As estradas cortadas esta quinta-feira de manhã na sequência de um protesto de agricultores em Macedo de Cavaleiros, nomeadamente a autoestrada A4, foram já reabertas e a concentração desmobilizada, referiram fontes da organização.

Os agricultores que protestaram em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança vão reunir-se esta quinta e segunda-feira com a ministra da Agricultura.

Após este anúncio, a organização pediu aos manifestantes que desmobilizem “ordeiramente” e “seguindo as instruções das autoridades”.

“Vamos reunir com ela [referindo-se à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes] hoje (quinta-feira) ao meio-dia na Câmara de Macedo [de Cavaleiros] via online e na segunda-feira à tarde temos reunião [presencial] marcada para as 16h00 também na Câmara de Macedo”, disse Armindo Lopes, da organização deste protesto.

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Dirigindo-se às dezenas de agricultores em protesto, Armindo Lopes anunciou, cerca das 10h15, que o chefe de gabinete de Maria do Céu Antunes tinha entrado em contacto para marcar as reuniões.

“O chefe de gabinete queria que a reunião fosse em Mirandela, mas nós começámos isto em Macedo [de Cavaleiros], por isso vamos terminar em Macedo”, assinalou.

Perante a marcação da reunião, a organização decidiu pela desmobilização do protesto.

“Vamos desmobilizar. Pedimos que todos de forma ordeira desmobilizem. A manifestação correu bem. Viemos sozinhos e conseguimos uma reunião com a ministra“, disse Armindo Lopes.

Em resposta, os agricultores aplaudiram e ouviram-se frases como “a vitória é nossa”.

Dezenas de agricultores cortaram esta quinta-feira a autoestrada A4, entre os nós de Lamas e Amendoeira, nos dois sentidos.

Também o IP2 esteve cortado desde as primeiras horas da manhã com acessos vedados nos dois sentidos.

Protesto de agricultores obriga ao corte do nó de acesso à A4 e IP2 em Macedo de Cavaleiros

Até à reabertura das estradas, as alternativas ao trânsito estavam a ser feitas pelas estradas nacionais, nomeadamente pela EN15, que se encontrava apenas condicionada.

Os agricultores deslocaram tratores e máquinas agrícolas para a via e foi derrubada uma rede de vedação.

Fonte da GNR indicou à agência Lusa que foram já identificadas algumas pessoas.

Este protesto visa exigir à tutela as garantias de que os apoios de 2023 serão pagos este mês e acontece quando, um pouco por toda a Europa, decorrem marchas lentas de agricultores a exigir medidas, nomeadamente o aumento das taxas de importação e a diminuição da burocracia.

Em Portugal, os agricultores do Norte exigem medidas especificas para a região, nomeadamente verbas adequadas a cada território e a implementação de torres antigranizo.

“Queremos que ela [referindo-se à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes] diga por escrito e bem sublinhado que os apoios de 2023 serão pagos até ao final do mês de fevereiro”, disse, ao início da manhã, Luís Reis, também da organização deste protesto.

O produtor de gado rejeitou a possibilidade dos apoios serem pagos “apenas em junho”, uma data que diz constar nos comunicados da tutela.

Também Manuel Batista, agricultor e produtor de pecuária em Mirandela, falou da sobrevivência do setor e dos desafios da região.

“Temos de nos manifestar. Trás-os-Montes tem agricultura e não pode ficar desertificado. E nós estamos cá para isso. Eu tenho idade, os meus filhos estão a estudar lá fora e não querem vir para cá, e isto não pode ser só paisagem. Queremos alguém que olhe para Trás-os-Montes de maneira diferente”, disse.

À Lusa, o agricultor apontou saber de colegas agricultores que “fizeram investimentos a contar com os pagamentos do ano passado e que, sem esse dinheiro, tiveram de recorrer a empréstimos”.

“Tinham pagamentos a fazer em janeiro e não conseguiram. Foram à banca. Ir à banca para um agricultor é asfixiá-lo. O Ministério da Agricultura está a fomentar isto e que se criem falências”, disse Manuel Batista.

Em Bragança, as marchas lentas que marcam a manhã decorrem no nó do IC5 e do IP2 entre Macedo de Cavaleiros e Carrazeda de Ansiães.

A organização estima que estejam concentrados cerca de 300 agricultores, de Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Alfândega da Fé, Vimioso, Bragança, Vinhais, Mogadouro e Valpaços, no distrito de Vila Real em vários pontos de protesto.