués, 59′), João Marques

Suplentes não utilizados: Marcelo Carné, Raúl Parra, Volnei, João Carlos, Jovic, Ndiaye

Treinador: Vasco Seabra

Golos: Cassiano (6′), Ricardo Horta (20′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a José Fonte (5′), a Álvaro Djaló (22′), a Tiago Araújo (37′), a Mateus Fernandes (43′), a Wagner Pina (45+1′), a Rafik Guitane (62′), a Ricardo Horta (64′), a Dani Figueira (83′), a Alejandro Marqués (90+5′)

Do lado do Estoril, a equipa de Vasco Seabra disputava a primeira final em mais de 80 anos e procurava o melhor dia da história do clube. Também já eliminados da Taça de Portugal e apenas um ponto acima da zona de despromoção no Campeonato, os estorilistas olhavam para a competição como a garantia de uma época histórica e um boost de confiança para meses que serão de autêntica sobrevivência.

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Juntos, Sp. Braga e Estoril poderão ter hipotecado (ou adiado) o desejo da Liga Portugal de colocar a Taça da Liga num país estrangeiro, para potenciar a competição e explorá-la comercialmente. Também juntos, Sp. Braga e Estoril deixaram bem claro que é sempre arriscado apostar tudo em futurologia ou resultados que ainda não conhecemos. Afinal, é a imprevisibilidade do que acontece durante os 90 minutos depois do apito inicial que deixa centenas, milhares e milhões apaixonados.

Neste contexto, no Estádio Dr. Magalhães Pessoa de Leiria, Artur Jorge fazia apenas uma alteração face à equipa que eliminou o Sporting na meia-final e trocava Pizzi por Abel Ruiz, sendo que não contava com o lesionado Bruma e apostava em Álvaro Djaló, Ricardo Horta e Zalazar no apoio ao avançado espanhol. Do outro lado, Vasco Seabra trocava Volnei, Rodrigo Gomes e Heriberto por Pedro Álvaro, Tiago Araújo e João Marques, com Cassiano e Guitane a manterem a titularidade no ataque.

O Estoril entrou no jogo praticamente a vencer: José Fonte fez falta sobre Cassiano no interior da grande área do Sp. Braga e Fábio Veríssimo, depois de alertado pelo VAR, assinalou grande penalidade. Na conversão, o mesmo Cassiano bateu Matheus e abriu o marcador (6′). Os minhotos demoraram pouco a reagir, com Abel Ruiz a testar Dani Figueira com um remate na área ainda dentro do quarto de hora inicial (12′), e depressa se percebeu que a equipa de Artur Jorge ia correr atrás do prejuízo.

O Sp. Braga passou a dominar a posse de bola, com João Moutinho a ter muito espaço no meio-campo para gerir a movimentação ofensiva da equipa e o Estoril a demonstrar dificuldades para sair de forma organizada. O conjunto de Vasco Seabra não conseguia explorar a profundidade, com Guitane e Wagner Pina a passarem completamente ao lado do jogo na primeira parte, e os minhotos aproveitavam para empurrar o adversário para perto da própria grande área.

À passagem dos 20 minutos, de forma natural, surgiu o empate. Num lance estudado e a partir de um canto cobrado na esquerda, a bola caiu direitinha à entrada da grande área e Ricardo Horta atirou de primeira e sem qualquer hipótese para Dani Figueira (20′). O Estoril só reagiu com um pontapé de Tiago Araújo que passou ao lado (28′), mas a verdade é que o Sp. Braga também não voltou a criar verdadeiras oportunidades de golo até ao intervalo.

No fim da primeira parte, o Estoril estava a permitir um domínio do Sp. Braga que não permitiu ao Benfica na meia-final, afundando por completo no próprio meio-campo e demonstrando dificuldades na hora de contrariar a dinâmica ofensiva adversária. Do outro lado, o Sp. Braga estava a confirmar a expectável superioridade, mas não tinha capacidade para criar várias ocasiões de golo e parecia sempre algo afastado da baliza estorilista.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos da final da Taça da Liga:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo, mas o Estoril apresentava outra capacidade para pressionar e encurtar espaços no momento da saída do Sp. Braga, beneficiando até dos primeiros momentos de maior perigo da segunda parte com remates desenquadrados de Koindredi (52′) e João Marques (54′). Artur Jorge foi o primeiro a mexer, trocando um desinspirado Álvaro Djaló por Roger, e o jogo foi prosseguindo sem grande intensidade ou aproximações às balizas.

Vasco Seabra fez as primeiras substituições à passagem da hora de jogo, lançando Alejandro Marqués e Holsgrove nos lugares de Cassiano e Koindredi, e foi forçado a trocar Pedro Álvaro por Volnei devido a problemas físicos do central português. À chegada aos últimos 20 minutos, altura em que Artur Jorge colocou Pizzi e Al Musrati em campo, o Sp. Braga continuava a dominar o jogo em abstrato — mas não conseguia fazer praticamente nada com isso, mantendo-se afastado da baliza de Dani Figueira e sem qualquer clarividência.

A melhor oportunidade da segunda parte surgiu já dentro dos últimos 10 minutos, com Pizzi a surgir na área a rematar cruzado e Dani Figueira a evitar o golo com uma grande defesa com os pés (84′). Os derradeiros instantes da final foram sofríveis, sem grande discernimento de parte a parte e muitas dificuldades físicas principalmente do lado dos jogadores do Estoril, e a final da Taça da Liga foi mesmo decidida nas grandes penalidades.

Aí, os cinco escolhidos do Sp. Braga marcaram todos e Tiago Araújo, no quinto penálti do Estoril, atirou por cima: os minhotos venceram os estorilistas nos penáltis e conquistaram a Taça da Liga pela terceira vez, voltando a ganhar um troféu três anos depois. No fim, num autêntico jogo de sorte e de azar, ganhou a equipa que nunca se esqueceu de que as finais não se jogam. Ganham-se.

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