A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira a atribuição dos topónimos “Passeio Eunice Muñoz”, “Rua Teresa Tarouca” e “Rua Águeda Sena”, na freguesia de Marvila, e a deslocalização do “Largo Luiz Francisco Rebello” de Santa Maria Maior para o Lumiar.

Em reunião privada do executivo municipal, as propostas sobre atribuição de topónimos foram aprovadas por unanimidade.

O topónimo “Passeio Eunice Muñoz”, que será atribuído a um arruamento pedonal na zona de Braço de Prata, na freguesia de Marvila, pretende homenagear “umas das referências maiores do teatro, da televisão e do cinema nacionais, unanimemente reconhecida como sendo um dos grandes vultos da cultura portuguesa do século XX”.

Natural da Amareleja, concelho de Moura e distrito de Beja, a atriz Eunice Muñoz nasceu em 30 de julho de 1928 e morreu em 15 de abril de 2022, em Carnaxide, concelho de Oeiras e distrito de Lisboa. Estreou-se com 13 anos no palco do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, na peça “Vendaval”, de Virgínia Vitorino, e “a excelência do seu talento levou a que interpretasse 21 peças” nesse teatro e mostrou também o seu talento na televisão e no cinema, em êxitos como “Camões”, filme que lhe valeu o Prémio SNI para melhor atriz de cinema em 1946.

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A “Rua Teresa Tarouca” será atribuída à Rua E1 ao Braço de Prata e pretende reconhecer a fadista Teresa Tarouca, “representante do chamado fado aristocrático” e que se destacou “não apenas pela sua qualidade inegável como intérprete, mas também pelo cuidado meticuloso na escolha dos poetas cujas obras interpretava”.

Teresa Tarouca nasceu em 04 de janeiro de 1942, em Lisboa, no seio de uma família profundamente ligada à música, e morreu em 11 de novembro de 2019. Influenciada por Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha, Teresa Tarouca estreou-se a cantar o fado com 13 anos, nos anos de 1950 foi considerada “menina-prodígio” e em 1973 foi convidada do Festival RTP da Canção, interpretando “Canção verde”, de Pedro Homem de Mello, e “Cai chuva do céu cinzento”, de Fernando Pessoa, tendo com este segundo fado introduzido a poesia de Pessoa no fado que, “até à altura, nunca havia sido cantado”.

A Rua G1 ao Braço de Prata, na freguesia de Marvila, vai passar a chamar-se “Rua Águeda Sena”, perpetuando vivo o nome de “uma multifacetada artista”, que se destacou como bailarina, coreógrafa, atriz e professora, “que se dedicou não apenas à dança e ao teatro, mas também demonstrou interesse pelas artes em geral”.

Nascida em Lisboa, em 16 de junho de 1927, Águeda Sena deixou a sua marca em companhias de renome internacional, tanto nos palcos teatrais como nas telas de cinema, e desempenhou na RTP “papéis significativos em diversos programas de televisão, destacando-se especialmente ao lado de Fernando Lima no programa inaugural dos Estúdios do Lumiar, apresentando o ‘Auto do Vaqueiro'”. A bailarina e coreógrafa morreu em 15 de dezembro de 2019.

Outra das propostas aprovadas pela câmara foi a deslocalização do “Largo Luiz Francisco Rebello”, da freguesia de Santa Maria Maior para a do Lumiar.

Considerado “um notável dramaturgo, ensaísta, crítico e historiador de teatro, ilustre advogado e cidadão de Lisboa, que dedicou a sua vida ao teatro e à dignificação do direito de autor e dos autores”, Luiz Francisco Rebelo deu nome ao “Impasse à Rua Garrett”, na freguesia de Santa Maria Maior, por edital de 10 de novembro de 2016, decisão que a Comissão Municipal de Toponímia reapreciou, em janeiro deste ano, e propôs a deslocalização do topónimo para o impasse entre os lotes 1 e 2 da malha 6 do PUAL – Plano de Urbanização da Alta de Lisboa, no Lumiar. Luiz Francisco Rebelo nasceu em 10 de setembro de 1924, em Lisboa, cidade onde morreu em 8 de dezembro de 2011.

Na reunião privada, a câmara aprovou ainda enviar, submetendo à apreciação e deliberação da assembleia municipal a minuta de Contrato-Programa a celebrar com a empresa Lisboa Ocidental SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, para a concretização do plano de atividades para 2024. Essa proposta foi viabilizada com os votos contra de PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

O executivo municipal viabilizou ainda, com os votos contra de PSD/CDS-PP, uma proposta do BE para saudar o arraial popular contra o racismo e a islamofobia, realizado no passado sábado, e “reafirmar que Lisboa é uma cidade intercultural, onde as pessoas imigrantes são bem-vindas e onde não há lugar a mensagens de ódio, racistas, xenófobas”.

Com o voto de qualidade do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), os votos contra de PSD/CDS-PP e a abstenção do PS, foi rejeitada uma moção do BE para instar o Governo a reconhecer o caráter político dos blocos de Carnaval de rua em Lisboa.

Atualmente, o executivo do concelho, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – os únicos com pelouros atribuídos -, três do PS, dois do PCP, três do CPL, um do Livre e um do BE.