Há uma semana, ninguém se atreveria a contrariar a ideia de que a Red Bull no geral e Max Verstappen em particular partiam como absolutos favoritos a conquistar o tetracampeonato mundial de Fórmula 1. As notícias dos últimos dias, porém, tornaram essa ideia menos absoluta. Até porque ainda é impossível adivinhar tudo o que pode acontecer até ao primeiro Grande Prémio do ano, no início de março, no Bahrain.

Na passada segunda-feira, a própria Red Bull anunciou que Christian Horner, team principal da equipa de Fórmula 1 da marca, tinha sido acusado de “conduta imprópria” e estava a ser alvo de uma investigação interna. “Depois de ter conhecimento de algumas alegações recentes, a empresa avançou com uma investigação independente. Este processo, que já está a decorrer, será conduzido por um advogado especialista externo. A empresa leva estes assuntos de forma extremamente séria e a investigação será concluída assim que possível. Não é apropriado realizar mais comentários nesta altura”, podia ler-se na nota divulgada pela própria empresa austríaca.

Christian Horner, diretor da Red Bull, acusado de “conduta imprópria”. Britânico “nega por completo”

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A equipa de Fórmula 1 não reagiu oficialmente, o conselheiro Helmut Marko também não quis comentar e o próprio Christian Horner limitou-se a dizer que “nega por completo as acusações”, com a Sky Sports a adiantar que o britânico iria permanecer em funções até que a investigação estivesse concluída. Horas depois da primeira notícia, o Bild indicou que as acusações em causa dizem respeito a “fotografias inapropriadas” enviadas a uma funcionária da Red Bull e que Horner foi aconselhado a rescindir contrato unilateralmente e a afastar-se do cargo que ocupa desde 2005 — hipótese que terá recusado.

Ora, sem ser possível antecipar desde já o que vai acontecer com Christian Horner, a verdade é que a eventual saída do team principal da Red Bull pode abrir a porta a uma onda de consequências que colocaria em causa o futuro da equipa. De acordo com Joe Saward, conceituado jornalista que está há muitos anos dentro dos bastidores da Fórmula 1, o contrato do britânico está diretamente ligado ao do diretor técnico Adrian Newey, que também ocupa as funções desde 2005. Ou seja, os contratos de Horner e Newey deixam bem claro que se um sair, o outro também sai.

Adrian Newey tem 65 anos e antes de chegar à Red Bull colaborou com a Williams e a McLaren, tendo entrado pela primeira vez no mundo da Fórmula 1 em 1992. Natural de Essex, o britânico fez parte do grupo de engenheiros da Williams acusado de homicídio involuntário na sequência do acidente que matou Ayrton Senna em 1994, tendo sido totalmente ilibado em 2005. Ao todo, ao longo da carreira, Newey participou diretamente na conquista de 12 Mundiais de construtores com três equipas diferentes, para além de 13 títulos mundiais com sete pilotos diferentes.

De um momento para o outro, a menos de um mês do início da nova temporada, a Red Bull corre o risco de ficar sem team principal e diretor técnico, os dois cérebros que ao longo de quase 20 anos orquestraram a conquista de sete títulos mundiais e a construção de talentos como Sebastian Vettel ou Max Verstappen. Por agora, o calendário dita que o carro para 2024 será apresentado no dia 15 de fevereiro, já na próxima semana.