Era uma Assembleia Geral da SAD com um ponto único, para “deliberar sobre a proposta de modificação dos termos e condições da emissão designada por Valores Sporting 2014, alterando as condições de vencimento antecipado por opção do titular dos VMOC Valores Sporting 2014”, mas tinha um total de sete páginas na sua convocatória para explicar todo o contexto da mesma, nomeadamente quem poderia ou não estar presente e o que teriam de fazer os proprietários de VMOC. “Burocracias” à parte, o tema era simples: os leões queriam dar o último passo no processo de recompra dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis agora ao Novo Banco (antes tinham feito isso com o Millennium BCP) e fecharem a reestruturação financeira.

Sporting compra VMOC em falta ao Novo Banco, passa a ter 88% da SAD, reestrutura dívida bancária e admite entrada de acionistas minoritários

“O Sporting informa que adquiriu 51.416.952 de VMOC ao Novo Banco e que após a conversão dos referidos valores aumentará a sua participação no capital social da Sporting SAD para 88%. Este é um marco histórico na vida do clube. Concluiu-se a última etapa que permite acelerar a Nova Era que já se iniciou. A concretização deste objetivo constitui o passo final do caminho que foi definido em 2018, com o propósito de assegurar que o clube seria dono do seu próprio destino. Uma vez assegurado a 4 de março de 2022 o controlo da maioria do capital da SAD, colocou-se hoje, 27 de dezembro de 2023, um ponto final ao Acordo Quadro de Reestruturação Financeira assinado em Novembro de 2014″, tinha anunciado o Sporting em comunicado a 27 de dezembro, depois de enviar para a CMVM os detalhes do acordo com o Novo Banco.

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“Um feito que permite ao Sporting iniciar um novo ciclo na sua notável História. Um ciclo em que o clube possa, de forma constante e inequívoca, estar na disputa da liderança de todas as competições desportivas, de forma sustentável e sustentada, com foco na criação de valor a longo prazo. Um passo que permite arrancar a fase 2.0 do planeamento estratégico, criando as condições para a entrada de uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD, para que exista um reforço da política de investimento, da melhoria da experiência de todos os sócios e da globalização do clube (…) Começámos uma Nova Era, mas mantemos o mesmo ADN, os mesmos valores e crenças de sempre. Começámos uma Nova Era com Esforço, Dedicação e Devoção para atingirmos a Glória”, acrescentou a mesma missiva publicado no site oficial.

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Ao contrário de outras Assembleias Gerais, neste caso a desdobrar-se em mais do que uma por colocar em causa acionistas, detentores de VMOC de 2010 e detentores de VMOC de 2014, a desta terça-feira quase não teve história entre a pouca participação e a aprovação esmagadora com quase 100%, último passo para que exista o aumento do capital social para pouco mais de 200 milhões de euros e consequente passagem da percentagem dos leões para 88%, ponto que fecha a porta da reestruturação financeira e que abre uma janela de oportunidade a que possam entrar na sociedade acionistas minoritários sem perda da maioria.

“A aquisição dos VMOC ao Millenium BCP e ao Novo Banco permite que o Sporting fique totalmente liberto de dívida a bancos e isso é uma bênção por si só, não só porque a dívida à banca é uma dívida que envolve outro tipo de responsabilidade e exigência mas também porque o acordo que existia com os bancos criava muitas limitações de manobra ao Sporting, designadamente relativamente a receitas extraordinárias. A circunstância permitiu retirar dois bancos grandes e relevantes do universo de credores do Sporting. É um facto importante e que dá uma agilidade de gestão que não tinha até agora. É um passo necessário que o Sporting fique com 88% do capital e isso permite ponderar um conjunto de operações estratégicas para o futuro”, comentou Bernardo Ayala, presidente da Mesa da Assembleia Geral da SAD.

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“É evidente que, a partir do momento em que o clube é detentor de 88% do capital social, há um conjunto de coisas que podem ser feitas com mais facilidade. Há uma margem que o clube passou a ter de utilização de todo o seu capital, designadamente na busca de um investidor estratégico, sem que o clube perca o controlo da SAD. Os 88% permitem de facto fazer muita coisa, sem perder o controlo da SAD. Teremos de aguardar para ver quais serão os próximos passos do Conselho de Administração. Abre-se um novo horizonte. Foi um passo absolutamente essencial”, acrescentou após a realização da reunião magna.