Um banco diferente, uma percentagem distinta, o mesmo modelo de financiamento para um desfecho igual: depois de ter garantido os Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) que estavam na posse do Millennium BCP em 2022, o Sporting fechou o acordo que estava há muito a negociar com o Novo Banco e resgatou o terço de VMOC que estava em falta, dando assim mais um passo na reestruturação financeira que tem vindo a desenvolver nos últimos anos. Desta forma, o clube vai passar a deter, de uma forma direta ou indiretamente, um total de 87,994% de capital social da sociedade verde e branca, sendo que o negócio voltou a envolver uma antecipação de receitas do contrato existente entre os leões e a NOS.

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Em paralelo, o Sporting destaca que a operação, que surgiu mais de um ano depois do acordo que tinha sido feito com o Millennium BCP, fecha o plano de reestruturação financeira que estava traçado, o que irá agora permitir que os responsáveis leoninos possam analisar propostas para parcerias estratégias minoritárias através do capital social da SAD, garantindo com isso a possibilidade de reforçar as condições e políticas de investimento. “O foco do Sporting é fechar a reestruturação financeira. Não é o momento para se pensar em vendas de capital”, tinha destacado fonte oficial do clube ao Observador a meio de setembro, perante as notícias que chegavam de Inglaterra e que davam conta de um possível interesse de Todd Boehly, líder do consórcio que comprou o Chelsea, no clube de Alvalade. Agora, esse passo foi de vez fechado.

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“Na presente data o SCP celebrou um contrato de compra e venda com o Novo Banco, S.A. tendo por objeto a aquisição, por transação realizada fora de mercado regulamentado, de: (i) 27.416.952 Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em Ações, emitidos em 17 de janeiro de 2011 pela Sporting SAD, com vencimento em 26 de dezembro de 2026 (os “Valores Sporting 2010”) e (ii) 24.000.000 Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em Ações, emitidos em 16 de dezembro de 2014, pela Sporting SAD, com vencimento em 16 de dezembro de 2026 (os “Valores Sporting 2014”). O Sporting poderá, querendo, exercer o direito de opção de vencimento antecipado dos Valores, nas seguinte datas: (i) nas datas de pagamento de juros, que são, respetivamente, quanto aos “Valores Sporting 2010” os dias 26 de dezembro de cada ano até 2026 e quanto aos “Valores Sporting 2014” os dias 16 de dezembro de cada ano até 2026; e (ii) anualmente, entre os dias 1 e 30 de junho, quanto a todos ou uma parte dos Valores, mediante pedido efetuado, nos referidos períodos, ao intermediário financeiro junto do qual os Valores se encontrem registados”, explicou a SAD do Sporting em comunicado enviado esta quarta-feira à CMVM.

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“O exercício do direito de opção de vencimento antecipado determinará a entrega ao SCP de ações da Sporting SAD correspondentes ao valor nominal dos Valores, as quais, nos termos do Regime Jurídico da Sociedades Desportivas, por serem subscritas pelo clube fundador da Sociedade, serão ações de categoria A. Em resultado da conversão dos Valores, ao SCP passarão a ser imputados os direitos de voto de 177.738.620 ações da Sporting SAD, representativas de uma participação de 87,994% do capital social e dos direitos de voto na Sociedade, dos quais, de forma direta, serão imputados ao SCP os direitos de voto de 152.776.330 ações da Sporting SAD, representativas de uma participação de 75,636% e, de forma indireta, por via do controlo conjuntamente exercido pela Sporting SGPS, os direitos de voto de 24.962.290 ações da Sporting SAD, representativas de uma participação de 12,358%”, completou a esse propósito, mesmo sem falar em valores. No entanto, e tal como tinha acontecido com o Millennium BCP, o custo destes VMOC em particular foi de 15,4 milhões de euros por ter o mesmo corte de 70% do valor inicial por ação.

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“A operação de titularização de créditos denominada ‘Lion Finance no. 1’ da Sagasta Finance – STC, S.A. (adiante Sagasta) foi reembolsada integralmente no dia 22 de dezembro de 2023. Nesse mesmo dia, foi realizada uma nova operação de titularização de créditos denominada ‘Lion Finance no. 2’, colateralizada pelos mesmos créditos da ‘Lion Finance no. 1’ (i.e., créditos resultantes do contrato de cessão de direitos de transmissão televisiva e multimédia, de exploração da publicidade estática e virtual do Estádio José Alvalade, de distribuição do canal Sporting TV e direitos de patrocinador principal, celebrado a 28 de Dezembro de 2015, entre a Sporting SAD, a Sporting Comunicação e Plataformas, S.A. e a NOS Lusomundo Audiovisuais, S.A.), resultando num aumento global líquido de cerca de €50.075.000,00 face à operação ‘Lion Finance no. 1’. O valor global emitido pela Sagasta situa-se atualmente em €113.900.000,00, sendo €95.247.805,00 alocados à Sporting SAD e €18.652.195,00 à Sporting Comunicação e Plataformas, S.A.”, explicou a esse propósito o segundo comunicado enviado pela SAD verde e branca à CMVM.

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“O encaixe líquido desta operação permitiu à Sporting SAD reestruturar a dívida bancária, extinguindo a dívida originalmente pertencente ao Novo Banco, S.A (com capital em dívida de € 35.403.508,62), com exceção das locações financeiras. Em consequência, a Sociedade alterou a sua exposição financeira para apenas a Sagasta, exceto locações financeiras”, acrescentou ainda a mesma missiva.

“O Sporting informa que adquiriu 51.416.952 de VMOC ao Novo Banco e que após a conversão dos referidos valores aumentará a sua participação no capital social da Sporting SAD para 88%. Este é um marco histórico na vida do clube. Concluiu-se a última etapa que permite acelerar a Nova Era que já se iniciou. A concretização deste objetivo constitui o passo final do caminho que foi definido em 2018, com o propósito de assegurar que o clube seria dono do seu próprio destino. Uma vez assegurado a 4 de março de 2022 o controlo da maioria do capital da SAD, colocou-se hoje, 27 de Dezembro de 2023, um ponto final ao Acordo Quadro de Reestruturação Financeira assinado em Novembro de 2014″, destacou depois o Sporting num comunicado oficial colocado no site do clube, onde projeta a ideia de “uma nova era”.

“Jamais alguém que diz a verdade ofende. Se quiserem, posso trocar bandido por corruptor ativo”, aponta Varandas

“Um feito que permite ao Sporting iniciar um novo ciclo na sua notável História. Um ciclo em que o clube possa, de forma constante e inequívoca, estar na disputa da liderança de todas as competições desportivas, de forma sustentável e sustentada, com foco na criação de valor a longo prazo. Um passo que permite arrancar a fase 2.0 do planeamento estratégico, criando as condições para a entrada de uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD, para que exista um reforço da política de investimento, da melhoria da experiência de todos os sócios e da globalização do clube”, prossegue o mesmo texto.

“Obrigado a todos os sócios. Este era um caminho que se antecipava longo, mas que os sócios do Sporting tornaram curto. Obrigado por se manterem fiéis aos valores inabaláveis que nos fundaram, e que guiam a nossa crença de todos os dias sermos melhores, de inspirarmos os outros a serem melhores através do desporto, de liderarmos através do exemplo positivo. Crença essa que liderou a mobilização quando ela foi crítica. Começámos uma Nova Era, mas mantemos o mesmo ADN, os mesmos valores e crenças de sempre. Começámos uma Nova Era com Esforço, Dedicação e Devoção para atingirmos a Glória”, finaliza.